A Fiocruz Brasília tem recebido por e-mail e redes sociais muitas perguntas sobre o novo coronavírus e a doença que ele causa, a Covid-19. É normal que apareçam várias dúvidas e o ideal é esse mesmo: buscar fontes de informação confiáveis! Para esclarecer as questões, em conjunto com a equipe do Núcleo de Epidemiologia e Vigilância em Saúde (NEVS/Fiocruz Brasíia), foram criadas duas estratégias: o podcast “Viralizados”, já disponível nas plataformas Spotify e SoundCloud, e um guia de perguntas e respostas, que você confere a seguir.
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Leu o guia e ouviu o podcast, mas não encontrou a resposta que procurava? Não se preocupe. As duas estratégias estão em permanente atualização e, em breve, teremos mais informações aqui. Inclusive, as respostas poderão ser atualizadas conforme avançam as evidências científicas sobre o assunto. Não deixe de acessar o nosso site e indicá-lo aos amigos e à família.
SINTOMAS E DIAGNÓSTICO
Se uma pessoa teve contato com um colega que está com corona, quanto tempo é necessário para se fazer o teste? Pode ser feito imediatamente ou deve-se esperar alguns dias?
RESPOSTA: Os testes diagnósticos para covid-19 disponíveis atualmente têm como finalidade detectar a presença do vírus (teste PCR) ou a presença de anticorpos que são produzidos a partir da infecção pelo coronavírus (testes sorológicos). Existem também os testes rápidos de antígeno e anticorpos: o primeiro detecta proteína do vírus em amostras coletadas de naso/orofaringe, devendo ser realizado na infecção ativa (fase aguda); o segundo detecta IgM e IgG (fase convalescente) em amostras de sangue total, soro ou plasma. O período ideal para realização do teste depende do início dos sintomas. Para pessoas que tiveram contato com casos suspeitos ou confirmados de covid-19, a recomendação é permanecer em quarentena por 14 dias e ficar alerta para o surgimento de algum sintoma de síndrome gripal. A partir do início dos sintomas e até o 7º dia, os testes recomendados são o molecular (RT-PCR) e o teste rápido de antígeno. A partir do 7º dia após o início dos sintomas, a recomendação é o teste sorológico e o teste rápido de anticorpos.
Para quais pacientes a realização do teste de diagnóstico é indicada? Por quê?
RESPOSTA: Considerando que a fase de transmissão comunitária da Covid-19 é uma realidade no cenário atual, o Ministério da Saúde orienta que os serviços de Atenção Primária em Saúde (APS) e Estratégia de Saúde da Família (ESF) trabalhem com a abordagem sindrômica dos pacientes suspeitos, não exigindo mais a identificação do fator etiológico por meio de exame específico. No entanto, sempre que disponível, o diagnóstico laboratorial deve ser ofertado a todos os pacientes com suspeita de síndrome gripal, caracterizada por, pelo menos, dois dos seguintes sinais e sintomas: febre (mesmo que referida), calafrios, dor de garganta, dor de cabeça, tosse, coriza, distúrbios olfativos ou gustativos. O diagnóstico laboratorial para identificação do vírus SARS-CoV-2 pode ser realizado tanto por testes de biologia molecular, sorologia ou testes rápidos.
Após quanto tempo da infecção as pessoas começam a sentir os sintomas?
RESPOSTA: Os sintomas da infecção podem aparecer entre 1 e 14 dias após a exposição ao vírus. Em geral, esse período é de 5 a 6 dias.
Quais os primeiros sintomas?
RESPOSTA: Os sintomas da covid-19 são bastante parecidos com os da gripe: febre, tosse e dificuldade para respirar. Se você apresentar sintomas como febre, tosse, dor de garganta e coriza, com ou sem falta de ar, procure imediatamente os postos de triagem das Unidades Básicas de Saúde (UBS), as Unidades de Pronto Atendimento (UPAS) ou outras unidades de saúde.
Como são os sintomas respiratórios de quem está com Covid-19?
RESPOSTA: Os sinais e sintomas do novo coronavírus (SARS-CoV-2) são principalmente respiratórios. Ele pode causar infecção do trato respiratório inferior, como as pneumonias. No entanto, ainda são necessários mais estudos e investigações para caracterizar melhor os sinais e sintomas da doença. Para outras informações, acesse o quadro comparativo entre coronavírus, resfriado e gripe.
Como diferenciar uma crise alérgica dos sintomas do coronavírus? Todo infectado que manifesta sintomas terá febre?
RESPOSTA: Os sintomas da Covid-19 são parecidos com os da gripe e, portanto, podem ser confundidos com os de várias outras doenças. Pode ou não haver febre, embora ela seja um sintoma bastante comum. Na alergia respiratória, os sintomas, geralmente, são espirros, tosse, olhos irritados e coriza. O importante é se resguardar. Se apresentar sintomas como febre, tosse, dor de garganta e coriza, com ou sem falta de ar, procure imediatamente os postos de triagem das Unidades Básicas de Saúde (UBS), as Unidades de Pronto Atendimento (UPAS) ou outras unidades de saúde.
Que sinais e sintomas devem ser considerados pelos profissionais de saúde na triagem dos pacientes nas unidades de saúde?
RESPOSTA: Todo paciente com sintomas de síndrome gripal: febre maior ou igual a 38°C (aferida ou referida) mais tosse ou dificuldade respiratória ou dor de garganta.
Como fazer um diagnóstico diferenciado de gripes, resfriados, alergias respiratórias e Covid-19 na Atenção Primária em Saúde? O paciente asmático é um paciente de risco? Como proceder com esses pacientes quando encaminhados para as áreas especiais de atendimento para Covid-19?
RESPOSTA: De acordo com o Protocolo de Manejo Clínico do Coronavírus (Covid-19) na Atenção Primária à Saúde (Versão 7), da Secretaria de Atenção Primária à Saúde (SAPS) do Ministério da Saúde, de abril de 2020, pacientes com sintomas de síndrome gripal (febre, tosse, dor de garganta e dificuldade respiratória) devem seguir um fluxo de atendimento que inclui a avaliação da gravidade do caso e seu diagnóstico diferencial. Gripes e resfriados claramente se enquadram nessa síndrome, que pode ou não ser decorrente de infecção pelo SARS-CoV-2, causador da Covid-19. Quadros agudos de broncoespasmo também são contemplados no fluxo (em função da dificuldade respiratória), assim como casos recorrentes de broncoespasmo, porque fazem parte do diagnóstico diferencial e podem ser desencadeados por viroses respiratórias, inclusive a Covid-19. O ponto levantado de que o paciente asmático é paciente de risco é pertinente, mas, se forem seguidas as orientações do protocolo, o paciente estará em uso de máscara facial e separado para espera em local apropriado, o que o protegerá, dentro do possível, de adquirir infecção pelo SARS-CoV-2 durante o seu atendimento.
A interação do vírus com a região do cérebro responsável pelo controle das funções respiratórias já foi comprovada? O quadro respiratório grave nos pacientes infectados é devido a essa possível interação? Se sim, como ocorre essa interação?
RESPOSTA: As manifestações clínicas da Covid-19 são predominantemente respiratórias; pacientes com sua forma grave apresentam importantes alterações pulmonares visíveis à tomografia de tórax e confirmadas pelos achados de necrópsia. No entanto, demonstrou-se que pacientes com Covid-19 podem desenvolver sintomas neurológicos como dor de cabeça, alteração da consciência e parestesias (sensação de formigamento nas extremidades), além de perda do gosto e do olfato. Invasão do sistema nervoso central já foi observada tanto em humanos como em animais infectados por betacoronavírus, grupo ao qual pertence o SARS-CoV-2, causador da Covid-19. Um desses coronavírus, o SARS-CoV, causador da SARS, pode acometer o tronco cerebral, onde fica o centro respiratório. Por analogia, é possível, em teoria, que haja invasão do tronco cerebral pelo SARS-CoV-2 em pacientes com casos graves de Covid-19. No entanto, esse comprometimento poderia levar a uma insuficiência ventilatória pura, ou seja, que não é causada por acometimento pulmonar. Revisão da literatura publicada em fevereiro de 2021 inclui casos comprovados de Covid-19 com comprometimento do sistema nervoso periférico (síndrome de Guillain-Barré e paralisia diafragmática por comprometimento do nervo frênico) ou do sistema nervoso cerebral (envolvimento do tronco cerebral demonstrado por achados de neuroimagem e de necrópsia), nos quais as alterações neurológicas contribuíram ou podem ter contribuído para a insuficiência respiratória neles observada. Mais informações:
LI, Y-C.; BAI, W-Z.; HASHIKAWA, T. The neuroinvasive potential of SARS-CoV-2 may play a role in the respiratory failure of Covid-19 patients. J Med Virol, 2020; 92(6):552-555. doi: 10.1002/jmv.25728. Epub 2020 Mar 11. Disponível aqui
WU, Y. et al. Nervous system involvement after infection with Covid-19 and other coronaviruses. Brain, Behavior, and Immunity, 2020; 87:18-22. doi: 10.1016/j.bbi.2020.03.031. Epub 2020 Mar 30. Disponível aqui
TAN, B-H. et al. Neurological involvement in the respiratory manifestations of COVID-19 patients. Aging (Albany NY), 2021;13(3):4713-4730. doi: 10.18632/aging.202665. Epub 2021 Feb 14.
Os casos que estão sendo monitorados são considerados suspeitos?
RESPOSTA: Sim. Os casos monitorados, ou seja, em investigação epidemiológica, são aqueles que se enquadram em uma das definições de caso suspeito adotadas pelo Ministério da Saúde.
TRATAMENTO
Existe algum medicamento específico que tenha ação comprovada contra o novo coronavírus?
RESPOSTA: Não. Ainda não existem medicamentos específicos com ação comprovada contra a Covid-19. O tratamento é feito com base nos sintomas individuais de cada paciente, com o objetivo de evitar o agravamento da doença e reduzir o desconforto. O melhor tratamento ainda é a prevenção.
Já foi confirmado que não pode utilizar algum medicamento em casos suspeitos e/ou confirmados de coronavírus?
RESPOSTA: Pesquisadores do mundo todo estão trabalhando em busca de um tratamento para a Covid-19. No entanto, até o momento, não existe nenhum tratamento específico para a doença. Vários medicamentos estão passando por estudos clínicos, mas nenhum mostrou evidência suficiente de que previne ou trata a infecção, até o momento. Segundo a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), alguns medicamentos se mostraram eficazes no apoio ao tratamento de pessoas com a doença em condição grave. Se você apresentar sintomas de síndrome gripal, procure um médico para receber orientações e tratamento de suporte.
Pessoas que usam medicação para doenças pré-existentes, se infectadas pelo novo coronavírus, devem interromper ou modificar seus tratamentos?
RESPOSTA: Não. Especialistas alertam que pessoas com doenças pré-existentes e/ou comorbidades, antes de interromper qualquer medicação ou tratamento, devem consultar um profissional médico.
Como deve ser feito o período de quarentena em casa para quem está com sintomas?
RESPOSTA: Deve ser um período de isolamento domiciliar, evitando contato também com os outros moradores da casa, se houver, especialmente se forem idosos ou pessoas com doenças crônicas. Adotar uso de máscara cirúrgica, não compartilhar objetos, lavar frequentemente as mãos, lavar frequentemente o nariz com soro fisiológico. Em relação à casa, limpar frequentemente as superfícies com água sanitária ou álcool 70%. No quarto usado para o isolamento do paciente, manter as janelas abertas para a circulação do ar e a porta fechada durante todo o isolamento, limpando a maçaneta frequentemente com álcool 70% ou água sanitária. Lembre-se de manter uma distância mínima de um metro entre o paciente e os demais moradores. Todos os moradores da casa ficam em isolamento domiciliar por 14 dias também.
Após quantos dias a pessoa que teve Covid-19 pode retornar à sua rotina?
RESPOSTA: O Ministério da Saúde orienta que qualquer pessoa com Covid-19 deve afastar-se das suas rotinas por, pelo menos, 14 dias – período de isolamento domiciliar. A partir do momento em que for comprovada a cura do paciente, o que pode variar de pessoa para pessoa, tomadas as devidas proporções do distanciamento físico, pode-se retornar às rotinas. O Ministério da Saúde estabelece os critérios clínicos e laboratoriais para autorizar o retorno ao trabalho.
Como o vírus é destruído e a pessoa é efetivamente curada?
RESPOSTA: Como ainda não existe tratamento específico para o novo coronavírus, a eliminação do vírus depende da resposta do sistema imunológico, responsável pela defesa do organismo. Depois da doença aguda, o vírus não persiste no organismo. Há alguns relatos de sintomas que persistem mesmo depois da cura, mas este ainda é um assunto em estudo. O Ministério da Saúde adota os seguintes critérios de cura da doença:
● Casos em isolamento domiciliar: casos confirmados que passaram por 14 dias em isolamento domiciliar, a contar da data de início dos sintomas, e que estão assintomáticos.
● Casos em internação hospitalar: diante da avaliação médica, com melhora da febre e dos sintomas respiratórios, como tosse, espirro e dor de garganta, e resultado negativo no teste diagnóstico laboratorial.
Existe protocolo para as Equipes de Atenção Domiciliar no manejo com os pacientes sintomáticos e que ficarão em casa?
RESPOSTA: Sim, o Ministério da Saúde tem elaborado diversos protocolos de manejo e organização na atenção primária à saúde para resposta à infecção pelo novo coronavírus. Clique aqui para conhecer esses protocolos
Para todo caso grave confirmado de Covid-19, o respirador é um dos meios auxiliares no tratamento?
RESPOSTA: Os respiradores são utilizados para ajudar pacientes que apresentam insuficiência respiratória. Nem todos os casos de Covid-19 hospitalizados irão precisar do uso do respirador, que, em geral, será utilizado nos pacientes com síndrome respiratória aguda grave, hipoxemia ou choque séptico. A indicação é feita individualmente, após avaliação da equipe médica, e depende da resposta de cada indivíduo.
Qual o papel dos profissionais dos Núcleos de Apoio à Saúde da Família (Nasf) no contexto de coronavírus?
RESPOSTA: O SUS, por meio da Atenção Primária em Saúde (APS), tem na Estratégia Saúde da Família (ESF) a principal porta de entrada do sistema de saúde brasileiro. Como ordenadora da rede de atenção à saúde, todos os serviços e os profissionais da APS, incluindo os dos Nasf, têm papel imprescindível neste momento de pandemia pelo novo coronavírus, atuando na identificação, na notificação e no manejo oportuno de casos suspeitos de infecção humana por SARS-CoV-2, de modo a mitigar a transmissão sustentada. Os Nasf podem dar suporte importante às equipes, em especial na orientação sobre condutas, fluxos de atendimento e comunicação com o restante do sistema.
O SUS tem capacidade de resposta à crise do coronavírus?
RESPOSTA: Nenhum sistema de saúde do mundo está preparado para responder de imediato a uma doença com a magnitude e a gravidade da Covid-19. A pandemia pelo novo coronavírus tem sobrecarregado os sistemas de saúde, com superlotação dos leitos, falta de equipamentos e pessoal para atendimento. Apesar disso, o SUS tem na Atenção Primária à Saúde (APS) sua principal estratégia para desafogar os hospitais e unidades de urgência e emergência, já que 80% dos casos de Covid-19 podem ser resolvidos na APS, deixando os hospitais para os casos graves da doença. As ações de vigilância e controle estão incluídas entre as responsabilidades do SUS.
TRANSMISSÃO
O que é pandemia e o que muda com a declaração da OMS?
Esta pergunta foi respondida no podcast “Viralizados”. Confira abaixo ou na plataforma Spotify.
Qual é a forma de transmissão do novo coronavírus?
Esta pergunta foi respondida no podcast “Viralizados”. Confira abaixo ou na plataforma Spotify.
Mesmo sem sintomas aparentes, uma pessoa infectada pelo vírus pode transmiti-lo? O risco de transmissão é maior quando a pessoa apresenta ou não sintomas? Durante quantos dias uma pessoa é capaz de transmitir o vírus?
RESPOSTA: Sim, estudos sugerem que a transmissão pode ocorrer mesmo sem o aparecimento de sinais e sintomas. No entanto, mesmo com essa possibilidade, o potencial de transmissão é comprovadamente maior nos pacientes sintomáticos, sendo que, nesses casos, o período de transmissibilidade do vírus é de, em média, 7 dias após o início dos sintomas.
Já foi confirmada a transmissão oral-fecal?
RESPOSTA: As investigações sobre as formas de transmissão do novo coronavírus ainda estão em andamento, mas a disseminação de pessoa para pessoa, ou seja, a contaminação por gotículas respiratórias (saliva, espirro, tosse) ou o contato direto e indireto (toque, aperto de mão, objetos e superfícies contaminadas) são apontados como as principais formas de transmissão da doença. Embora investigações iniciais sugiram que o vírus possa estar presente nas fezes de pessoas infectadas, até o momento, não houve relatos de transmissão fecal-oral da Covid-19.
Quais os riscos de transmissão nas relações sexuais?
RESPOSTA: Até o momento, não há evidências científicas sobre a transmissão do Sars-CoV-2 pela relação sexual. De modo geral, sabe-se que outros coronavírus não são transmissíveis por vias sexuais. No entanto, o contato íntimo durante a relação sexual (beijos, abraços) favorece a transmissão do vírus se um dos parceiros estiver com a Covid-19, já que o vírus é transmitido pela saliva. Se você já está em um relacionamento, compartilha o mesmo ambiente e ambos não apresentam sintomas, nem tiveram contato com caso suspeito/confirmado, a situação não deve mudar. Vale a pena ressaltar que o novo coronavírus já foi identificado em fezes humanas; portanto, o uso de preservativos durante sexo anal e/ou oral deve ser adotado como prática para reduzir o risco de contaminação. Caso apresentem algum sintoma, o distanciamento físico, de pelo menos 2 metros, deve ser adotado. Clique aqui para mais informações sobre o assunto (em inglês), também disponíveis em português
Existe transmissão do novo coronavírus da mãe para o bebê na gestação, no parto ou na amamentação?
RESPOSTA: Estudos recentes demonstraram infecção por SARS-CoV-2 nas primeiras 12 horas após o nascimento, em recém-nascidos filhos de mães com resultado positivo para Covid-19; no entanto, ainda não há constatação significativa de transmissão vertical (na gestação) do SARS-CoV-2. Como não há evidências de transmissão pelo aleitamento materno, em mães com suspeita ou diagnóstico confirmado de Covid-19, a amamentação deve ser mantida, desde que sejam observadas as medidas de prevenção recomendadas, como lavar as mãos antes de tocar no bebê na hora da mamada, higienizar a superfície do corpo que fica em contato com o bebê, higienizar as mamas e usar máscara facial durante a amamentação. Se for fazer a extração do leite, é importante higienizar adequadamente a bomba e os recipientes também. Os benefícios da amamentação superam quaisquer riscos potenciais de transmissão do vírus pelo leite materno. Clique aqui para mais informações
Qual a extensão do contágio? Por exemplo: com frutas e entrega via delivery, há necessidade de desinfecção das embalagens e alimentos por risco de contágio?
RESPOSTA: A transmissão do coronavírus ocorre por meio de gotículas de saliva; espirro; tosse; catarro; contato pessoal próximo, como toque ou aperto de mão; contato com objetos ou superfícies contaminadas. Para evitar doenças, de modo geral, é fundamental a higienização das frutas e no preparo e acondicionamento dos alimentos. Fundamental também é a boa higienização das mãos antes das refeições.
Se crianças se deslocarem de casa para a casa de avós é arriscado eles pegarem coronavírus?
RESPOSTA: Se, no trajeto, as crianças tiverem contato com uma pessoa doente ou superfície contaminada, elas podem contrair o vírus. Por isso a recomendação de manter distância, evitar contato físico, permanecer em casa, sair somente se necessário, higienizar as mãos com frequência. As crianças podem, depois, transmitir o vírus para os avós, e a doença costuma ser mais grave entre os idosos.
O uso de ventiladores nas salas de atendimento, em geral, é indicado ou prejudicial?
RESPOSTA: Por ser uma doença pouco conhecida, muitos elos da cadeia de transmissão ainda carecem de mais estudos. Apesar de não existir evidência robusta do papel do uso de ventiladores como veículo de espalhamento de infecções respiratórias, o uso desses equipamentos em locais de concentração de pacientes suspeitos pode representar um risco pela dispersão dos microrganismos pelo ar. Atualmente, o Ministério da Saúde normatiza que o acolhimento dos pacientes suspeitos de Covid-19 deve ser realizado em uma área separada ou em uma sala específica, visando ao isolamento respiratório. A sala deve ser mantida com a porta fechada e as janelas abertas.
Qual o tempo de vida do vírus fora do corpo humano? O que se sabe sobre a resistência do vírus?
RESPOSTA: As partículas virais liberadas junto com a saliva podem permanecer flutuando no ar por cerca de 30 minutos. Os vírus que se depositam sobre uma superfície, dependendo das características dessa superfície, podem permanecer viáveis por algumas horas ou até dias. Estudo recente, publicado no New England Journal of Medicine, descobriu que o vírus é viável por até 72 horas em plásticos, 48 horas em aço inoxidável, 24 horas em papelão e quatro horas em cobre. A quantidade de vírus existentes nas superfícies vai diminuindo com o passar das horas, reduzindo o risco de contaminação. O mais importante é evitar tocar em superfícies com as quais muitas pessoas têm contato, o que inclui mesas, bancadas, maçanetas, interruptores, telefones, teclados, torneiras etc. A limpeza das superfícies com desinfetante ou sabão é muito eficaz. Para mais informações, acesse documento da Opas com recomendações para a limpeza e desinfecção em locais públicos
O coronavírus sobrevive na água? Em que condições (qualidade da água, temperatura etc.)? Há conhecimento científico comprovado sobre isso? Qual a referência?
RESPOSTA: Ainda não há evidência de transmissão do novo coronavírus pela água, seja água potável, águas residuais, águas pluviais. É provável que os métodos adotados para o tratamento dessas águas promovam a remoção ou inativação do SARS-CoV2. Apesar disso, para os trabalhadores que atuam nessa área, o uso de equipamentos de proteção individual (EPIs) é recomendado como forma de prevenção. Mais informações no site dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), dos Estados Unidos (em inglês)
Uma pessoa que teve Covid-19 pode pegar de novo?
RESPOSTA: Sim. Atualmente já existem evidências documentadas de reinfecção pelo SARS-CoV-2, bem como de pessoas que foram vacinadas e mesmo assim contraíram a doença novamente. Nos últimos meses, foram documentados casos de reinfecção pelo novo coronavírus em todo o mundo. De acordo com estudos realizados, os casos de reinfecção podem estar associados à ausência de títulos sorológicos de anticorpos neutralizantes, à diminuição dos títulos de anticorpos após a primeira infecção ou a polimorfismos virais para escapar da resposta imune da pessoa ao SARS-CoV-2. Artigo produzido por pesquisadores da Fiocruz, no Rio de Janeiro, comprovaram a reinfecção em pacientes brasileiros.
Uma pessoa infectada pelo SARS-CoV-2 pode transmitir, em média, para mais quantas pessoas?
RESPOSTA: Ainda não existem estudos conclusivos que determinem a velocidade com que o novo coronavírus se espalha entre as pessoas. Atualmente, estima-se que uma pessoa infectada transmite o vírus para mais duas ou três pessoas, em média.
Quais as orientações em relação ao contato com pessoas recém-chegadas de viagens nacionais e internacionais?
RESPOSTA: Como o vírus já está circulando no país, os cuidados aplicam-se a todas as pessoas. A principal orientação é adotar medidas de prevenção. O distanciamento físico deve ser observado. Não beije, abrace ou toque as pessoas que não sejam de convívio muito próximo. Se alguém da casa não estiver em isolamento físico, deve evitar contato físico com os demais, em especial os que têm risco mais alto. Mantenha uma distância mínima de 1,5 m. Quem retorna de viagem internacional de local onde há transmissão intensa deve manter-se em isolamento domiciliar durante, pelo menos, 7 (sete) dias, mesmo que não apresente sintomas. Não esqueça da importância da etiqueta respiratória, higienização frequente das mãos, acessórios e utensílios. Caso o viajante apresente sinais e sintomas de síndrome gripal, o isolamento domiciliar deve ser de 14 dias, no mínimo.
PREVENÇÃO
A máscara feita em casa, de tecidos como tricoline, pode ajudar a evitar o contágio?
RESPOSTA: O Ministério da Saúde revisitou a orientação sobre tipos de máscaras e incorporou nas suas recomendações o uso das máscaras caseiras pela população em geral como medida auxiliar de prevenção à Covid-19. Existem 3 tipos de máscaras: máscaras de proteção de uso não profissional, máscaras cirúrgicas e equipamentos de proteção respiratória (também chamados de respiradores). As máscaras de proteção de uso não profissional são aquelas confeccionadas artesanalmente com tecidos de algodão e tricoline, entre outros, e atuam como barreiras físicas, reduzindo a propagação do vírus e, consequentemente, a exposição e o risco de infecções. Acesse aqui orientações sobre máscaras de uso não profissional. É importante lembrar que apenas o uso da máscara caseira não é suficiente para fornecer o nível seguro de proteção. Outras medidas igualmente relevantes devem ser adotadas, como a higiene das mãos com água e sabão ou preparação alcoólica. As máscaras cirúrgicas continuam sendo de uso para os profissionais de saúde, pacientes suspeitos ou confirmados de Covid-19 e cuidadores desses pacientes. Clique aqui para mais informações
A gente pode usar a máscara que outra pessoa já usou, se estiver lavada?
RESPOSTA: Não. As máscaras são de uso individual; portanto, você não deve emprestar sua máscara, nem usar máscara emprestada de outra pessoa, mesmo que ela esteja higienizada. As máscaras de uso caseiro não devem ser utilizadas por mais de 3 horas e devem ser trocadas após esse período e sempre que estiverem úmidas, com sujeira aparente, danificadas ou se houver dificuldade para respirar. O ideal é que cada pessoa tenha, em média, cinco máscaras para seu uso pessoal.
Qual tipo de máscara é mais eficaz na prevenção da propagação do vírus?
RESPOSTA: O uso de máscara é uma medida adicional de proteção/prevenção do contágio pelo novo coronavírus, mas deve ser acompanhada de outras medidas igualmente relevantes, como a etiqueta respiratória, a higienização das mãos com água e sabão ou álcool a 70% e o distanciamento físico. Além da capacidade de filtragem, a eficácia de uma máscara depende de vários fatores, como a manipulação adequada e o tempo de uso.
Existe a possibilidade das máscaras vindas da China estarem contaminadas?
RESPOSTA: É falsa a notícia que circulou sobre máscaras importadas da China que estariam contaminadas com o novo coronavírus. Especialistas brasileiros afirmam não existir plausibilidade biológica de que o vírus resista nas máscaras durante o processo de fabricação, embalagem e o tempo entre o despacho do material na China e a chegada ao Brasil.
Qual a diferença, no impacto na contenção da pandemia, entre o isolamento total e o isolamento vertical? O que mostram as evidências de outros países?
RESPOSTA: O que chamam de isolamento vertical é uma abstração; aposta na possibilidade de que pessoas mais vulneráveis sejam protegidas, enquanto outras trabalham normalmente. Entretanto, a sociedade não se divide assim, pois, se o vírus circular muito, atingirá todo mundo. A experiência recente tem mostrado que o isolamento rigoroso pode diminuir o alcance da epidemia. Algumas experiências que combinaram testagem em grande quantidade com isolamento dirigido também tiveram sucesso por algum tempo. Neste momento, no Brasil, a única possibilidade de reduzir o impacto da epidemia é com isolamento rigoroso.
Como fazer isolamento em espaços reduzidos, onde, por exemplo, todos dormem no mesmo ambiente?
RESPOSTA: Nessas situações, é importante intensificar medidas que evitam a disseminação do vírus e a contaminação de outras pessoas, como o uso constante de máscaras por todos os moradores, a lavagem frequente das mãos com água e sabão, o não compartilhamento de objetos pessoais (roupas, pratos, copos, talheres etc.) e a limpeza diária do ambiente, em especial de superfícies e objetos que são frequentemente tocados pelas mãos (celulares, chaves, mesas, cadeiras, maçanetas, interruptores, pias etc.). A limpeza e higienização podem ser feitas com produtos à base de cloro (água sanitária). Manter um ambiente limpo e seco irá ajudar a reduzir a persistência do coronavírus nas superfícies
Situações de emergência, como a atual, justificam pular etapas e liberar vacinas e medicamentos para uso mais rapidamente? Quais as consequências?
RESPOSTA: Em situações de emergência, as vacinas e medicamentos relacionados a ela devem ter prioridade tanto no financiamento e desenvolvimento de pesquisas, como nos processos de produção e regulação. Eventualmente, alguns procedimentos podem ser abreviados ou simplificados, desde que não se comprometam as etapas necessárias para avaliação de riscos e de eficácia dos produtos. Também nessas ocasiões, caso não haja ameaça à segurança das pessoas, os protocolos de pesquisa podem ser desenhados de forma a facilitar o acesso a medicamentos para quem mais precisa.
Quais as recomendações para quem precisar viajar neste momento?
RESPOSTA: Neste momento, em virtude da pandemia pelo novo coronavírus, as viagens nacionais e internacionais estão restritas ou suspensas. Diversos estados e países estão adotando como medida de prevenção a quarentena, com restrição da entrada de viajantes vindos de locais com circulação ativa do SARS-CoV-2. No Brasil, a Anvisa está exigindo dos viajantes vindos do exterior o preenchimento da Declaração de Saúde do Viajante (DSV) e a apresentação de teste negativo para Covid-19. A orientação geral é que se fique em casa! Mas, se mesmo assim você precisar viajar, siga as orientações disponíveis no Portal Consular do Ministério das Relações Exteriores e no documento da Anvisa.
É recomendado que idosos tomem a vacina da gripe agora? Existe alguma contraindicação?
RESPOSTA: Sim. Mesmo não tendo efeito contra a Covid-19, o Ministério da Saúde recomenda que todos os idosos tomem a vacina contra gripe. Não há contraindicação e a vacina irá proteger os idosos desta outra infecção respiratória (gripe), que também pode ser grave.
Vitamina C ou outras substâncias ajudam a prevenir a Covid-19?
RESPOSTA: Não. Não existe vitamina, terapia alternativa ou remédio licenciado capaz de evitar o contágio ou tratar a doença.
Atividade física é fator de proteção contra o coronavírus? É recomendada a prática de exercícios físicos ao ar livre neste momento?
RESPOSTA: Embora atividade física seja uma prática saudável, ela não melhorará a proteção contra o vírus. De acordo com a OMS, atividade física inclui participação em esportes, ciclismo, caminhada e todas as atividades que você faz no trabalho e em casa. Não precisa ser exercício ou esporte: brincar, dançar e mesmo limpar a casa ou carregar compras também são formas de manter-se fisicamente ativo. Se você optar por realizar uma atividade em lugares públicos, o mais importante é manter o distanciamento físico de outras pessoas, não se aproximar de aglomerações e manter as práticas de higiene, com destaque para a higienização das mãos. Lave as mãos com água e sabão antes de sair, ao chegar ao lugar e ao chegar em casa. E não esqueça a máscara e o álcool a 70%!
Faço parte do grupo que não poderá ficar em casa. Como devo me portar no atendimento ao cidadão?
RESPOSTA: Manter distância mínima de 1 metro se ambos estiverem usando máscaras; do contrário, essa distância deve ser de, no mínimo, 1,5 metro. Evite contato físico, não compartilhe objetos, higienize com frequência mesas, balcões etc., lave as mãos frequentemente com água e sabão ou as higienize com preparação alcoólica.
Quais os procedimentos de higienização de roupas e calçados após a utilização em ambientes externos?
RESPOSTA: É importante analisar sobre quais ambientes externos estamos falando. Se o ambiente externo for um hospital, o rigor deverá ser maior do que se for um escritório, por exemplo. Mas, de modo geral, ao chegar da rua, o ideal é que a pessoa se dirija ao banheiro, tire a roupa e tome um banho. A roupa usada deve ser lavada com água e sabão, e quem manipula a roupa suja deve estar atento também. Não deve tocar na roupa suja e colocar as mãos no rosto, por exemplo. Igualmente, deve-se evitar andar com os calçados sujos da rua dentro de casa.
Costumo andar descalço em casa. Devo mudar esse hábito?
RESPOSTA: O ideal é não andar com os calçados sujos da rua dentro de casa.
Limpar a casa com água sanitária, misturada com água e algum detergente e desinfetante, mata o vírus?
RESPOSTA: O uso de um produto de limpeza é suficiente. Cuidado com a mistura de vários produtos diferentes, pois podem ocorrer reações químicas e liberação de substâncias tóxicas. Para mais informações sobre produtos usados na limpeza e conservação de ambientes, acesse a cartilha da Anvisa.
A limpeza de objetos como fechaduras, molho de chaves e outros aparelhos pode ser feita com a solução água sanitária, água e detergente? Ou pode ser feito apenas com álcool 70%?
RESPOSTA: A limpeza de objetos pode ser feita com água e sabão, álcool ou outro produto de limpeza.
Aparelho celular, tablet, teclado do computador podem ser higienizados apenas com álcool 70% ou o álcool isopropílico mata o vírus também?
RESPOSTA: O álcool isopropílico tem menos risco de oxidar as peças de aparelhos eletrônicos. Entretanto, ele provoca maior secura da pele, é mais tóxico e tem menor atividade contra vírus. Para mais informações, acesse nota do Conselho Federal de Química.
Existem muitos tipos de álcool. Todos eles são indicados para a prevenção ao novo coronavírus? Receitas caseiras de álcool gel são seguras?
RESPOSTA: Não, diversas pesquisas apontam que a melhor eficácia do álcool etílico contra microrganismos patogênicos, a exemplo do SARS-CoV-2, é a encontrada nas soluções alcoólicas a 70%. É desaconselhável a produção de álcool gel em casa, tanto pelos riscos associados à manipulação do líquido inflamável, como pela impossibilidade de garantir a qualidade do produto. Mais informações na nota do Conselho Federal de Química
Quando não se tem álcool em gel, o que usar para higienizar as mãos na rua?
RESPOSTA: O uso do álcool em gel é recomendado quando não for possível a lavagem das mãos. Lavar as mãos com água e sabão é uma das formas mais eficientes de se proteger da contaminação pelo novo coronavírus. Na rua, você pode buscar locais que disponibilizem água corrente e sabão: higienize as mãos por, pelo menos, 20 segundos e evite ao máximo tocar superfícies e objetos que são frequentemente tocados por muitas pessoas. Se possível, fique em casa!
Que Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) devem ser utilizados pelos profissionais da saúde?
RESPOSTA: O tipo de EPI depende da atividade desenvolvida; no entanto, para a maioria dos profissionais, recomenda-se o uso de máscara cirúrgica, luvas, óculos ou protetor facial, aventais descartáveis e gorro (para procedimentos que geram aerossóis), assim como a utilização de calçado fechado durante o expediente. Nos procedimentos geradores de aerossóis (como intubação ou aspiração traqueal, ventilação mecânica invasiva e não invasiva, ressuscitação cardiopulmonar, ventilação manual antes da intubação e coletas de amostras nasotraqueais), os profissionais de saúde deverão utilizar máscaras N95, FFP2 ou equivalentes.
Quais as orientações para dentistas e consultas odontológicas?
RESPOSTAS: Os profissionais da assistência odontológica encontram-se entre as categorias profissionais da saúde que apresentam um elevado risco de contaminação e disseminação do SARS-CoV-2, em virtude da produção de aerossóis durante os procedimentos odontológicos. Os profissionais devem avaliar criteriosamente, caso a caso, a necessidade de realizar o procedimento. Se não for urgente, adie. Se não puder ser adiado, mantenha rigorosa rotina de biossegurança a fim de reduzir o risco de contaminação: higienizar as mãos com água e sabonete líquido ou preparação alcoólica (70%), seguindo os 5 momentos; e usar gorro, óculos de proteção ou protetor facial (preferencialmente o protetor facial), avental impermeável, luvas de procedimento, e máscaras N95 (PFF2) ou equivalente. Clique aqui para mais informações
Como os Agentes Comunitários de Saúde devem se proteger?
RESPOSTA: Devem utilizar máscara cirúrgica e manter distanciamento físico de 2 metros durante a recepção dos usuários na unidade; higienizar frequentemente as mãos com água e sabonete ou com álcool 70%, seguindo os 5 momentos. Ao realizar visitas domiciliares, recomenda-se que essas visitas ocorram em ambientes externos à casa. Deve-se também suspender as atividades em grupo, a fim de evitar a transmissão local.
Qual a orientação para os profissionais da saúde quando retornam a seus domicílios?
RESPOSTA: Não apenas os profissionais de saúde, mas qualquer pessoa deve adotar cuidados essenciais ao voltar para casa, como medida para evitar a disseminação do novo coronavírus. Entre esses cuidados podemos citar: não entrar calçado na residência (o ideal é deixar os sapatos do lado de fora); ao entrar, evitar tocar em qualquer objeto e ir direto para o banheiro ou outra área, como a lavanderia, onde é possível retirar a roupa e imediatamente colocá-la para lavar (nessa etapa de retirada da roupa suja, deve haver o mínimo de agitação e manuseio possível); em seguida, tomar banho e higienizar acessórios, como bolsas, chaves e locais que tenham sido tocados (por exemplo, as maçanetas).
Quais as estratégias para que a informação alcance a maior parte da população brasileira?
RESPOSTA: É fundamental utilizar diferentes estratégias de informação e comunicação, articuladas com a educação. É importante diversificar as linguagens e os canais de veiculação, de modo a atingir os diferentes segmentos de públicos. Sabemos que hoje as mídias sociais e os aplicativos de conversa no celular são muito eficientes para a disseminação de informações, mas não se pode esquecer que boa parte da população ainda não tem acesso à internet, de modo que investir na comunicação por tv, rádio, cartazes etc. também é importante, assim como mapear e investir na formação de multiplicadores das informações (professores, profissionais da saúde, lideranças comunitárias, representantes de movimentos sociais etc.). Outros pontos que merecem destaque são o enfrentamento das fake news e o fortalecimento de uma comunicação cada vez mais baseada no diálogo, na qual indivíduos e grupos não só recebem informações, como também são ouvidos, trazendo suas demandas e contribuições ao debate.
Fechar estabelecimentos é necessário?
RESPOSTA: Sim. A implantação das medidas preventivas não farmacológicas, como o distanciamento social, tem sido apontada como eficaz e de grande impacto na redução da transmissão do SARS-CoV-2. Nesse sentido, o fechamento de estabelecimentos de atividades consideradas não essenciais visa promover esse distanciamento ao evitar aglomeração de pessoas.
E quanto ao fechamento de fronteiras?
RESPOSTA: O fechamento de fronteiras é uma das estratégias que podem ser adotadas na contenção da disseminação do SARS-CoV-2 (de um país com transmissão para outro onde não há circulação do vírus). A decisão pelo fechamento pode ser total ou parcial. Alguns países, entre eles o Brasil, já implementaram normativas que estabelecem restrição de entrada de estrangeiros no território.
Restrições ainda maiores podem vir a ser necessárias?
RESPOSTA: A depender da quantidade de casos, internações e óbitos que houver ao longo do tempo, podem ser necessárias medidas mais rigorosas, como a proibição de circulação de pessoas.
Como a vigilância em saúde contribui neste momento?
RESPOSTA: O papel da vigilância é fazer o monitoramento da epidemia, orientar e adotar medidas de controle. A vigilância pode apontar as estratégias pertinentes em cada momento e as condições para tornar as restrições mais rigorosas ou menos, bem como identificar as situações de maior risco.
Quando e como saberemos se as medidas tomadas estão sendo eficazes? Qual a previsão de voltarmos à vida normal?
RESPOSTA: O comportamento da Covid-19 ainda é muito pouco conhecido; muitas perguntas, como a duração da epidemia, ainda não têm resposta definitiva. A experiência de cidades e países que vivenciaram ou estão vivenciando a pandemia pelo SARS-CoV-2 tem apontado algumas medidas com capacidade de impactar na curva de adoecimento pelo novo coronavírus, como o distanciamento físico. Nesses locais, estudos de cenários apontam que o retorno à normalidade depende do quão precocemente são instituídas as ações de prevenção e a adesão da população às orientações de ficar em casa. No geral, estima-se uma duração em torno de 3 a 6 meses, podendo se estender por mais tempo.
GRUPOS DE RISCO
Tenho diagnóstico de sarcoidose, embora não apresente nenhum sintoma há mais de 10 anos. Também tenho um diagnóstico de distúrbio pulmonar obstrutivo leve. Sou considerado grupo de risco? Quem tem rinite alérgica e doenças autoimunes é população de risco para a doença?
RESPOSTA: Doenças crônicas, especialmente aquelas que atingem o sistema respiratório ou afetam o sistema imunológico, podem deixar a pessoa mais vulnerável à Covid-19, o que só reforça a importância das medidas de prevenção.
Uma pessoa bem magra, com IMC abaixo do normal, porém sem nenhuma doença, é considerada em grupo de risco para o coronavírus?
RESPOSTA: Com base nas informações disponíveis, os estudos apontam como grupo de risco para agravamento da Covid-19 os indivíduos com mais de 60 anos e os indivíduos, em qualquer idade, que apresentem comorbidades ou doenças preexistentes, incluindo: doença pulmonar crônica ou asma moderada a grave; problemas cardíacos graves; pessoas imunocomprometidas (tratamento contra câncer, tabagismo, transplante de medula óssea ou órgão, deficiências imunológicas, HIV/Aids não controlado, uso prolongado de corticosteróides e outros medicamentos que enfraquecem o sistema imunológico); obesidade grave (Índice de Massa Corporal [IMC] igual ou superior a 40); diabetes, doença renal crônica em diálise e doença hepática.
O risco é aumentado para pessoas com doenças neurológicas? E para pessoas com diabetes? Por quê? Nesses casos, são necessárias medidas adicionais?
RESPOSTA: Pessoas com mais de 60 anos e as que têm doenças crônicas, como diabetes, hipertensão, problemas cardíacos, obesidade e doenças que atingem o sistema respiratório ou afetam o sistema imunológico, podem ser mais vulneráveis à Covid-19. Algumas doenças neurológicas também podem aumentar o risco. Para essas pessoas, recomenda-se:
• Adote o distanciamento social. Não beije, abrace ou toque outras pessoas;
• Não frequente locais com aglomerações ou alta circulação de pessoas;
• Caso necessite utilizar transporte público, opte por horários de menor movimento de pessoas;
• Doentes crônicos não podem descuidar dos tratamentos em andamento. Caso utilize medicamento de uso contínuo, procure seu médico ou posto de saúde para buscar uma receita com validade ampliada, principalmente no período de outono e inverno. Isso reduz o trânsito desnecessário nos postos de saúde e farmácias;
• Não compartilhe objetos de uso pessoal, como copos, pratos e talheres;
• Evite fazer compras em mercados e feiras em horários de pico;
• Mantenha-se saudável, alimente-se bem e pratique exercícios físicos regularmente em locais abertos e arejados;
• Lave sempre as mãos com água e sabonete ou higienize-as com álcool 70%, e evite tocar o rosto.
Ter anemia é um fator de risco para agravamento da Covid-19?
RESPOSTA: Anemia ocorre quando o conteúdo de hemoglobina no sangue está abaixo do normal. A hemoglobina é uma substância encontrada nas hemácias (glóbulos vermelhos), no sangue, e tem como função o transporte de oxigênio para os tecidos. Anemia não é uma doença, e sim um sinal de doença. Ela pode ser a única ou a principal manifestação clínica de algumas doenças, ou pode ser apenas um dos sinais e sintomas encontrados em outras. A anemia, por si só, não é um fator de risco para uma pessoa com Covid-19 desenvolver uma forma grave da doença. Contudo, uma pessoa que desenvolve uma forma grave de Covid-19 e apresenta insuficiência respiratória vai ter seu quadro agravado se tiver anemia, pela falta de hemoglobina para o transporte de oxigênio. O Comitê de Hematologia e Hemoterapia Pediátrica da Associação Brasileira de Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular (ABHH) recomenda cuidados quanto à prevenção e tratamento da Covid-19 em crianças e adolescentes com algumas doenças hematológicas, entre as quais a doença falciforme, a talassemia maior ou intermediária, e a aplasia / hipoplasia de medula óssea, nas quais a anemia é parte importante do quadro clínico e que, por vezes, são conhecidas popularmente como anemias. Leia as recomendações da ABHH
Qual o risco para as gestantes?
RESPOSTA: De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), grávidas com mais idade, sobrepeso e comorbidades, como hipertensão e diabetes, apresentam um risco aumentado de desenvolver formas graves da doença. Considerando todas as mudanças e alterações imunológicas que ocorrem durante a gravidez, as gestantes tornam-se mais susceptíveis a algumas infecções respiratórias. Portanto, é importante que redobrem os cuidados para se protegerem contra a Covid-19 e procurem seu médico aos primeiros sinais e sintomas de uma síndrome gripal (incluindo febre, tosse ou dificuldade em respirar).
Qual o risco para as crianças? Em caso de infecção, o procedimento é diferenciado?
RESPOSTA: Com base nas evidências disponíveis, as crianças não correm maior risco de adoecimento por Covid-19, em relação aos adultos. Em geral, as crianças apresentam sintomas mais leves da doença. Entretanto, mesmo crianças podem ter agravamento da doença. Crianças com sinais e sintomas respiratórios, com febre que não baixa, dificuldade para respirar ou que parecem não estar bem devem ser levadas a uma unidade de saúde.
Existe registro de crescimento da doença entre os jovens, inclusive com casos graves?
RESPOSTA: Por ser um vírus novo, a suscetibilidade é geral, ou seja, todas as pessoas e faixas etárias estão sob risco de adoecimento. Os casos graves de Covid-19 não são exclusivos para os grupos considerados de risco elevado, como os idosos. Por isso, o mais importante é adotar as medidas preventivas, como o isolamento físico.
Trabalhadores usuários do transporte público estão mais expostos?
RESPOSTA: Qualquer local de aglomeração aumenta o risco de exposição e transmissão do SARS-CoV-2, já que essa transmissão acontece de uma pessoa doente para outra e por contato próximo (contato físico, espirros, tosse, superfícies contaminadas).
Trabalhadores da saúde estão mais expostos? Os casos tendem a ser mais graves entre esses profissionais?
RESPOSTA: Os profissionais da saúde que atuam diretamente na assistência aos casos suspeitos ou confirmados de Covid-19, dada a especificidade do trabalho que desenvolvem, são considerados um grupo vulnerável. No entanto, com a prioridade dada a esses profissionais na vacinação contra a Covid-19, a incidência de casos da doença em trabalhadores da saúde teve uma redução significativa nos últimos meses.
Qual a situação das populações indígenas?
RESPOSTA: Considerando a reconhecida vulnerabilidade das populações indígenas às doenças respiratórias e em função do risco de transmissão do novo coronavírus, foi elaborado o “Plano de Contingência Nacional para Infecção Humana pelo novo Coronavírus (Covid-19) em Povos Indígenas”. Mais informações em https://saudeindigena.saude.gov.br/corona
A zika atingiu, inicialmente, regiões menos desenvolvidas e mais desiguais. O coronavírus trilha o percurso inverso?
RESPOSTA: Podemos dizer que, no início da epidemia, sim. No Brasil, a pandemia de Covid-19 entrou a partir de pessoas que retornaram de viagens ao exterior e, nos primeiros meses, mostrou-se mais incidente nas classes sociais mais abastadas. No entanto, o novo coronavírus não faz distinção de classe social: o vírus já se espalhou para todos os estratos sociais e é sabido que, nos estratos sociais menos favorecidos, ou seja, entre os mais pobres, as consequências são mais graves.
CARACTERÍSTICAS DO VÍRUS
É verdade que o novo coronavírus não se dá bem no calor?
RESPOSTA: Não. Atualmente, não existem evidências conclusivas sobre a correlação do clima e da temperatura com a transmissibilidade e a disseminação do SARS-CoV-2. Entretanto, o que se tem observado é que o vírus SARS-CoV-2, que causa a doença Covid-19, já tem sua transmissão confirmada em todas as regiões do mundo, desde climas frios e secos até climas quentes e úmidos.
Os animais podem transmitir o novo coronavírus?
RESPOSTA: Sabe-se, por estudos científicos, que vários tipos de coronavírus são capazes de infectar animais e podem ser transmitidos, tanto para outras espécies de animais quanto para os humanos. No caso do SARS-CoV-2, existem evidências científicas que associam alguns tipos de morcego como fonte original de infecção do novo coronavírus. Em relação aos animais de companhia, como, por exemplo, cães e gatos, apesar de relatos desses animais com infecção pelo SARS-CoV-2, não existem evidências de que os animais de companhia desempenhem papel na cadeia de transmissão da Covid-19 para os humanos. Não há justificativa para a adoção de medidas que possam comprometer o bem-estar dos animais de companhia.
Qual é a gravidade?
Esta pergunta foi respondida no podcast “Viralizados”. Confira abaixo ou na plataforma Spotify.
Afinal, quem é esse novo coronavírus e, se ele é novo, quem seriam os antigos coronavírus?
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Por que vários desses novos vírus começam na China? Seria uma coincidência ou não?
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Qual a capacidade de mutação do coronavírus?
RESPOSTA: O novo coronavírus tende a mudar mais lentamente que alguns outros vírus já conhecidos, como, por exemplo, o HIV ou o vírus da influenza. Isso pode ser explicado, em parte, pelo mecanismo de “revisão” interno do vírus, que pode corrigir “erros” quando ele faz cópias de si mesmo. Apesar disso, diversas variantes do SARS-CoV-2 já foram identificadas em várias partes do mundo, inclusive no Brasil. Quanto mais o vírus circula, maior a probabilidade de ocorrerem mutações e algumas delas podem levar a mudanças nas características do vírus, como maior capacidade de transmissibilidade e de causar doenças mais graves, como já documentado.
O que ainda não se sabe sobre o Covid-19?
RESPOSTA: Após mais de um ano do início da pandemia, muitas dúvidas e questões iniciais sobre a doença foram esclarecidas, como, por exemplo, as medidas preventivas, os sintomas e a abordagem terapêutica. Ainda existem, porém, muitas incertezas em relação ao novo coronavírus, como, por exemplo, os efeitos a longo prazo da doença, como o vírus vai evoluir e o impacto das mutações no cenário epidemiológico.
O que devemos esperar para os próximos meses com relação ao vírus?
RESPOSTA: Ainda vivemos em um cenário incerto sobre a pandemia, pois ainda há muito para se aprender sobre o SARS-CoV-2. Com a estratégia de vacinação em massa adotada pelos países, espera-se uma redução do número de casos, de casos graves e de óbitos pela doença nos próximos meses.
A longo prazo, seria possível a erradicação da Covid-19?
RESPOSTA: Não. Por se tratar de uma doença que, além do homem, tem animais como reservatórios do vírus, a erradicação é improvável, já que isso implicaria a extinção do vírus do meio ambiente. Nessas situações, trabalha-se com a possibilidade de eliminação da circulação do vírus entre os seres humanos, o que é possível, por exemplo, com medidas de controle e a vacinação em massa da população.
ALIMENTAÇÃO
Frutas, verduras e legumes podem ser contaminados com o vírus se uma pessoa infectada colocar as mãos nesses alimentos?
RESPOSTA: O vírus pode persistir por poucas horas ou vários dias, a depender da superfície, da temperatura e da umidade do ambiente, mas é eliminado pela higienização e desinfecção. Segundo a Agência Nacional de Vigilância em Saúde (Anvisa), uma das estratégias mais importantes para evitar a exposição ao coronavírus é redobrar os cuidados com a higiene na manipulação de alimentos.
Higienizar alimentos com detergente líquido é suficiente?
RESPOSTA: O Ministério da Saúde recomenda que “a lavagem pode ser com água e detergente e a higienização com álcool 70%, solução sanitária diluída ou mesmo com produto de limpeza multiuso. Lavar ou higienizar os produtos embalados antes de usar é fundamental, pois evita a contaminação do alimento que está sendo preparado”.
É necessário fazer uso de máscaras para higienizar os alimentos e embalagens após ter feito compras nos mercados?
RESPOSTA: Conforme orienta o Guia Alimentar, a preocupação com a qualidade higiênico-sanitária dos alimentos envolve também o processo de manipulação e preparo. Alguns cuidados devem ser tomados a fim de reduzir os riscos de contaminação: lavar as mãos antes de manipular os alimentos e não tossir ou espirrar sobre eles – neste sentido, o uso de máscaras pode ser uma boa alternativa.
Acerca do aleitamento materno e da Covid-19, quais as orientações? Há risco de transmissão?
RESPOSTA: De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a transmissão da Covid-19 (isto é, do vírus ativo, que pode causar infecção) através do leite materno não foi detectada até o momento; portanto, não há motivos para evitar ou interromper a amamentação. Mães com Covid-19 confirmada ou suspeita podem amamentar se desejarem. Devem, porém, adotar algumas recomendações:
Há alguma evidência científica de que a vitamina D pode prevenir a covid-19?
RESPOSTA: Não há dados suficientes para que a vitamina D seja recomendada ou não no caso da Covid-19. A maioria dos estudos realizados em tempos de pandemia trata de correlações nutricionais em doentes. Os resultados trazem contribuições importantes, mas precisam ser vistos com cautela. Quando se trata de prevenção, a melhor prática é a alimentação adequada e saudável.
Existe algum alimento específico que possa aumentar a imunidade?
RESPOSTA: A alimentação adequada e saudável exerce papel primordial para a manutenção da saúde e do sistema imunológico humano.
Os chás possuem propriedades contra a covid-19?
RESPOSTA: O uso de chás é muito frequente em diversas culinárias no Brasil e no mundo e são importantes contribuições de culturas populares. Como seu uso tem sido prática corriqueira da experiência da sabedoria popular, deve ser utilizada com a devida compreensão sobre seu uso em processos de saúde e doença e pode compor o repertório de ações de promoção à alimentação adequada e saudável como base de acesso a alimentos in natura.
Existe a possibilidade de entrarmos em racionamento? Seria preciso cautela com consumo de proteína animal?
RESPOSTA: Não há indicativo de racionamento se todos comprarem alimentos de forma consciente. Caso contrário, pode-se provocar de forma totalmente desnecessária um desabastecimento de alimentos. Neste momento, a recomendação é de que as pessoas planejem suas compras, aliando escolhas saudáveis de variadas fontes de alimentos.
Como trabalhar com segurança alimentar e nutricional diante das famílias em estado de extrema pobreza e diante de muitos produtos industrializados em tempos de pandemia?
RESPOSTA: Ações coordenadas entre os setores do poder público e da sociedade civil são indispensáveis para a Segurança Alimentar e Nutricional (SAN) da população durante a pandemia. No plano de ações de enfrentamento de problemas relacionados à SAN, a governança de ações emergenciais e estruturantes intersetoriais deve reunir a garantia do acesso a uma alimentação adequada e saudável, com alimentos in natura e minimamente processados, de forma harmônica, regular, acessível fisicamente e com base em produções agroecológicas e sustentáveis.
As cestas básicas, geralmente, não são tão equilibradas do ponto de vista nutricional. Como podemos fazer para garantir o acesso a alimentos de maior qualidade?
RESPOSTA: Uma cesta básica deve ser adequada e saudável antes de tudo, tendo como base alimentos in natura e minimamente processados, preferencialmente produzidos por pequenos produtores rurais. Frutas e vegetais de maior durabilidade de armazenamento podem ser ótimas opções de alimentos para compor cestas. Além do arroz e feijão, que é recomendável pelo componente nutricional e cultural, outros alimentos saudáveis e com respeito à identidade cultural de cada região também devem estar presentes. É importante lembrar que a Segurança Alimentar e Nutricional (SAN) corresponde à garantia de que todos tenham acesso regular e permanente a alimentos de qualidade, em quantidade suficiente, sem comprometer o acesso a outras necessidades essenciais, tendo como base práticas alimentares promotoras de saúde que sejam ambiental, cultural, econômica e socialmente sustentáveis. Conheça as orientações de alimentação saudável disponíveis no Guia Alimentar da População Brasileira
Quais estratégias podem ser adotadas para que a Segurança Alimentar e Nutricional (SAN) e medidas eficazes de prevenção à covid-19 estejam mais presentes nas comunidades quilombolas, que vêm sofrendo de forma acentuada com a pandemia?
RESPOSTA: A Lei Orgânica de Segurança Alimentar Brasileira, promulgada em 2006, corresponde à garantia de que todos tenham acesso regular e permanente a alimentos de qualidade, em quantidade suficiente, sem comprometer o acesso a outras necessidades essenciais, tendo como base práticas alimentares promotoras de saúde que respeitem a diversidade cultural e que sejam ambiental, cultural, econômica e socialmente sustentáveis. A ativação de espaços de governança de Segurança Alimentar e Nutricional (SAN) no momento de pandemia deve acontecer em todos os níveis de gestão. Na pauta, é necessária a definição de um plano de enfrentamento da insegurança alimentar e nutricional que contemple ações emergenciais e estruturantes, destacando, dentre seus pontos de atenção, as famílias de maior vulnerabilidade social, como as das comunidades originárias e tradicionais. Comunidades quilombolas são historicamente excluídas de acesso a políticas sociais em função do racismo estrutural na sociedade brasileira. Reconhecer as situações de insegurança por meio de um monitoramento inclusivo é indispensável neste momento de pandemia, como indicação de ações estruturantes de políticas sociais. São medidas indispensáveis para o enfrentamento oportuno de compreensão do acesso à alimentação adequada, suficiente e saudável.
Como trabalhar e promover segurança alimentar em ambientes nos quais profissionais de saúde vivenciam falta de EPI, carga horária excessiva e condições ruins para trabalhar?
RESPOSTA: Este é um problema que precisa ser enfrentado com medidas de informação, comunicação e educação dos profissionais de saúde e da população beneficiária de serviços de saúde. É papel das instituições oferecer condições adequadas e de segurança a todos que manipulam alimentos e da sociedade exigir que estas
medidas sejam cumpridas. Neste momento da pandemia, em que várias rotinas foram alteradas para atender o isolamento social, o Sistema Único de Saúde (SUS) precisa ser priorizado para melhorar as condições de trabalho dos profissionais de saúde e de serviços à população.
O alimento que consumimos pode estar associado ao equilíbrio emocional?
RESPOSTA: O ser humano come para atender suas demandas biológicas. Nosso corpo expressa emoções como alegria, tristeza, medos, ansiedade, entre outras. Estudos científicos têm demonstrado o que muitas culturas tradicionais milenares apontam: que a comida, além de fazer bem a nossa biologia de sobrevivência no planeta Terra, deve ser harmoniosa com nossas emoções e com nossa alma. Comer devagar, mastigar bem os alimentos, apreciar a comida para sentir todos os sabores presentes no alimento revela a importância do ato de comer ser realizado de forma consciente e em harmonia com o bem viver.
COMUNICAÇÃO POPULAR
Como deve ser feita a divulgação das informações sobre covid-19 nas rádios comunitárias ?
Há comunicadores nas mídias sociais que chegam a um público enorme e heterogêneo. A Fiocruz Brasília se relaciona com eles para ampliar o público que recebe notícias sobre suas ações?
RESPOSTA: Esta é uma alternativa a que a Fiocruz pretende se dedicar mais daqui para a frente, porque dialogar com esses públicos é de fato estratégico para chegarmos às populações mais diversas da sociedade.
A Fiocruz disponibiliza cursos ou oficinas sobre comunicação popular/comunitária em saúde?
RESPOSTA: A Fiocruz já realizou, no Rio de Janeiro e em Brasília, alguns encontros com comunicadores populares, como oficinas, palestras e entrevistas coletivas. O desejo da instituição é intensificar esse tipo de ação. Por isso, recomendamos sempre visitar os sites das nossas unidades, bem como nos seguir em nossas mídias sociais, para se informar sobre as ações que a Fiocruz vai realizar nesse sentido.
Quais os “segredos” para divulgação do conhecimento científico nas redes sociais ? O que as fake news têm que a evidência científica não tem?
RESPOSTA: A ciência deve ser apresentada nas redes sociais em linguagem simples e que aproxime aquele conhecimento do cotidiano da população. As notícias falsas se propagam rápido na medida em que as pessoas não conferem se as informações são reais e fazem o compartilhamento dessas notícias baseadas nas suas crenças pessoais e na confiança em quem está dizendo que aquela informação é verdade. Informações falsas, parcialmente corretas ou verdadeiras fora do contexto podem ser consideradas fake news. A Fiocruz tem elaborado uma série de conteúdos verificados sobre Covid-19 e que possibilitam comunicar saúde às pessoas, amparada nas mais recentes evidência científicas. Acesse nossos perfis no Instagram, Facebook e Youtube e compartilhe com seus amigos.
Como divulgar a busca de fontes confiáveis e o ceticismo com fake news em diferentes mídias?
RESPOSTA: É importante produzir conteúdo amparado nas evidências científicas, verificar se alguma instituição de saúde é responsável pela informação e checar se as informações que compartilham são mesmo verdadeiras, a partir dos passos abaixo, extraídos do site do Ministério da Saúde:
Como garantir a informação sobre saúde para as populações vulneráveis, que não têm acesso à internet?
RESPOSTA: Carros de som nas ruas e as rádios comunitárias atuam bem. Para potencializar esse trabalho de comunicação com as populações mais vulneráveis, parcerias entre os diversos setores públicos e privados, na produção de materiais informativos em uma linguagem coloquial, que facilite a compreensão, são também importantes. (Resposta enviada por Webert da Cruz, do coletivo Retratação – Mercado Sul, Taguatinga/DF)
Como transmitir as notícias da imprensa de forma adequada nas comunidades?
RESPOSTA: É importante analisar a realidade específica de cada comunidade, por meio de pesquisa de campo, observando suas particularidades, para compreender que formas e ferramentas são importantes para essa comunicação, que traz a necessidade de se reinventar e adaptar as informações voltadas para a comunicação comunitária. (Resposta enviada por Webert da Cruz, do coletivo Retratação – Mercado Sul, Taguatinga/DF).
Como as ações afirmativas auxiliam no planejamento e pesquisa em comunicação popular, ampliando o acesso da comunidade?
RESPOSTA: As ações afirmativas permitem ampliar e diversificar o acesso de grupos historicamente ausentes do ensino superior às instituições educacionais. Com maior participação popular nas universidades, as questões, percepções e demandas desses grupos passam a ocupar e disputar o espaço da academia, o que favorece o surgimento de pautas e de formas de produzir e comunicar conhecimento para e com as comunidades.
Como fortalecer a Estratégia de Saúde da Família (ESF) para criar uma comunicação que represente as demandas e necessidades do território?
RESPOSTA: O reconhecimento do território com seus desafios e recursos, e a escuta dos usuários do SUS são importantes para que a ESF funcione. Os atores que implementam a ESF, gestores e profissionais diretamente engajados precisam construir dispositivos que sejam integrados na rotina dos processos de trabalho, voltados para a territorialização e para a escuta qualificada dos usuários. Um sistema de coleta, gestão e uso da informação ágil – com grande participação dos agentes comunitários de saúde, utilizando ferramentas tecnológicas como aplicativos por celular e geo-referenciamento – pode ajudar na aproximação dos profissionais às demandas do território.
A educação entre pares é viável a partir do momento em que a informação tende a ser propagada? A utilização do lúdico, com a educação popular entre pares, com jogos, brincadeiras e dinâmicas, facilita a comunicação das informações sobre a Covid-19?
RESPOSTA: A educação entre pares é um tipo de educação horizontal, com fluxos multidirecionais de comunicação. Nesse sentido, as estratégias lúdicas e, principalmente, aquelas com espaço para criação e expressão podem ser utilizadas para que se discutam e compartilhem informações fidedignas sobre a Covid-19 entre grupos de pessoas com nível similar de instrução. Para isso, os educadores pares precisam ter acesso às boas fontes de informação e a informantes-chave, de confiança, de modo a trazer segurança para sua atuação educacional.
Como fazer a educação permanente em saúde, com uso de tecnologias na criação e produção de áudios e materiais de divulgação online e offline para comunicadores populares?
RESPOSTA: O uso de diferentes recursos e linguagens, como audiovisual, podcast, documentário, novela, fanzine, portfólio, HQ, cordel e poesia, apoiados em tecnologias de informação e comunicação, e em estratégias de educomunicação, são potentes recursos de expressão e intercâmbio entre grupos culturais diversos e profissionais e especialistas em saúde pública. É importante fortalecer, no âmbito das políticas públicas, a produção e a formação para a produção desses materiais. A educação permanente acontece no espaço das trocas cotidianas, de forma mais ou menos estruturada, em geral no próprio trabalho ou no âmbito da atividade envolvendo educandos e educadores. É, principalmente, na garantia de espaços de compartilhamento de experiências, problemas e soluções entre os participantes de uma comunidade de práticas que a educação permanente acontece, com ou sem mediação tecnológica. Logo, os recursos são deflagradores e devem promover a partilha do conhecimento, com maior ênfase nos processos de recepção, apropriação e transformação do que nos produtos (vídeo, cartilha, podcast etc.).
Como a PICAPS está inserida na atenção básica, já que a comunicação entre os sistemas de informação do SUS é uma das maiores dificuldades? Como essa Plataforma vai facilitar a comunicação e o acesso à saúde?
RESPOSTA: A Plataforma conecta os trabalhadores da atenção básica, que identificam as principais questões do território, e também pesquisadores, que buscam na literatura científica respostas às questões identificadas, de modo que informações confiáveis circulam de forma rápida e eficiente.
Como os alunos de diferentes cursos podem contribuir com a Plataforma PICAPS?
RESPOSTA: Se o curso é ofertado por alguma das instituições já vinculadas à plataforma (Fiocruz, Universidade de Brasília e Secretaria de Saúde do Distrito Federal), a coordenação do curso deve articular essa participação dos alunos. Alunos de outras instituições devem solicitar que o coordenador do curso dialogue com a coordenação da PICAPS para viabilizar sua inserção no projeto. Os alunos podem ser inseridos também nos comitês populares.
Quais estratégias podem ser utilizadas para dar devolutivas para a comunidade sobre o trabalho desenvolvido com ela, considerando-se o distanciamento social, a acessibilidade e fatores como gênero, raça, classe e sexualidade?
RESPOSTA: Cada trabalho desenvolvido na comunidade tem seus peculiaridades e especificidades, que possuem distinções conforme as características da própria comunidade; portanto, a devolutiva do trabalho demanda uma estratégia específica a ser construída com a comunidade.
Leu o guia e não encontrou a resposta que procurava? Ela pode estar também em nosso podcast “Viralizados”, nas plataformas Spotify e SoundCloud. Mas, se não encontrar agora, não se preocupe. As duas estratégias – guia e podcast – estão em permanente atualização e, em breve, teremos mais informações aqui. Inclusive, as respostas poderão ser atualizadas conforme avançam as evidências científicas sobre o assunto. Não deixe de acessar o nosso site e indicá-lo aos amigos e à família.
Originalmente publicado em março de 2020
(última atualização em junho de 2021)