Estudantes de escolas da Ceilândia (DF) aprendem sobre saúde brincando

Fiocruz Brasília 17 de outubro de 2018


Nathállia Gameiro

 


Temas como fake news e vacinação, ODS, educação, alimentação e desenvolvimento sustentável foram retratados em atividades do Programa Saúde em Jogo, que integrou a Semana Nacional de Ciência e Tecnologia da Fiocruz Brasília

 

Fake news e vacina, Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, alimentação, cooperação internacional e saúde foram alguns dos temas vistos por cerca de cem jovens de 14 a 17 anos, alunos do Centro Educacional 07 e do Centro de Ensino Fundamental 34 da Ceilândia (cerca de 30 km de Brasília). Os estudantes estiveram na Fiocruz Brasília no dia 16 de outubro, participando do Programa de auditório Saúde em Jogo. A atividade integrou o segundo dia da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia.

A programação foi pensada por colaboradores de várias áreas da instituição, com o objetivo de colocar os alunos em contato com os temas de forma lúdica. O formato foi aprovado pelo professor de Geografia do CEF 34 Roberto Mendes Rodrigues. “É importante sair da escola e conhecer na prática um tema de forma diferente. Faz com que eles aprendam mais”, afirmou.

 

O programa começou com um bate-papo com a vice-diretora da Fiocruz Brasília e coordenadora do Programa de Alimentação, Nutrição e Cultura, Denise Oliveira. Ela compartilhou sua pesquisa etnográfica realizada em feiras populares do Distrito Federal. O estudo busca compreender a influência desses locais na formação de hábitos alimentares e na preservação de patrimônios alimentares materiais (alimentos) e imateriais (culinária) brasileiros. 

 

A pesquisadora falou sobre a diversidade e variedade de alimentos encontrados nas feiras, como os tipos de farinhas e temperos e os mais de 30 tipos de feijão. Estes produtos não são encontrados com tanta variedade nas redes de supermercados. De acordo com ela, comprar em feiras é cuidar do meio ambiente, pois os produtos são apresentados em sacos em que o comprador estabelece a quantidade que precisa, só se compra o suficiente. “Se está sobrando comida na sua mesa, está faltando em algum lugar”, afirmou. 

 

Denise falou ainda sobre a forma de confecção de salsichas: pele, osso, unhas e tudo o que não comemos das carnes suína, bovina e de frango, ou seja, as partes menos nobres, que sobraram da fabricação de outros produtos. Apesar de saber como é feito o alimento, a pesquisadora contou que come o produto. “Aprendi a comer na casa da minha família e nas escolas que estudei. O gosto é tão poderoso que elimina meu conhecimento científico sobre o alimento. Para mim, representa cultura da minha família e me relaciona com outras pessoas”, disse citando o termo comensalidade e a influência da cultura e de outros fatores na forma com que nos alimentamos. Comensalidade é o ato de compartilhar uma refeição coletivamente, comer junto. O conceito incorpora a dimensão simbólica, não apenas a parte biológica centrada em nutrientes. “Quando eu como, me vem à mente lembranças”, completou.

 

A pesquisadora do Núcleo de Estudos sobre Bioética e Diplomacia em Saúde Roberta Freitas também foi entrevistada pela apresentadora e colaboradora da instituição Gisele Silva. Roberta falou sobre cooperação internacional em saúde e como a tecnologia colaborou para que as doenças se espalhassem de forma rápida entre os continentes. 

 

Os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável foi tema do Quiz Meio Ambiente e Saúde. Divididos em grupos, os estudantes tiveram que ser ágeis para apertar o botão primeiro e responderam às perguntas. As fake news e vacinação também tiveram vez no programa, no quadro Fato ou Fake?. Entusiasmados, os estudantes correram para responder se as afirmações que relacionavam a vacina ao autismo, o uso de mais de uma vacina como um risco à vida, entre outras bastante difundidas nas mídias sociais, eram verdadeiras ou falsas. “Aprendi que não dá para confiar e acreditar em tudo o que vemos na internet. É sempre bom relembrar a importância da vacina para a prevenção de doenças. Já diziam os mais velhos: ‘É melhor prevenir que remediar’”, disse João Victor, de 14 anos. 

 

Animados, os estudantes sugeriram temas como desigualdades sociais, educação, economia, racismo, homofobia, desenvolvimento sustentável e saneamento básico para a Batalha de Conhecimento dos MCs.  Para finalizar as atividades, foi realizada a peça Conferência Sinistra, de Gustavo Ottoni, do Museu da Vida (Fiocruz), que apresenta a febre amarela, peste bubônica e varíola, principais doenças que assolavam o Rio de Janeiro no início do século XX. Com humor, as personagens desta conversam sobre os males que causam à saúde, revelando seus temores em relação às medidas de combate lideradas pelos médicos.