Financiamento para ações em saúde mental vai ser tema de evento da Fiocruz Brasília

Mariella de Oliveira-Costa 16 de outubro de 2020


Mariella de Oliveira-Costa

 

Quase um bilhão de seres humanos vivem com transtorno mental no mundo, três milhões morrem todos os anos pelo abuso do álcool e um suicídio ocorre a cada 40 segundos. Boa parte dos serviços essenciais nesta área foi interrompida durante a pandemia, cujo impacto na saúde mental das pessoas ainda está longe de ser mensurado. Esses dados,  divulgados pela Organização Mundial da Saúde (OMS), chamam a atenção, em especial no mês de outubro, que há mais de 30 anos traz o dia 10 como específico para se celebrar o Dia Mundial da Saúde Mental.   

 

Em 2020, a campanha para chamar a atenção dos governos tem como tema o investimento em saúde mental: “Move for mental health: let’s invest” (em português, Ação pela saúde mental: vamos investir).

 

Em sintonia com a OMS, a  Fiocruz Brasília, por meio do Núcleo de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas, vai promover o evento online “Saúde mental para todos – investimento e acesso para o exercício da cidadania”, com transmissão ao vivo pelo YouTube: youtube.com/fiocruzbrasiliaoficial. A programação do evento está distribuída em três datas diferentes: 19, 23 e 29/10, das 17h30 às 19h30.

A atividade é parte da programação da Fiocruz Brasília na Semana Nacional de Ciência e Tecnologia. 

 

Nos dias 19 e 23, os pesquisadores vão apresentar reflexões sobre o financiamento governamental das ações em saúde mental, no cenário brasileiro e internacional. No primeiro dia, a pesquisadora Renata Weber Gonçalves, do Núcleo de Pesquisa em Políticas Públicas de Saúde Mental do Instituto de Psiquiatria da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), vai apresentar os resultados preliminares de uma série histórica de investimentos que o Ministério da Saúde fez em saúde mental. Em 2006, investia-se mais em serviços e ações comunitárias do que no modelo hospitalar, mas, em 2013, o Ministério deixou de publicar essa série histórica, que documentava os investimentos.  Em 2015, uma série de ações contrárias à reforma psiquiátrica resultou em um quadro de pouca transparência dos investimentos na área. A pesquisadora, então, tem investigado essa lacuna nos dados públicos sobre o financiamento, até o ano de 2019, e a publicação completa está prevista para ser lançada até o fim do ano. “Saber para onde o dinheiro vai, conhecer a série histórica de gastos e seus determinantes é fundamental. Os gastos diminuíram a partir de 2016 e estão estáveis, em um cenário de desfinanciamento do SUS, o que é um retrocesso”, afirmou a pesquisadora.

 

Em 23 de outubro, três profissionais vão apresentar a saúde mental no mundo, com foco nas necessidades de investimento, nos desafios e nas perspectivas da área. São eles Pedro Gabriel Godinho, professor da UFRJ; José Miguel Barros Caldas de Almeida, professor da Universidade Nova de Lisboa; e Catarina Magalhães Dahl, consultora da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas).

 

Os lançamentos da Revista do CEBES – Retratos da Reforma Psiquiátrica Brasileira e do Catálogo da Instalação Morar em Liberdade, resultado de dois anos de trabalho do Núcleo de Saúde Mental da Fiocruz Brasília, encerram a programação online sobre o tema, no dia 29 de outubro. A equipe editorial da Revista do CEBES e o pesquisador Paulo Delgado, autor da Lei de Saúde Mental, estão confirmado neste encerramento. 

 

 

Acompanhe toda a programação – dias 19, 23 e 29 de outubro, das 17h30 às 19h30 – pelo YouTube da Fiocruz Brasília: youtube.com/fiocruzbrasiliaoficial