Fiocruz estabelece parceria com instituições científicas chinesas

Fiocruz Brasília 2 de março de 2018


Nisia junto de representantes de instituições chinesasA Fundação Oswaldo Cruz assinou, na última segunda-feira (26/2), um Memorando de Entendimento com o Hospital Popular de Shenzhen, o Instituto Genômico de Beijing (BGI, na sigla em inglês), o Laboratório de Microbiologia Patogênica do Instituto de Microbiologia Imunológica da Academia de Ciências Chinesa e a empresa de telecomunicações ZTE, em Shenzhen, na China. O documento estabelece diretrizes para um acordo de cooperação científica que viabilizará a criação de dois centros Brasil-China de Pesquisa e Prevenção em Doenças Infecciosas, um localizado no Brasil e outro na China.

De acordo com o termo, os centros serão voltados à pesquisa básica e translacional aplicada à saúde, focando-se na prevenção e no controle de epidemias, como os vírus influenza, chikungunya, zika, dengue, febre amarela e oropouche, além de outras doenças infecciosas como tuberculose. O documento dá continuidade ao Memorando de Entendimento firmado entre a Fundação e o Centro de Controle de Doenças da China (CDC-China) em novembro, em São Paulo.  

Seis atividades principais estão previstas para os novos centros: a) a elaboração e implementação conjunta de projetos de pesquisa relacionados às doenças listadas acima; b) o intercâmbio de pesquisadores e especialistas; c) a promoção do desenvolvimento tecnológico; d) troca de informações, tecnologias e materiais, incluindo amostras clínicas e biológicas; e) a organização conjunta de seminários e conferências científicas; f) a publicação conjunta de artigos científicos.

Uma das primeiras consequências do acordo será a concessão por parte do BGI à Fiocruz de uma plataforma de sequenciamento de ácido nucleico para fins de pesquisa. O equipamento de última geração em pesquisa genômica ficará instalado no Rio de Janeiro. O BGI fornecerá a assistência técnica e científica do aparelho e duas profissionais da Fiocruz já estiveram na China sendo treinadas para sua operação.

Outras medidas do acordo incluem a criação de uma plataforma telemedicina para comunicação entre cientistas no Brasil e na China; investimentos na formação de jovens cientistas e a cessão de espaços no campus da Fiocruz, no Rio de Janeiro, e no Hospital Popular de Shenzhen para a criação das sedes do centro conjunto de pesquisa.

Durante a cerimônia de assinatura do acordo, a presidente da Fiocruz, Nísia Trindade Lima, ressaltou a importância da Fiocruz para o Brasil e para a saúde global. “Essa colaboração vai trazer enormes benefícios não apenas para a saúde de brasileiros e chineses, mas de toda a humanidade”, explicou a presidente.

Diretor geral do CDC-China, George Fu Gao, por sua vez, ressaltou que, no lugar de privilegiar apenas um país ou outro, a prioridade deve ser o planeta como um todo. Ele lembrou que o vírus zika foi identificado pela primeira vez na África e, depois, causou as epidemias no Brasil e na China. Ele também mencionou o papel de ambos os países na criação do Brics e na cooperação em saúde na África. 

O Memorando também estabeleceu a formação de um grupo de trabalho, composto por quatro membros de cada país, para dar prosseguimento à instalação do centro conjunto de pesquisa. A comitiva brasileira que esteve na China foi composta, além da presidente da Fiocruz, pelo vice-presidente de Gestão e Desenvolvimento Institucional, Mario Moreira, pelo diretor do Centro de Desenvolvimento Tecnológico em Saúde (CDTS/Fiocruz), Carlos Morel, pela assessora do Centro de Relações Internacionais em Saúde (Cris/Fiocruz), Lúcia Marques, e pelo consultor em comunicação global, André Lobato.