“Minha maternidade se qualificou, se tornou muito mais leve”. O depoimento é da servidora Aline Cavaca, pesquisadora do Núcleo de Educação e Humanidades em Saúde (Jacarandá) da Fiocruz Brasília, e resume o impacto da nova parceria inédita firmada entre o Ministério da Saúde e a Fiocruz Brasília: um acordo de cooperação que permite que filhos e filhas de servidores da Fundação sejam acolhidos na Creche Narizinho, tradicional espaço de educação infantil mantido pelo Ministério. A creche acolhe, há mais de 40 anos, crianças com uma proposta pedagógica voltada ao cuidado, estímulo ao aleitamento materno e desenvolvimento integral.
Ao matricular a filha na creche, ela viu sua maternidade e sua vida profissional se transformarem. “Eu não tenho rede de apoio em Brasília, então, a creche me permitiu trabalhar com mais tranquilidade, mais qualidade e com a certeza de que minha filha está sendo bem cuidada. A Lia se desenvolveu demais e eu também. É uma maternidade com muito mais tranquilidade e com muito mais qualidade”, afirma.
A iniciativa vem de uma necessidade e interesse antigo de oferecer este benefício para os trabalhadores. Segundo a coordenadora do Serviço de Gestão do Trabalho (Segest), Katia Zeredo, a instituição já havia tentado essa parceria outras vezes. “A necessidade era histórica, mas nunca conseguimos avançar. Desta vez, o contexto nos favoreceu: o mandato da ministra Nísia Trindade, a relação próxima com a diretora Fabiana Damásio e o engajamento de parceiros estratégicos no MS foram fundamentais. Ficamos felizes, pois dessa vez aconteceu”, explica.
Aline procurou o Segest e a direção da instituição para pleitear o acesso à creche. “Se outros ministérios têm convênios com a Narizinho, por que a Fiocruz, que é vinculada ao MS, não teria?”, questionou. A inquietação mobilizou esforços. “Foi uma grande conquista para todos nós. Uma conquista trabalhista, uma conquista de saúde da mulher, uma conquista para a saúde materno-infantil e para a garantia aos direitos de aleitamento materno”, completa.
A diretora Fabiana Damásio reforça que a iniciativa ultrapassa a oferta de uma creche: é uma política de equidade. “Ter uma creche próxima ao local de trabalho é também promover saúde e garantia de melhores condições de trabalho. É permitir que mães e pais possam realizar suas atividades sabendo que seus filhos e filhas estão recebendo amparo adequado”, destaca.
Para viabilizar o acordo, a Fiocruz Brasília propôs uma contrapartida inovadora: a implantação de Hortos Agroflorestais Medicinais Biodinâmicos (HAMB) no Ministério da Saúde. O horto é um espaço coletivo de formação, cuidado e sustentabilidade, que reforça vínculos e promove saúde. Kátia explica que o objetivo é que esse projeto seja mais um instrumento de fortalecimento de vínculos entre as crianças e a comunidade, e que auxilie na promoção do desenvolvimento cognitivo, físico, social e emocional das crianças.
A ação, que envolve formação, princípios da agroecologia, da agrofloresta e da agricultura biodinâmica, consciência ambiental e integração comunitária, já foi realizada com oficinas teórico e práticas entre os dias 8 e 11 de abril deste ano. Os jardineiros da instituição e outros trabalhadores interessados na consciência ambiental tiveram a oportunidade de se qualificar.
Transformação
Para Aline, o impacto é real e diário. “A creche é linda, muito bem equipada, com uma equipe pedagógica e de cuidado altamente qualificada. A Lia passa o dia inteiro lá, com quatro refeições, acompanhamento e acolhimento. E o melhor: posso amamentá-la todos os dias no horário de almoço, o que reforça nosso vínculo. Eu recomendo de olhos fechados aos colegas”, diz emocionada.
Para Kátia, o benefício vai além das famílias diretamente atendidas. “Quando nossos trabalhadores têm essa tranquilidade, isso melhora sua saúde física e mental, aumenta o engajamento, produtividade e reduz o absenteísmo. É qualidade de vida no trabalho. É política pública que cuida de quem cuida.”
Como solicitar uma vaga
Os servidores interessados em matricular seus filhos devem manifestar o interesse ao Segest. A equipe encaminhará os dados dos interessados ao setor responsável no Ministério da Saúde, que entrará em contato para agendar uma entrevista de acolhimento na creche. Após a entrevista, o servidor receberá orientações sobre a documentação necessária e, confirmando o interesse, poderá concluir a matrícula. O processo segue a ordem de inscrição e está condicionado à disponibilidade de vagas.
O Segest planeja outras parcerias, buscando a melhoria da qualidade de vida dos trabalhadores da instituição.
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