Beatriz Muchagata (CTIS/Fiocruz Brasília)
Conjunto de atividades na COP30 destacou debates sobre justiça climática, saúde única, saberes tradicionais, habitação social e fortalecimento de territórios amazônicos e periféricos
O CoLaboratório de Ciência, Tecnologia, Inovação e Sociedade (CTIS), da Fiocruz Brasília, marcou presença na COP30, realizada em Belém (PA) entre 10 e 21 de novembro. A participação ocorreu por meio do coordenador do CoLaboratório, Wagner Martins, que representou a instituição em uma agenda ampla e estratégica, alinhada aos temas centrais debatidos na conferência.
Ao longo do evento, o CoLaboratório esteve em atividades que dialogam diretamente com sua atuação, incluindo a roda de conversa “Habitação Social e Adaptações Climáticas na Green Zone”, o painel “Um chá para a febre global: a Agricultura Familiar e soluções baseadas na natureza”, no Espaço Embrapa – AgriZone, a oficina “Política Pública Viva: Saúde Única e Bem-Viver nos Territórios”, o seminário “Central de Movimentos Populares debate justiça climática e fortalecimento das periferias” e a roda de diálogo “Justiça Territorial e Climática com Comunidades Tradicionais Quilombolas”, a Cúpula dos Povos e a AgriZone Ecomodular, onde foi apresentada a Estação de Plantas Medicinais em Limoeira do Ajuru.
As temáticas debatidas — justiça climática, território, saúde, saberes tradicionais, adaptação climática, economia popular e protagonismo comunitário — refletem e fortalecem o compromisso do CTIS com a construção de soluções participativas e sustentáveis para promover territórios mais justos, saudáveis e resilientes.
“A COP30 foi um momento histórico em que a sociedade global pode conhecer as condições que a crise climática tem gerado e os risco que a humanidade tem enfrentado devido ao modo capitalista de produção que é altamente dependente da exploração da natureza para geração de mercadorias e lucros” destaca, Wagner Martins, coordenador do CoLaboratório CTIS.
Nesse contexto o Colaboratório CTIS teve a oportunidade da apresentar suas ações comprometidas com o Bem Viver e o desenvolvimento saudável, sustentável e solidário.
Habitação social e adaptação climática na Green Zone
A roda de conversa sobre habitação social reuniu representantes da Caixa, Ministério das Cidades, ONU-Habitat, Fiocruz, Instituto Pólis e CMP para discutir estratégias que garantam moradia digna em territórios vulneráveis. O debate reforçou a importância da participação social e destacou a habitação como determinante da saúde. Na ocasião, foi apresentado o projeto “Reforma Casa Brasil”, voltado à melhoria das condições de vida e promoção da saúde em comunidades vulneráveis.
Bioeconomia e agricultura familiar no Espaço Embrapa – AgriZone
O painel “Um chá para a febre global” abordou o papel da agricultura familiar na produção sustentável e nas respostas à crise climática. Experiências e tecnologias sociais foram apresentadas, com destaque para a Estação de Processamento de Plantas Medicinais, desenvolvida em Limoeiro do Ajuru (PA). O debate reforçou o papel dos saberes tradicionais, da agroecologia e da bioeconomia das plantas medicinais como caminhos para justiça climática e geração de renda.
Saúde Única e bem-viver nos territórios amazônicos
A oficina “Política Pública Viva” reuniu mais de 30 participantes na UFPA para discutir cenários futuros da Amazônia frente às mudanças climáticas. O encontro destacou a necessidade de políticas públicas integradas, valorização de conhecimentos diversos e fortalecimento do cuidado territorial. As discussões apontaram para soluções coletivas que promovam saúde, bem-viver e justiça socioambiental.
Justiça climática e fortalecimento das periferias
O Seminário Nacional da CMP, realizado na COP30 e na Cúpula dos Povos, promoveu debates sobre cidades sustentáveis, governança popular e tecnologias sociais. As discussões reforçaram a centralidade das periferias urbanas e rurais na construção de respostas à crise climática, bem como o papel da abordagem de Saúde Única na integração de políticas públicas nos territórios.
Saberes quilombolas, saúde e justiça territorial
A roda de conversa com comunidades quilombolas reuniu lideranças e representantes governamentais para discutir justiça territorial e os impactos da crise climática nos territórios tradicionais. O debate destacou a importância dos saberes quilombolas na construção de estratégias de cuidado, adaptação e resistência, reforçando a necessidade de integração entre conhecimento tradicional, ciência e políticas públicas.
AgriZone Ecomodular
A Estação de Processamento de Plantas Medicinais e Castanhas de Limoeiro do Ajuru foi apresentada na Agrizone Ecomodular da COP30 como um marco para a sociobioeconomia amazônica. Com tecnologia modular e nômade, a estrutura qualificará o processamento de espécies como andiroba, beneficiando agricultores e extrativistas. O projeto fortalece práticas sustentáveis, geração de renda e integração entre saberes tradicionais e tecnologias sociais.
Cúpula dos Povos
A Cúpula dos Povos Rumo à COP30 entregou uma carta ao presidente da conferência cobrando ações reais por justiça climática, defesa dos territórios e respeito aos saberes ancestrais. O documento denuncia falsas soluções de mercado e reivindica políticas construídas com povos originários, comunidades tradicionais e movimentos sociais.
A participação do CoLaboratório CTIS na COP30 evidencia a relevância de aproximar ciência, políticas públicas e movimentos sociais na construção de soluções para a crise climática. Os debates fortalecem o compromisso da Fiocruz Brasília com a promoção da saúde, da justiça socioambiental e do bem-viver, reafirmando que os territórios populares, indígenas, quilombolas e comunidades tradicionais são protagonistas essenciais na construção de futuros sustentáveis.
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