Fórum da Fiocruz debate Divulgação e Comunicação Científica

Mariella de Oliveira-Costa 12 de agosto de 2019


Nathállia Gameiro

 

A história de pesquisa da Fiocruz é acompanhada de uma longa experiência com divulgação científica para diversos públicos, de crianças a adultos, e em diversos formatos. Iniciativas dessa natureza foram apresentadas durante o 61ª Fórum das Unidades Regionais (FUR), realizado na Fiocruz Paraná, entre nos dias 7 e 8 de agosto, com o tema Divulgação e Comunicação Científica.

 

A presidente da Fiocruz, Nísia Trindade, esteve presente no encontro, destacando como o espaço institucional proporciona ações em conjunto entre as unidades e lembrou do desafio da divulgação da ciência. “A divulgação científica não pode ser só a comunicação dos bons resultados da ciência, precisa do envolvimento da sociedade e do compromisso dos pesquisadores para a resolução de problemas para melhorar a vida das pessoas”, afirmou.

 

O coordenador do FUR e assessor da Fiocruz Brasília, Gerson Penna, destacou que o foco da divulgação científica deve ser a população. “As pesquisas devem transformar o conhecimento em ação para subsidiar políticas e programas de saúde, informar gestores e financiadores nas tomadas de decisões e geração de evidências, para assim levar mudanças para a vida e cotidiano das pessoas”, afirmou. 

 

Os conceitos de difusão, disseminação e implementação do conhecimento foram apresentados pela assessora de Assuntos Estratégicos do Departamento de Ciência e Tecnologia (Decit) do Ministério da Saúde, Luciana Leão. Ela afirmou que não há ainda um consenso sobre qual termo utilizar para a tradução do conhecimento: divulgação cientifica, popularização da ciência ou comunicação pública e destacou que os profissionais de comunicação têm um grande papel como ponte entre a pesquisa e a sociedade.

 

Os diretores e representantes das dez unidades regionais da Fundação apresentaram os trabalhos de divulgação científica que realizam. São jogos, projetos, cursos, palestras, teatros, músicas, podcasts, grafite, cinema ao ar livre, feiras de ciências e exposições sobre diversos temas, que têm objetivos em comum: fazer as pessoas se interessarem por ciência, a formação do cidadão, desmistificar a figura do cientista e chamar atenção para assuntos pouco debatidos. Entre as atividades apresentadas estão a Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, Fiocruz na Praça, Ciência nas escolas, Cientista Mirim, Ciência na Rua, Fórum Ciência e Sociedade, Dê voz ao seu artigo, Fiocruz para você, Bate-papo com ciência, Olimpíada Brasileira de Saúde e Meio Ambiente, Papo Móvel e 60 segundos saúde.

 

Como desafios, os participantes destacaram a dificuldade do entendimento da divulgação científica para além da publicação de artigos, sensibilização dos pesquisadores para a importância da relação com o público e a queda do investimento na Ciência, Tecnologia e Inovação, o menor em 15 anos.

 

A pesquisadora da Fiocruz e coordenadora do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Comunicação Pública da Ciência e Tecnologia (INCT-CPCT), Luísa Massarani, analisou que nos últimos anos, houve uma expansão das atividades de divulgação das unidades da Fiocruz e diversificação de estratégias. Para ela, a preocupação com o tema e a prática vêm crescendo não só entre profissionais e especialistas no tema, mas também entre pesquisadores e alunos. O expressivo número de 6,2 mil inscritos no curso online de Divulgação Científica da Fundação demonstra o crescente interesse pelo tema.

 

Massarani apresentou pesquisa realizada sobre a percepção pública da ciência e tecnologia no Brasil, com foco no público jovem. O estudo revela que os jovens se interessam por ciência e defendem um maior investimento na área. A pesquisa mostra também que a internet é o meio mais utilizado por eles para buscar informações de ciência, mas que não sabem ainda em que sites procurar. Para os entrevistados, a melhor forma para divulgar a ciência é em locais públicos, escolas, televisão e internet.

 

“Temos a responsabilidade social de dar um retorno para a sociedade do que tem sido feito e da importância da ciência. A divulgação científica é uma questão de sobrevivência”, ressaltou. Ela lembrou ainda dos apoios da instituição a iniciativas de divulgação da ciência, com os editais específicos de 2018 e 2019.

 

Plataformas e instâncias

A vice-presidente de Educação, Informação e Comunicação (VPEIC), Cristiani Machado, apresentou as plataformas de educação da Fiocruz que permitem a divulgação de pesquisas, como o Campus Virtual, a Ciência aberta; o Observatório Fiocruz de Ciência, Tecnologia e Inovação; a Editora Fiocruz, com mais de 446 títulos e 169 livros em acesso aberto; Canal Saúde; VídeoSaúde; Portal de Periódicos Fiocruz; e as revistas de Comunicação e Saúde Radis e Poli. Machado anunciou o lançamento do Educare, plataforma de Recursos Educacionais Abertos.

 

A instituição também conta com instâncias para a gestão de ações comunicacionais e para pensar e executar atividades de divulgação e popularização da ciência, como a Câmara Técnica de Comunicação, o Fórum dos Assessores de Comunicação e o Fórum de Comunicação Social de Ciência, que busca estimular o debate em torno de alguns principais temas e áreas de interesse da Fiocruz. Ele reúne representantes de diferentes áreas e unidades da Fundação e está estruturado em cinco eixos. 

 

Durante o encontro, os participantes relataram a necessidade de mapeamento das iniciativas voltadas para as comunidades interna e externa da instituição e a criação de um banco de informações para fortalecer iniciativas já estabelecidas e consolidadas nos dez estados brasileiros em que há atuação da Fiocruz, favorecendo o intercâmbio de experiências e parcerias entre as unidades. Os diretores retomarão este tema nas próximas reuniões do FUR em busca da institucionalização da Divulgação Científica e Popularização da Ciência, prevista na Política de Comunicação da Fiocruz.