O futuro da ciência precisa da divulgação científica

Fernanda Marques 29 de abril de 2024


Os rumos da ciência nos próximos anos estão sendo construídos e a Fiocruz Brasília não só participa desse processo, como chama todos a se engajarem também. Na última quinta-feira (25/4), a instituição abriu suas portas para a Conferência Livre de Educação, Divulgação e Popularização da Ciência. O objetivo do evento foi discutir propostas que fortaleçam essas áreas para que sejam incluídas na pauta da 5ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (5ª CNCTI), a ser realizada nos dias 4, 5 e 6 de junho, em Brasília, sob a coordenação do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI).

 

“Não tem futuro sem ciência. Temos que sistematizar tudo o que a gente pensa como prioritário para educação, divulgação e popularização da ciência, e fazer com que aconteça”, convocou, na abertura da Conferência Livre, a coordenadora de Divulgação Científica da Vice-Presidência de Educação, Informação e Comunicação (VPEIC) da Fiocruz, Cristina Araripe.

 

Para a diretora de Popularização da Ciência, Tecnologia e Educação Científica do MCTI, Juana Nunes, é preciso construir um política de ciência e tecnologia que contemple o olhar de quem faz divulgação científica na ponta, nos territórios de todo o Brasil, levando em conta a diversidade cultural do país. Ela destacou o compromisso com o acesso democrático ao que se produz nos institutos de pesquisa para a tomada de decisões com base na ciência. Mas lembrou também como o atual contexto de forte polarização política favorece a desinformação. “Não vamos ter uma ciência forte e pujante sem o fortalecimento da educação científica nas escolas básicas, sem uma aprendizagem significativa baseada na pesquisa e nos métodos científicos”, disse, reforçando que é o impacto dessa aprendizagem que proporciona a transformação necessária ao enfrentamento das desigualdades sociais.

 

A assessora da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) para o Complexo Econômico Industrial da Saúde, Julieta Palmeira, acrescentou a importância da educação empreendedora. “É preciso unir pesquisa e indústria para garantir entregas à sociedade”, afirmou.

 

As contribuições do debate

A 5ª CNCTI é um grande debate público com vistas a propor recomendações para a elaboração da Estratégia Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação 2024-2030, além de ações de mais longo prazo. O momento é muito aguardado, pois há dez anos não é realizada uma CNCTI – a última ocorreu em 2014. Para preparar esse importante momento, desde novembro de 2023, em todo o país, estão sendo organizadas conferências temáticas, regionais, estaduais e municipais, além de conferências livres. Estas são oportunidades mais autônomas, de iniciativa de pessoas e/ou organizações interessadas em aprofundar o debate sobre determinados assuntos.

 

Proposta pela Fiocruz, por meio da Coordenação de Divulgação Científica da VPEIC, com o apoio da Secretaria de Ciência e Tecnologia para o Desenvolvimento Social do MCTI, a Conferência Livre de Educação, Divulgação e Popularização da Ciência foi dividida em quatro blocos de apresentação e discussão de propostas: museus de ciências e cidades educadoras; feiras, mostras e olimpíadas científicas; estratégias de disseminação do conhecimento nas páginas, telas e redes; e comunicação pública da ciência e tecnologia. 

 

Em linhas gerais, os debatedores defenderam a necessidade de cada vez mais valorizar os educadores e divulgadores da ciência, e ampliar o financiamento de projetos e programas nessas áreas, em especial envolvendo as escolas. Uma variedade de temas foram abordados durante a Conferência Livre.

 

Na parte da manhã, foram elencados aspectos como fomento a espaços públicos educadores; distribuição geográfica mais equitativa dos museus e centros de ciência; ciência móvel; arte e ciência; fortalecimento do papel dos professores; protagonismo dos estudantes na produção de conhecimento; estratégias para crianças, juventude e adultos; atuação em favelas e periferias; parcerias; e avaliação das ações de divulgação científica.

 

Com mediação da coordenadora-geral de Popularização da Ciência e Tecnologia do MCTI, Luana Bonone, os debates da tarde iniciaram com a urgência de democratizar a comunicação e seguiram com sugestões de novas formas de aproximar a ciência das pessoas, como iniciativas inovadoras nas mídias sociais e ambientes digitais de confiança com empatia e acolhimento. As recomendações incluíram, ainda, a presença da divulgação científica desde o desenho dos projetos de pesquisa, linhas de formação de divulgadores científicos e mobilização dos gestores. Mais meninas na ciência também foi um tema em destaque.

 

A Conferência Livre ocorreu em conjunto com o 10° Encontro Virtual de Divulgação Científica da Fiocruz. Além das pessoas presentes na Fiocruz Brasília, houve participação pela plataforma Zoom e transmissão pelo canal da VideoSaúde no YouTube. A gravação do evento pode ser acessada aqui