Formados residentes em Atenção Básica

Nathállia Gameiro 28 de abril de 2022


A alegria e a emoção tomaram conta dos jardins da Fiocruz Brasília na tarde de quarta-feira, 27 de abril, durante a formatura da primeira turma de Residência Multiprofissional em Atenção Básica da Escola de Governo da unidade. Cerca de 90 estudantes de diferentes perfis, entre eles farmacêuticos, psicólogos, fisioterapeutas, enfermeiros, educadores físicos, nutricionistas e assistentes sociais uniram a teoria aprendida em salas de aulas virtuais com a prática dos atendimentos em unidades de saúde de regiões administrativas do Distrito Federal.

As atividades coincidiram com o início da pandemia no Brasil, no início de 2020, o que aumentou o desafio diante do novo cenário e do período conturbado. Medo de se contaminar e contaminar a família, insegurança, infodemia e desinformação fizeram parte do trabalho desses profissionais, além de terem de lidar com a morte diariamente durante as atividades. Os desafios nesses dois anos foram lembrados durante o evento pelos residentes e a dança, teatro, poesia e música foram usados para expressar os sentimentos.

 

O coordenador do Programa de Residência em Atenção Básica da Fiocruz Brasília, Osvaldo Bonetti, reforçou que o número de vítimas da Covid-19 é trágico, com muitas perdas de pacientes e famílias de cada residente que adentrou as portas das unidades básicas e as equipes de saúde da família, mas seriam ainda piores se não fosse o trabalho de cada um desses profissionais. “Vocês ousaram romper com o medo e estiveram cotidianamente cuidando, acolhendo e orientando a população do DF. Vocês fizeram valer a ciência e o SUS tão grandioso e solidário, salvaram muitas vidas nesses dois anos”, destacou.

Muitos se conheceram pessoalmente pela primeira vez durante a cerimônia, mesmo depois de muitos dias e horas de aulas adaptadas para o formato virtual devido à pandemia, mas um sentimento era comum entre eles: a sensação de dever cumprido. “Foi a situação mais difícil e complexa que já vivi. Fomos introduzidos na Atenção Primária à Saúde em meio ao caos. Muitas vezes nos sentimos impotentes e ineficientes, mas o que levamos disso tudo é que a luta não pode parar. É indiscutível a mudança que fizemos em todos os lugares que passamos”, afirmou a representante dos residentes da primeira turma, Iara Cabral.

 

O processo de construção dos programas de residência na instituição foi destacado pela diretora da Escola de Governo Fiocruz-Brasília, Luciana Sepúlveda, ao lembrar que a ideia parecia distante e inalcançável, mas foi possível graças à  coragem e ousadia da gestão e dos docentes. Para ela, é a realização de um sonho e a consolidação do olhar da Fiocruz sobre a saúde, que vai além do corpo, passando pela ciência e tecnologia, e abraçando a cultura,  permeado pela arte como construção de conhecimento e de relação, de criação de futuros possíveis.

Esta é uma das maiores turmas de residentes do Brasil, de acordo com a diretora da Fiocruz Brasília, Fabiana Damásio. Ela reforçou que o início da residência foi marcado pelo desconhecido, pelas poucas informações disponíveis sobre o novo coronavírus. E os professores, pesquisadores e residentes conseguiram tecer juntos o conhecimento disponível para garantir o melhor cuidado possível na porta de entrada do Sistema Único de Saúde. “Vocês são vozes ativas de defesa do SUS por uma saúde pública, universal, gratuita e para todos. Vocês integram a tríade ensino, serviço e comunidade no território, a partir da relação com cada família, com cada UBS, com cada pessoa que chegou demandando apoio e cuidado e foi atendida”, destacou Fabiana.
   
Marcaram presença também na cerimônia a deputada Érika Kokay e os docentes e pesquisadores da instituição André Guerrero, Armando Raggio, Etel Matielo e Jorge Machado, valorizando o trabalho feito pelos residentes para salvar vidas, e reforçando o processo de reinvenção e aprendizado também para a instituição. O sarau foi encerrado com músicas que representaram momentos vividos pelos estudantes durante o período de residência.