Humanização de atendimento é destacada durante conferência na Fiocruz Brasília

Fiocruz Brasília 26 de setembro de 2018


“Saúde não é mercadoria, é um direito do povo”, afirmou a pediatra Aleida Guevara durante encerramento do curso de Especialização em Promoção e Vigilância em Saúde, realizado na noite de ontem, 25 de setembro. A cubana falou sobre a humanização do trabalho dos médicos no atendimento e cuidado aos pacientes.                                                            
                                                    

Para Aleida, o médico deve usar os conhecimentos de sua profissão a serviço do povo, buscando entender as reais necessidades da maior parte da sociedade, para assim, conseguir alterar a realidade. Ela afirma que não há receitas prontas, pois cada população é uma mescla de culturas e diversidades.
                                                    

Aleida acredita que a saúde precisa se ocupar com a prevenção às doenças. “É preciso cuidar do todo e entender que prevenir é melhor que cuidar de doenças. A saúde implica em tudo o que está ao redor das pessoas: trabalho, comida, casa, todo o conjunto da vida”, afirmou. Ela destacou a importância da comunicação entre os profissionais de saúde e a sociedade e o respeito ao paciente, independente de raça, cor, gênero ou sexualidade. Para ela, os profissionais devem considerar diferentes saberes que dialogam e colaboram com a saúde. “Servir a quem precisa, ouvir e aprender com as pessoas, sem olhar outra coisa, apenas fazer o que sua profissão requer”, completou.
                                                    

A conferencista apresentou ainda o relato de 1960, de seu pai, o médico cubano Che Guevara, que antes de iniciar carreira na profissão, buscava se tornar um investigador famoso e encontrar a cura de doenças, mas viu que a realidade seria diferente. Para Aleida, o conhecimento médico e a experiência o fizeram amadurecer como humano. A educação também foi destaque na fala da pediatra, que afirma que o sistema educacional é a base para transformar a população e as diferentes realidades.
                                                    

A diretora da Escola Fiocruz de Governo, Luciana Sepúlveda, refletiu sobre o papel da educação e de uma Escola de Governo na contribuição para um projeto de maior solidariedade, de uma saúde ancorada na vivência, trocas e riqueza dos territórios e do respeito à diversidade de saberes necessários à promoção da saúde, mesmo diante de tantos desafios. Para a diretora, o curso tira a instituição da zona de conforto da educação formal para além dos limites imaginados.
                                                    

“Quando a gente ousa apostar em inovação, em tentar fazer de uma proposta uma realidade, e abrir a Escola para a parceria com os movimentos sociais, se abrem caminhos e possibilidades para continuarmos a dar propósito às práticas profissionais e ao projeto de transformação de um mundo melhor”, afirmou Sepúlveda. O representante nacional da Rede Nacional de Médicas e Médicos Populares, Otávio Dutra, também integrou a mesa de encerramento.
                                                    

Curso

O curso de Especialização em Promoção e Vigilância em Saúde  buscou contribuir com a qualificação e fomento de novos conhecimentos voltados à construção dos Territórios Saudáveis e Sustentáveis (TSS). É fruto de parceria entre Funasa, a Rede Nacional de Médicas e Médicos Populares, a Escola Fiocruz de Governo e o Programa de Promoção da Saúde, Ambiente e Trabalho da Fiocruz Brasília.
                                                    

Esta foi a primeira turma da formação, realizada em três etapas e oferecida em Fortaleza (CE). A ênfase das discussões foi em torno do campo da promoção e da vigilância em saúde, ambiente e trabalho no que se refere à implantação da Política Nacional de Saúde Integral das Populações do Campo, da Floresta e das Águas (PNSIPCFA) e da Política Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora (PNSTT), para o fortalecimento do SUS.
                                                    

Emocionado, o coordenador do Projeto de Territórios Saudáveis e Sustentáveis do semiárido brasileiro, Jorge Machado, ressaltou que a proposta é fazer um deslocamento do SUS para fora do setor saúde e trabalhar com os territórios. De acordo com ele, o curso traduziu as experiências de cada aluno que fez a trajetória da formação. Os trabalhos de conclusão de curso dos estudantes foram expostos em formato de banner no auditório da Fiocruz Brasília.