Finalizada cartografia social no DF

Fiocruz Brasília 27 de junho de 2022


Heloisa Caixeta

 

Você conhece as necessidades do seu território? Sabe quais são as oportunidades no seu bairro? E o que é preciso melhorar na sua rua? O trabalho da cartografia social tem este intuito: que as comunidades possam descrever um determinado território a fim de desenhar, de forma estratégica e com a ajuda de profissionais, o mapa do lugar que ocupam. Assim, ocorreu no dia 22 de junho a segunda oficina de cartografia social e classificação de risco com representações do Sol Nascente/Pôr do Sol (DF). Esta é mais uma etapa do projeto Rede de Radares para Territórios Saudáveis e Sustentáveis: Sala de Cooperação Social, realizado entre Fiocruz Brasília e Companhia de Planejamento do Distrito Federal (Codeplan).

 

Este encontro foi uma continuação da oficina realizada em maio e a cartografia social foi finalizada com sucesso. Após a atividade, os locais apontados pela comunidade serão incluídos em um mapa on-line, na plataforma Ágora, acessível por todos os integrantes da Sala de Cooperação Social, incluindo os participantes da Fiocruz, Codeplan e Universidade de Brasília (UnB), e as representações sociais do território.

 

A proposta da atividade é mostrar os pontos de vulnerabilidades, ameaças e resiliências do território. Os temas prioritários foram elencados pelos participantes em encontro anterior, e tinham como base os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030. Entre os assuntos discutidos como prioritários para o território estão agricultura, saúde, segurança pública, acesso à água e ao saneamento, cultura e redução da mortalidade infantil. Com adesivos de cada tema colados em um grande mapa impresso, foi possível identificar locais críticos para a realização de intervenções que ajudem a atender às necessidades dos moradores.

 

No início da atividade, Ivanete Silva dos Santos, da organização socioambiental Casa da Natureza, convidou os participantes a fecharem os olhos e lembrarem como era o setor P Norte, em Ceilândia (DF), há 20 anos. Apresentou, então, dois elementos: a pedra e a terra. “Estas pedras representam a água, o rio. Nosso sonho é ver a Lagoinha revitalizada. Já a terra representa a fertilidade. Tudo o que plantamos no Sol Nascente nasce. É uma terra muito produtiva”, afirmou.

 

Em seguida, Edward Maia, do Colaboratório de Ciência, Tecnologia, Inovação e Sociedade da Fiocruz Brasília, fez uma retrospectiva do trabalho e apresentou os próximos passos. “Foi feito o levantamento de indicadores do território Sol Nascente/Pôr do Sol. Agora vamos concluir a cartografia social e a classificação de risco. A terceira etapa será a geração de cenário, para podermos visualizar tudo o que foi discutido. Vamos criar o ambiente on-line da Sala de Cooperação Social, onde incluiremos o mapa de risco, a cartografia digital e todos os dados gerados aqui. A sala vai ser um espaço com pessoas do território que vão fazer o monitoramento dos indicadores. Sabendo o que é mais importante para o território, vamos criar cursos para formação de pesquisadores populares e capacitar pessoas para que a comunidade possa usufruir de tudo o que foi debatido nas oficinas”, pontuou. 

 

Para Edmi Moreira, da organização socioambiental Ecos do Cerrado, um dos participantes da oficina, a importância da cartografia é conhecer a realidade do local e como as pessoas vivem. “Com a cartografia, vamos poder analisar melhor e ajudar mais sabendo os pontos positivos e negativos de cada área, sem erros. Isso ajuda o governo a saber onde investir, onde ele está falhando, onde ele tem que estar”, disse.

 

O projeto

A Rede de Radares para Territórios Saudáveis e Sustentáveis: Sala de Cooperação Social é uma iniciativa da Fiocruz Brasília, por meio do Colaboratório de Ciência, Tecnologia, Inovação e Sociedade (CTIS), e da Codeplan. O projeto faz parte do convênio firmado entre as duas instituições para criar uma rede de inteligência cooperativa no Distrito Federal e fortalecer a governança local das políticas públicas para o desenvolvimento territorial, com foco nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030.

 

Com o projeto, será criada uma Sala de Cooperação Social, “dispositivo” de inteligência cooperativa para monitorar e avaliar as condições de vida em territórios de maior vulnerabilidade social. A Sala vai reunir e disponibilizar informações estruturadas e não estruturadas para orientar a ação coletiva, integrando pesquisa, educação e ações estratégicas na busca de soluções para os problemas relacionados às condições de vida no território. As informações poderão servir de subsídios para a tomada de decisão do poder público, sobretudo em momentos de crise, como no caso da pandemia de Covid-19. A iniciativa segue o modelo do Radar de Territórios, contemplado na Plataforma de Inteligência Cooperativa com Atenção Primária à Saúde (Picaps).