“Eu fiquei grato e achei interessante, porque, até brinquei no dia da entrevista, eu pisava no mato achando que era só mato, mas era planta. Hoje, tomando conhecimento, jamais vou fazer isso, inclusive levei esse conhecimento para dentro de casa e conversei com a minha filha que fez biomedicina e faz farmácia na UnB [Universidade de Brasília].”
O depoimento é de Vilmar Lima, do Setor de Infraestrutura (Sinfra) da Fiocruz Brasília que participou da implantação do Horto Agroflorestal Medicinal Biodinâmico (HAMB) no Anexo G do Ministério da Saúde. O trabalhador viveu na prática um dos pilares da Rede de Hortos Agroflorestais Medicinais Biodinâmicos (Rhamb), a participação social, e pôde se reconhecer como promotor de saúde. Juntaram-se a ele os trabalhadores da Fundação Clodoaldo Pinheiro e Luciano Alves, também da Sinfra; e Rosângela Moreira, do Serviço de Gestão do Trabalho (Segest).
Esse foi o 29º HAMB entregue ao Distrito Federal (DF), em uma parceria intersetorial entre a Fiocruz Brasília, por meio do Colaboratório de Ciência, Tecnologia, Inovação e Sociedade (CTIS), a Secretaria de Saúde (SES-DF) e o Ministério da Saúde. A inauguração ocorreu na última terça-feira, 22 de abril. “Que o Horto seja não só promotor da saúde, mas também de um cuidado mais sustentável e saudável com a população do seu entorno, um espaço comunitário que agrega todos”, destacou Fabiana Damásio, diretora da Fiocruz Brasília.
Para a pesquisadora bolsista da Fiocruz Brasília e coordenadora da Rhamb, Ximena Moreno, o desenvolvimento sustentável não tem outro caminho a não ser o da intersetorialidade. “As cooperações só fortalecem a vontade das pessoas e instituições de conseguirem concretizar projetos que façam a mudança no mundo”, sublinhou.
Ximena destaca que a Rede de Hortos amplia o olhar da promoção da saúde, alinhada ao conceito de saúde única, que engloba o meio ambiente, os animais e os seres humanos. E está relacionado com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e os informes técnicos de agricultura urbana do Comitê de Segurança Alimentar da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO). Além disso, é uma forma de trabalhar as políticas públicas nacionais que se interseccionam com as políticas mundiais.
“Falamos de saúde, mas também de segurança alimentar e nutricional. A Rede é mais do que uma horta urbana ou um horto, é uma política pública amparada pela Política Nacional de Práticas Integrativas [Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PICS), de 2006], que reconhece a medicina antroposófica, aliada às políticas de agricultura urbana, agroecologia e produção orgânica na saúde tem um papel importante dentro dos territórios, por isso acreditamos que esse modelo deve ser difundido”, enfatizou a pesquisadora bolsista.
A Rede de Hortos, além de proporcionar autonomia para a produção de fitoterápicos, é uma sala de aula a céu aberto para que as pessoas consigam aprender agricultura e possam levar esse conhecimento e cultivar nas suas casas, gerando mais soberania alimentar. “O Horto é um espaço para compartilhar, reconhecer o sagrado, o solidário, um lugar para que nós possamos conviver como seres humanos”, afirmou o gerente de Práticas Integrativas em Saúde da SES-DF, Marcos Trajano.
“O que me deixou mais surpreso foi a coletividade, porque teve muita gente que ajudou, que conhece do ramo e passou a experiência para todo mundo. Estou mostrando para todos as fotos que eu tirei, para quem não conhece e para quem já está conhecendo, porque sempre você está aprendendo coisa nova”, finaliza Vilmar Lima.
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