Inteligência cooperativa e inovação nos indicadores de pesquisa pautam curso de qualificação

Fiocruz Brasília 20 de julho de 2016


“Com a evolução da ciência é preciso desenvolver novas medições que capturem a complexidade da saúde e os seus efeitos na sociedade”, afirmou o pesquisador da Fiocruz Bahia Maurício Barreto durante aula ministrada ontem (19) na Fiocruz Brasília. Barreto explicou que o método tradicional que avalia o mérito e a produtividade científica é a medição bibliométrica, com pouca eficiência para avaliar a transformação da realidade. Participaram do curso de Qualificação para Ação Cooperativa: Conceitos, Métodos e Aplicações, colaboradores de unidades da Fiocruz e de instituições parceiras.

Segundo o pesquisador, a bibliometria é uma das maneiras de avaliar projetos, pesquisas e a disseminação do conhecimento, com indicadores de qualidade, importância e impacto científico. “Porém, não podemos pensar em ciência só como o dia de amanhã. Tem elementos de curto, médio e longo prazo no projeto científico e na avaliação e há necessidade de melhorias”, afirmou.

Ao longo das últimas décadas, houve avanço no número de publicações científicas nacionais, e em 2012, o Brasil passou a ser o 12º no ranking de produção científica, com destaque para a área de saúde. Maurício Barreto ressaltou a relevância da comunidade científica para superar os desafios do Sistema Único de Saúde. “Como comunidade, precisamos ser avaliados por essas contribuições para dar sentido ao projeto científico da área da saúde”, refletiu.

Na mesma linha, o vice-diretor da Fiocruz Brasília, Wagner Martins, apresentou a necessidade de articulação do ensino, pesquisa e sua aplicação nos territórios com inteligência cooperativa, ou seja com informação coletada, organizada e analisada com foco para a tomada de decisão.  Considerando-se que a Fiocruz tem um campo de atuação complexo, o pesquisador propôs que se desenvolva um plano de inteligência cooperativa focado no processo de produção científica da instituição e baseado no Fórum das Unidades Regionais. Desde 2011, este Fórum dos gestores possibilita mais interação entre as unidades e atuação mais organizada de acordo com os problemas específicos de cada regional.

Para implementar este plano de inteligência cooperativa da rede Fiocruz, se propõe a construção coletiva de um projeto de gestão da produção científica, com coleta de informações em todas as regionais, buscando junto aos gestores o que é preciso para se fazer a gestão da informação científica, as fontes possíveis para coleta de dados e formas de realizar esta coleta, entre outras questões. “É importante manter a interação entre os participantes deste curso de qualificação para desenvolvermos projetos coletivos baseados na inteligência cooperativa”, afirmou.

Segundo ele, a partir desta proposta pode-se vislumbrar por exemplo, cursos stricto sensu, como um doutorado mais focado em temas que respondam às necessidades do território e aproximem os gestores e pesquisadores dos desafios das  empresas, serviços de saúde e cidadãos.