Fiocruz Brasília articula instituições do DF em projeto de  saúde digital

Nathállia Gameiro 13 de dezembro de 2019


Mariella Oliveira-Costa

 O coordenador de Integração Estratégica da Fiocruz Brasília, Wagner Martins, conduziu na última terça-feira, 10 de dezembro, uma reunião com pesquisadores e representantes e diferentes instituições do Distrito Federal, para tratar das possibilidades de trabalho conjunto em prol do Centro de Ciência e Saúde Digital.

A proposta é criar na região uma plataforma de ciência em saúde digital voltada para a precisão da saúde pública, integrando ações de prevenção, gestão, promoção e cuidado em saúde, baseada em evidências científicas. O Centro vai integrar a cadeia de inovação em torno do processo de transformação digital do sistema de saúde para um DF Saudável e Sustentável proporcionado pela cooperação da integração entre ciência, serviços de saúde, sociedade e empresas. “Estamos articulando diferentes saberes de excelência para que cada um possa atuar no projeto e qualificá-lo”, disse Martins.

O ex-presidente da Fiocruz Carlos Morel, lembrou que o aparecimento de novas epidemias é constante e se as instituições só diagnosticarem o que já se sabem, não se atenderá a necessidade futura da saúde pública brasileira, pois vão surgir epidemias que não se tem ainda. Ele ressaltou o trabalho que a Fiocruz e a Universidade de São Paulo fizeram durante a epidemia de zika, o que mostrou que o país tem uma massa crítica de pesquisadores que podem trabalhar em rede, mas alertou que é urgente a formação de recursos humanos que saibam trabalhar com grandes volumes de dados em saúde, atentos às questões de privacidade de dados e o risco de manipulação de informações sigilosas. “Medicina personalizada, terapia gênica, epidemiologia molecular: tudo isso deve ser previsto nessas propostas de formulários e prontuários eletrônicos, por exemplo, senão não vai acompanhar a necessidade de inovação e atualização constante do SUS”, disse.

O contexto de transformação digital em curso no SUS, favorável à integração das instituições do DF para isso foi apresentado. Mais recentemente, na véspera da Feira de Soluções em Saúde realizada em Fortaleza-CE, em outubro, um encontro com diferentes instituições foi promovido para pensar como a Fiocruz poderia organizar sua rede de saúde digital. Ele trouxe exemplos da Estratégia e-Saúde para o Brasil, que busca aumentar a qualidade e ampliar o acesso à atenção à saúde, qualificando as equipes de saúde, agilizando o atendimento e melhorando o fluxo de informações para tomada de decisão clínica, de vigilância, regulação e promoção à saúde. Ele falou também do DigiSUS, que integrará as informações do prontuário eletrônico, os medicamentos, consultas e exames realizados, dando transparência no uso dos recursos e possibilitando uma fila única de cirurgias.

Especificamente no caso do Distrito Federal, a proposta é informatizar todos os processos de gestão em saúde e implantar a saúde digital, com intensificação do uso de tecnologias da informação na prestação de serviços. A Fiocruz firmou em 2017 parceria com o Governo do Distrito Federal, para cooperação técnico científica que prevê o desenvolvimento e operação de bancos de dados para formulação de estudos de políticas públicas sociais sobre saúde, educação, trabalho e relações de raça e gênero da sociedade.  Há convênio entre a SES –DF e Fiocruz, para qualificação da gestão da informação do SUS no âmbito do DF, com estudos na sala de situação da SES – DF, monitorando os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e seus fatores a partir de cartografia na Cidade Estrutural.

Foi apresentada também a Plataforma de Estudos de Políticas e Programas Sociais, com base na coorte de 100 milhões de pessoas do Cadastro Único, ferramenta que identifica e caracteriza as famílias de baixa renda, base para outras políticas públicas como o Luz para todos, Minha Casa Minha Vida, entre outras. E também a Plataforma desenvolvida pelo CIDACS da Fiocruz, que usa o Cadastro Único como uma coorte de base populacional, para estudos e pesquisas que possam responder questões de gestão e científicas relacionadas com o monitoramento e avaliação dos efeitos dos Programa e políticas sociais do país, sobre a população brasileira.

O pesquisador da UNS-SUS, Luiz Carlos Lobo ressaltou que toda informação inserida em banco de dados e que não gera consequências, perde o sentido. Segundo ele, é fundamental que as instituições busquem formas de que o dado seja retroalimentado para quem gerou esse dado, sejam os serviços de saúde, o mesmo os usuários. A pesquisadora da Fiocruz Brasília Tainá Raiol, lembrou o desafio de se agregar os múltiplos bancos e bases de dados com entradas diferentes e processamentos diferentes.

A diretora da Fiocruz Brasília, Fabiana Damásio, ressaltou que a vontade política já está presente e a instituição tem como uma das suas prioridades o tema da saúde digital.  A assessora da direção da Fiocruz Brasília Celina Roitman, apontou que o projeto já nasce articulado com instituições parceiras e vem sendo gestado por todas elas. Participaram da reunião representantes do Parque Tecnológico do DF (Biotic), Secretaria de Saúde do Distrito Federal, Centro de Desenvolvimento Regional do Distrito Federal e Instituto Hospital de Base.

 

Confira as fotos da reunião, feitas por Sérgio Velho Jr.