PesquisaSUS premia os melhores trabalhos

Fiocruz Brasília 26 de novembro de 2015



O I PesquisaSUS – Encontro Científico de Pesquisas Aplicadas às Políticas Públicas em Saúde foi encerrado ontem (25/11) com o anúncio dos melhores trabalhos de cada uma das nove áreas temática e premiação dos três melhores.  O trabalho vencedor foi “Cultura faz bem à Saúde: A Experiência do Circuito de Ocupação Cultural para a Saúde do Distrito Federal”, de Ana Schramm e outros quatro coautores. O segundo lugar “Análise Econômica do preço do medicamento no Brasil: a diferença de valores declarados pelas instituições públicas e os valores regulados no ano de 2013” de Lucas Felipe Oliveira e Everton Silva. “Alertas de Monitoramento do Horizonte Tecnológico em Saúde: informando a sociedade” de Pollyana Gomes e outros. Totalizaram 102 os trabalhos inscritos.

Debates                                                                            
Durante dois dias, o público participou de debates calorosos após a apresentação de temas em mesas redondas. Na tarde de ontem, o tema foi “Influências das Pesquisas nas Práticas de Saúde: A Arte do Possível”, com as palestrantes Edina M. Koga da Silva, pesquisadora do Centro Cochrane do Brasil e professora da Universidade Federal de São Paulo; e Silvana Kelles, coordenadora do Núcleo de Avaliação de Tecnologias  (NATS) do Hospital das Clínicas da UFMG.

Edina da Silva discorreu sobre a importância da medicina baseada em evidências e apresentou resultados de revisão de literaturas sobre medicamentos. Observou ser uma falácia acreditar que o mais novo e/ou o mais caro é o melhor quando se trata de medicamentos. Destacou que a judicialização crescente tem provocado aumento de gatos do SUS e que é fundamental saber o que funciona de fato para tomar decisões.

Relatou que as infecções respiratórias respondem por 30% das consultas pediátricas e são a primeira causa de internação e que, em geral, as crianças têm entre cinco e oito episódios de resfriados por ano. Disse que revisão de 27 estudos sobre medicamentos que associam anti-histamínicos, descongestionantes e analgésicos mostram que apenas algumas crianças maiores de seis anos e adultos foram beneficiadas pela droga. Estes estudos envolveram 5.117 adultos e crianças.

Também não foram encontradas evidências de efetividades nos estudos sobre xaropes para tosse e antibióticos para resfriados. Desde 2009, o Reino Unido restringiu a indicação de xaropes para menores de seis anos; a prescrição para crianças de seis a 12 anos é permitida com o aviso dos efeitos colaterais.

“Nossas avós tinham razão sobre o mel. Ele é eficaz contra a tosse”, disse Edina.  Dois estudos feitos com 265 crianças apontam que uma dose de dois a cinco ml antes de dormir alivia a tosse aguda e não existe contraindicação.

Silvana Kelles, do NATS da UFMG, apresentou a experiência de elaborar Notas Técnicas a respeito de medicamentos, equipamentos, cirurgias e outros para subsidiar decisões do Tribunal de Justiça de Minas Gerais. No período de 2012 a 2014 foram elaboradas 1.300 notas. Observou que 27,5% dos pedidos de medicamentos analisados eram de produtos relacionados na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME) e que 50% das cirurgias solicitadas de procedimentos previstos no SUS como glaucoma.

A aproximação permitiu que o TJMG estabelecesse algumas orientações gerais como, por exemplo, não deferir pedidos de medicamentos não aprovados e testados pela Anvisa  e  evitar a concessão de liminares genéricas que possam inviabilizar o sistema de aquisição e distribuição de medicamentos à população.