Pesquisador da Fiocruz é homenageado em colóquio da Universidade de Brasília

Fiocruz Brasília 3 de setembro de 2018


O pesquisador de Bio-Manguinhos Akira Homma, foi homenageado durante o IV Colóquio sobre Pesquisa “Doenças Imunopreveníveis: o retorno?”, na Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade de Brasília no dia 31 de agosto. Durante a premiação, ele falou sobre o patrono Oswaldo Cruz, na construção do Instituto Soroterápico no início do século passado, passo fundamental para que o Brasil seja uma referência hoje na produção mundial de vacinas. 


O pesquisador, que já foi condecorado com uma das 50 pessoas mais influentes na área de vacinação no mundo, reafirmou a necessidade do país ser autossuficiente na produção de vacinas, e lembrou o histórico de imunização no Brasil, cujos avanços se deram sempre em momentos de crise. “Precisamos de uma política de estado para dar continuidade e fortalecer atividades básicas e de desenvolvimento. Inovação tecnológica precisa de muito investimento,” diz. A homenagem foi entregue pela vice-diretora da Fiocruz Brasília, Denise Oliveira e Silva. 
Outro homenageado foi o pioneiro do Programa Nacional de Imunizações, João Batista Risi, que ressaltou a importância de que todos conheçam a história do PNI para se dar continuidade a esse esforço. “Pude testemunhar os avanços nos acontecimentos históricos que condicionaram a implantação do PNI, desde os primeiros dias nacionais de vacinação, as mobilizações comunitárias inicialmente isoladas e que depois se integraram em ações nacionais. As pessoas só se engajam naquilo que elas conhecem e entendem bem”, afirmou. 


A coordenadora do Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde, Carla Domingues também foi homenageada em nome de todos os técnicos do Programa. Ela apresentou os avanços e desafios do programa, formulado em 1973 e lembrou que no passado, com muito menos tecnologia, se cumpria a meta de vacinação. A campanha mais recente, de agosto de 2018, terminou com apenas 80% da meta cumprida, e com mais de 1500 casos de sarampo notificados no país. “A sensação de segurança, o desconhecimento dos benefícios da vacina, os horários de funcionamento dos postos incompatíveis com a rotina de trabalho dos responsáveis pelas famílias e a falta de alimentação do sistema de informação de notificações, bem como a existência de dados inconsistentes e a mobilização de grupos anti-vacinas fazem parte do rol de possíveis desafios a serem enfrentados”, alertou ela.  


Mesa redonda 
A pesquisadora da Fundação Ataulfo de Paiva, Kellen Resende apresentou as perspectivas na produção nacional de vacinas e alertou a necessidade de mais agilidade nos processos dos institutos. Segundo ela, entre os desafios do setor estão o baixo orçamento, a manutenção dos registros de vacinas, a translação do conhecimento científico da universidade para a efetiva produção das vacinas e a necessidade de alianças estratégicas e parcerias. “Isso pode ser garantido por meio de parcerias para o desenvolvimento produtivo (PDPs),” afirmou. 


Da Fiocruz Brasília, o assessor Agenor Álvares lembrou que a vacina não é um favor dos governos, é um direito da população que deve cobrar dos políticos investimento e ações de imunização, mas também ficar atenta às notícias falsas que geram consequências nefastas à saúde pública, citando o editorial recente de O Globo, que acusa de maneira equivocada, segundo ele, o ativismo e má gestão como prejudiciais à vacinação. “Liberdade de imprensa não significa publicar notícias falsas”, disse. Juntamente com o ex-ministro de Saúde, José Gomes Temporão, ele assinou uma carta-resposta apresentando um contraponto ao texto apresentado pelo jornal, que ainda não deu publicidade à carta assinada pelos ex-ministros. Clique aqui para ler o contraponto.