Mariella de Oliveira-Costa
A Organização Panamericana da Saúde (OPAS) sediou nesta quarta-feira, 21 de novembro, o I Seminário de Gestão de Práticas Integrativas em Saúde, que celebrou os 30 anos de oferta desse tipo de serviço no SUS do Distrito Federal. De janeiro a outubro de 2019, 83.560 usuários do SUS foram atendidos por alguma das 17 diferentes práticas oferecidas na rede, como acupuntura, automassagem, fitoterapia e plantas medicinais, homeopatia, entre outras.
A Fiocruz Brasília participou do evento na discussão sobre essas práticas como componentes da política pública de saúde, a partir das falas do coordenador de integração estratégica da instituição, Wagner Martins, que lembrou a complexidade no desenvolvimento e implementação de uma política pública. “É importante mostrar os resultados, e vencer os preconceitos em relação a esse tipo de recurso terapêutico. As práticas integrativas não devem ocupar espaço no SUS só por serem mais baratas que o uso de medicamentos, mas a partir de argumentos que mostrem a efetividade e eficiência delas na saúde e qualidade de vida das pessoas que as utilizam, “ disse. A pesquisadora da Fiocruz Pernambuco, Islândia Maria Carvalho de Sousa, que é secretária executiva do Observatório Nacional de Saberes e Práticas Tradicionais, Integrativas e Complementares de Saúde (Observapics), fez a mediação desta mesa de debate, que além da Fiocruz Brasília, contou também com representantes da Universidade de Brasília, Ministério da Saúde e Secretaria de Saúde do DF.
Apesar de a política distrital específica para o setor ter sido criada em 2014, as práticas integrativas são utilizadas no SUS-DF como recurso terapêutico no tratamento dos usuários e como prevenção e promoção à saúde desde 1989, a partir do Programa de Desenvolvimento de Terapias Não- Convencionais.
O usuário do SUS encontra gratuitamente esse tipo de atendimento em quase toda a rede, pois das 172 unidades básicas de saúde, 118 oferecem alguma prática integrativa em saúde, correspondendo uma cobertura de 69% do território. A Fiocruz Brasília apoia essas atividades por meio do Programa de Saúde, Ambiente e Trabalho.
Atualmente, 98 países, incluindo o Brasil, institucionalizaram políticas nacionais relacionadas às práticas integrativas. De acordo com dados do Ministério da Saúde divulgados no evento, 16 mil estabelecimentos de saúde brasileiros possuem em sua oferta de serviços do SUS alguma prática integrativa. Elas estão disponíveis em todas as capitais brasileiras e em 4323 municípios, sendo que dez estados da federação possuem, como o DF, políticas específicas para o setor.
Na abertura do evento, a representante da OPAS no Brasil, Socorro Gross, lembrou que o conhecimento tradicional é parte da história da humanidade. “Os serviços de saúde, por vezes, desconhecem essas práticas tradicionais que possuem evidência científica. É preciso reconhecer e valorizar esse saber, ” disse. Participaram da mesa de abertura o representante do Ministério da Saúde, Daniel Amado; a representante da Secretaria de Saúde do Distrito Federal, Eliane Ferreira; a representante da Secretaria de Educação, Janaina Almeida; o secretário executivo do Conselho Nacional de Secretários de Saúde, Jurandi Frutuoso, o deputado federal Israel Batista (PV-DF) e a representante do senador Izalci Lucas (PSDB – DF), Katia Mota.
A programação do evento contou também com a apresentação dos resultados e plano de expansão do projeto Farmácia Viva, o projeto Práticas Integrativas em Saúde na Escola e o uso das metodologias colaborativas na educação permanente dos trabalhadores. Os participantes do seminário tiveram também momentos de prática de meditação, roda de dança circular combinada à automassagem e Tai Chi Chuan.