Na última sexta-feira (28/11), aconteceu o Fórum “Ajeum com Saberes: integrando agroecologia, segurança alimentar e nutricional e promoção da saúde”. A atividade integrou a programação do pré-congresso do 14º Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva (Abrascão 2025), que acontece entre os dias 28 de novembro e 3 de dezembro em Brasília.
O Ajeum com Saberes é uma atividade do Projeto Ecoilê, coordenado pelo Programa de Alimentação, Nutrição e Cultura (Palin) da Fiocruz Brasília, em parceria com Instituto Federal de Brasília (IFB) – campus Planaltina. O Fórum foi dedicado à valorização da cultura alimentar, ao fortalecimento da agroecologia e à promoção da segurança alimentar e nutricional como bases para a saúde e o bem-viver.
O projeto Ecoilê se consolida como uma iniciativa estratégica para a promoção de práticas sustentáveis e o fortalecimento das comunidades de terreiros de matriz africana. Ao integrar agroecologia, soberania alimentar e saberes tradicionais, a iniciativa contribui não apenas para a preservação ambiental, mas também para o resgate e a valorização da importância histórica, cultural e social dessas comunidades.
A diretora da Fiocruz Brasília, Fabiana Damásio, ressaltou a importância de levar esse debate para dentro do Abrascão, destacando que inserir o tema da ancestralidade no centro das discussões representa uma oportunidade de construir uma agenda no âmbito científico. Segundo ela, trata-se de um encontro entre ciência e cidadania, princípio que orienta as ações do projeto Ecoilê. A diretora afirmou, ainda, que a iniciativa segue pautada por uma construção coletiva e amorosa. “Que sigamos nessa construção de um futuro sem violência com os povos de terreiro. Que seja um futuro de mais afirmação com as histórias contadas aqui por meio dos alimentos”, salientou.
A vice-diretora da Fiocruz Brasília e coordenadora do projeto Ecoilê pela Fiocruz, Denise Oliveira e Silva, destacou que o fórum foi concebido como um espaço de diálogo sobre práticas e saberes capazes de transformar territórios. Segundo ela, o evento representa uma oportunidade de promover a integração entre a ciência e os saberes tradicionais.
Ao abordar o projeto Ecoilê, Denise ressaltou que a iniciativa tem como princípio a valorização dos terreiros de matriz africana, reconhecendo sua relevância na promoção da soberania e da segurança alimentar e nutricional. De acordo com a ela, esses espaços, por sua essência ideológica e religiosa, oferecem uma perspectiva singular sobre a produção de alimentos, fundamentada no cuidado com a terra e com as pessoas. Ela destacou, ainda, a importância de ouvir os relatos sobre a produção e a oferta de alimentos, que ultrapassam o aspecto biológico e contribuem também para a nutrição da ancestralidade.
Para a professora Dalva Trivellato, coordenadora do projeto Ecoilê pelo Instituto Federal de Brasília (IFB), o solo é a base que sustenta todas as formas de vida. Em sua fala, destacou que o papel do IFB é contribuir para o cuidado com a terra, de modo a garantir colheitas ricas e saudáveis para toda a população, refletindo a saúde do solo na qualidade dos alimentos e, consequentemente, na saúde das pessoas. Segundo a professora, o projeto Ecoilê tem conseguido levar esse entendimento para a comunidade, transformando o conhecimento em prática e experiência compartilhada.
As autoridades religiosas integrantes do Projeto Ecoilê destacaram a importância de compreender a alimentação como uma prática social, cultural, política e de cuidado em saúde. Segundo eles, alimentar-se é uma experiência que conecta terra, corpo, afeto e os modos de vida dos povos e comunidades de terreiros. Durante o encontro, também foram compartilhadas reflexões sobre a produção (plantio do alimento e colheita) e a oferta dos alimentos. Ao final da atividade, cada autoridade religiosa trouxe para degustação um prato que integrou o Ajeum coletivo, simbolizando a partilha e a valorização desses saberes.
Estiveram presentes também, a coordenadora adjunta da Câmara Intersetorial de Alimentação e Nutrição do Conselho Nacional de Saúde (CNS); Camila de Lima Sarmento, a assessora técnica da Coordenação-Geral de Alimentação e Nutrição do Ministério da Saúde; do coordenador geral do Departamento de Reconhecimento, Proteção de Territórios Tradicionais e Etnodesenvolvimento do Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Ernando Ferreira Pinto; e da Diretora de Políticas Públicas para Povos Tradicionais de Matriz Africana e Povos de Terreiros do Ministério da Igualdade Racial, Luzi Borges.
Confira aqui as fotos do encontro.
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