Diante da Covid-19, uma doença nova, com várias lacunas de conhecimento, grandes esforços têm sido feitos no sentido de acelerar a pesquisa, o desenvolvimento tecnológico e os estudos clínicos de vacinas para responder à emergência sanitária. É necessário não só obter alternativas seguras e eficazes, mas também assegurar o acesso equitativo. Foi sobre o conjunto desse trabalho que o vice-presidente de Produção e Inovação em Saúde da Fiocruz, Marco Krieger, falou em sua palestra na Feira Digital de Soluções para a Saúde da Fiocruz, na tarde desta quarta-feira (10/12).
Krieger lembrou o processo de prospecção tecnológica realizado, que levou à opção pela vacina de Oxford, ressaltando, porém, que outros projetos também são importantes. Nesse processo, foram levados em conta aspectos como a plataforma tecnológica de resposta rápida, a fase avançada de desenvolvimento e a possibilidade não de compra apenas, mas de transferência da tecnologia para produção nacional da vacina. O vice-presidente ressaltou a atuação do comitê técnico, que acompanha o projeto, formado por especialistas da Fiocruz e externos, bem como o apoio recebido do Executivo, do Legislativo, da iniciativa privada e da população.
O palestrante também comentou os resultados preliminares dos ensaios clínicos, que mostraram uma boa resposta celular e de produção de anticorpos nos voluntários que receberam a vacina candidata, sobretudo no regime de duas doses. Após a inclusão de idosos no estudo, observou-se que eles apresentavam resposta similar à dos adultos jovens, o que é bastante satisfatório, pois os idosos são um grupo mais vulnerável à Covid-19. Krieger pontuou, ainda, que a metodologia usada identifica entre os voluntários tanto casos sintomáticos como assintomáticos, o que aumenta a confiança nos dados. “Os resultados preliminares indicam uma redução de 100% de casos graves ou hospitalizados nos voluntários que receberam a vacina”, disse. Outra informação importante é que essa vacina pode ser armazenada em temperatura de geladeira, o que facilita a logística de distribuição a partir da infraestrutura já existente.
Sobre a contribuição industrial da Fiocruz, a previsão é produzir 100,4 milhões de doses no primeiro semestre de 2021 e mais 110 milhões de doses no segundo semestre. As primeiras doses serão produzidas a partir do ingrediente farmacêutico ativo fornecido pela AstraZeneca e, depois, toda a tecnologia de produção será internalizada pelo Brasil. Pacotes de dados sobre a vacina estão sendo entregues gradualmente para a avaliação da Anvisa, com vistas à aceleração do processo. “Assim como uma vacina eficaz, também é fundamental neste momento uma comunicação pública eficaz sobre vacinas”, concluiu o coordenador de Estratégias de Integração Nacional da Fiocruz, Wilson Savino, responsável pela mediação da atividade.
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