“A Agenda 2030 se apresenta como saída para o enfretamento da pandemia”, afirma ex-presidente da Fiocruz

Fernando Pinto 11 de dezembro de 2020


“Finalmente, quando superarmos esta crise, enfrentaremos uma escolha. Podemos voltar ao mundo como era antes ou lidar decisivamente com essas questões que nos tornam desnecessariamente vulneráveis a crises. Nosso roteiro é a Agenda 2030 e os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. A recuperação da crise da Covid-19 deve levar a uma economia diferente. O que o mundo precisa agora é solidariedade. Com solidariedade, podemos derrotar o vírus e construir um mundo melhor”. 

 

Com esta citação do Secretário Geral da ONU, António Guterres, o coordenador da Estratégia Fiocruz para a Agenda 2030 e ex-presidente da Fundação, Paulo Gadelha, levantou o debate da Agenda 2030 sob a ótica da saúde, em uma mesa que ocorreu na sexta-feira (11/12), último dia da Feira de Soluções da Fiocruz.

 

Paulo Gadelha apresentou um breve relato sobre a Agenda 2030 e o que ela representa no referencial para a saúde, que é um fator essencial para alcançar o desenvolvimento sustentável e um indicador do progresso da sua implementação. Segundo ele, todos os objetivos da Agenda 2030 estão integrados à saúde, como as questões do trabalho, da fome, da paz e da habitação, que traduzem o que chamamos de determinantes sociais da saúde. “A ONU reconhece que o indicador central, que estrutura o conjunto de indicadores, é a cobertura global para a saúde”, afirmou.

 

Para o ex-presidente da Fiocruz e diretor do Centro de Relações Internacionais em Saúde da Fundação, Paulo Buss, é lamentável que o Brasil, em sua avaliação dos indicadores das metas dos primeiros cinco anos da Agenda 2030, tenha regredido tanto em termos de pobreza, desigualdade, meio ambiente e iniquidade; para agravar ainda mais, tivemos a explosão de uma pandemia, que amplificou as desigualdades do país. “A Agenda 2030 reafirma a importância da promoção da saúde, e se apresenta como saída para o enfretamento da pandemia. Essa é uma Agenda generosa que clama pela solidariedade”, frisou.

 

O coordenador das Ações de Prospecção da Fiocruz, Carlos Gadelha, aprofundou o debate sobre a relação do setor saúde com o desenvolvimento do país e os desafios colocados pela Agenda 2030. De acordo com Carlos, para implementar os Objetivos, é preciso reconhecer politicamente que as metas colocadas para o setor saúde requerem a organização de sistemas universais, em que o Estado tem papel fundamental. “O desenvolvimento não pode ser visto como um detalhe ou um complemento para pensar a saúde coletiva e os sistemas universais”, afirmou.

 

A mediação da mesa foi feita por Gulnar Azevedo, presidente da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco).

 

Agenda 2030

A ONU coloca como sua principal Agenda a implementação dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) até 2030. Traçados após o fim do prazo dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM), em 2015, os ODS foram aprovados por todos os Estados-membros das Nações Unidas em sua Assembleia Geral e representam um esforço conjunto para lidar com os maiores desafios do mundo.