Rotulagem alimentar e agenda regulatória no campo da nutrição é tema do Portas Abertas

Fiocruz Brasília 14 de maio de 2018


40% dos brasileiros têm dificuldades para compreender as informações nutricionais presentes no rótulo dos alimentos. É o que aponta pesquisa realizada em 2016 pelo Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (IDEC) junto a 2.651 internautas. A compreensão é dificultada pelo tamanho da letra, considerada muito pequena (61%); uso de termos técnicos e números (51%); poluição visual do rotulo (46,4%) e necessidade de cálculo da porção (41,6%). A pesquisa foi apresentada pela líder do Programa de Alimentação Adequada e Saudável do IDEC Ana Paula Bortoleto, no último dia 9, durante o Ciclo de Palestras do Portas Abertas. Promovida pelo Observatório Brasileiro de Hábitos Alimentares (OBHA), vinculado à Fiocruz Brasília, a atividade foi realizada no auditório da instituição.

“Fronteiras da Alimentação Saudável e Sustentável” é o tema do Portas Abertas em 2018. A primeira edição deste ano abordou a questão da “Rotulagem alimentar: agenda regulatória no campo da Nutrição”, e contou com a participação da socióloga Paula Johns, co-fundadora e diretora geral da ACT Promoção da Saúde, além da representante do IDEC.

No Brasil, são realizados, desde 2014, debates na busca de modelos de rótulos para alimentos industrializados que contenham informações nutricionais legíveis e compreensíveis para facilitar a tomada de decisão no momento da compra.

A pesquisa realizada pelo IDEC mostra, entre outros dados, que 93% dos internautas avaliam que a rotulagem frontal ajuda a compreender as informações nutricionais e a fazer escolhas mais saudáveis; 79,8% concordam com a exigência da informação nutricional expressa em 100 gramas do alimento, e 98% apoiam a inclusão do açúcar na rotulagem nutricional.

O IDEC e a Universidade Federal do Paraná (UFPR) formularam uma proposta gráfica para rotulagem das advertências, em formato triangular. Como resultados, as pesquisas indicaram que, quando sugerido o modelo triangular proposto, mais de 76,46% dos brasileiros identificaram corretamente os nutrientes em excesso. A mesma percepção foi corroborada por outra pesquisa, que reuniu três propostas de rótulos nos formatos –  triângulo, octógono e semáforo, conduzida por pesquisadores do IDEC, UFPR e do Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição em Saúde da Universidade de São Paulo (NUPENS/USP).

Paula Johns destacou a atuação da Aliança pela Alimentação Adequada e Saudável, rede lançada em 2016, que reúne 37 instituições, além de ressaltar os dez tópicos estratégicos para as ações, entre eles, restrição da publicidade de alimentos ultraprocessados; melhoria da informação nos rótulos de alimentos; promoção, proteção e apoio aos saberes e práticas convergentes com a alimentação adequada e saudável; promoção, proteção e apoio à amamentação e à alimentação complementar saudável; fortalecimento da agroecologia e da agricultura familiar; efetivação da proibição da publicidade dirigida ao público infantil; aprovação de medidas fiscais promotoras da alimentação adequada e saudável; promoção, proteção e apoio à alimentação adequada e saudável em ambientes institucionais, especialmente nas escolas; garantir a água como direito humano e bem comum; e monitorar e expor práticas e políticas que estimulem condutas alimentares nocivas à saúde.

Portas Abertas
Um fórum de discussão sobre as escolhas alimentares da população brasileira. Esta é a proposta do Ciclo de Debates Portas Abertas, realizado na Fiocruz Brasília desde 2017. Com uma agenda que estimula a visão ampliada sobre as diversas dimensões que envolvem os hábitos alimentares e a cultura alimentar de nosso país, a atividade é promovida pelo Programa de Alimentação, Nutrição e Cultura (Palin), por meio do OBHA.