Criatividade para seguir (re)desenhando o futuro desejado

Fernanda Marques 28 de outubro de 2021


Jovem e madura. Quando olha para o passado, orgulha-se do percurso já trilhado. Ao mirar o futuro, reconhece os desafios, mas alegra-se com as oportunidades de seguir em frente criando novos caminhos. Esta é a Fiocruz Brasília, que, na última segunda-feira, 25 de outubro, completou 45 anos. A data foi celebrada com a realização de uma roda de conversa virtual sobre Criatividade, evento do Ciclo de Inspirações para o Futuro, que teve início em julho e integrou várias atividades. 

 

“Seguimos desbravando caminhos e construindo novas possibilidades. Seguimos nossa história, nossas práticas em defesa da saúde pública e do SUS. Seguimos de mãos dadas, sem nos afastar, como já dizia o poeta Carlos Drummond de Andrade”, destacou Fabiana Damásio, diretora da Fiocruz Brasília, parabenizando todos os trabalhadores e trabalhadoras da unidade. “Criatividade é o motor que revoluciona as transformações. É preciso coragem para propor e construir coisas, de fato, novas. E essa criação é feita a partir de tudo o que trazemos na bagagem e que nos inspira para novos ciclos”, completou Luciana Sepúlveda, diretora executiva da Escola de Governo Fiocruz – Brasília. 

 

Para inspirar o público sobre o tema da Criatividade, o evento recebeu como convidados o sociólogo Arlindo Fábio Gómez de Sousa, professor emérito da Fiocruz e coordenador do Canal Saúde, e o pedagogo Max Maciel, produtor cultural, empreendedor social e ativista do Distrito Federal, participante de iniciativas como o Jovens de Expressão e a Rede Urbana de Ações Socioculturais. A vice-presidente de Educação, Informação e Comunicação da Fiocruz, Cristiani Machado, fez a saudação a todos os presentes na atividade, que foi conduzida pelo jornalista Wagner Vasconcelos, coordenador da Assessoria de Comunicação da Fiocruz Brasília.

 

Arlindo lembrou a criatividade na constituição do SUS. “Foi dos movimentos de base da sociedade que saiu a faísca capaz de incendiar a transformação maior”, disse. Lembrou também o papel da Fiocruz Brasília nesse processo. “A unidade era uma salinha e alcançou uma abrangência muito maior do que Brasília, o que era impensável antes”, comentou. Mas as conquistas, seja do SUS, seja da Fiocruz Brasília, não foram dadas. “Foram conquistadas, com criatividade”, destacou Arlindo.

 

Em referência ao educador Paulo Freire, Arlindo ressaltou a importância de que nossa liberdade de criar seja incentivada desde a primeira infância, e não cerceada, evitando-se a repetição de estereótipos. “Não existe recato na criatividade. Ela não existe sem ousadia ou fora do desejo, que é aquilo em que eu me jogo e aposto todas as minhas fichas. Não existe criatividade sem curiosidade, inconformismo e persistência. É da esperança, de algo muitas vezes inimaginável, que a criatividade surge e as grandes mudanças acontecem”, definiu.

 

Em relação às mudanças necessárias, Max destacou o protagonismo dos jovens da periferia. “Os jovens periféricos só têm a rua como espaço democrático, onde podem interagir, brincar, criar, se reinventar, fazer articulações e superar os desafios. O que somos hoje no grupo Jovens de Expressão é parte dessa vivência”, contou. “Não acreditavam na gente, nas nossas mentes pensantes. Não existia um mapa de oportunidades e potências, só de vulnerabilidades e violências. Disseram que não éramos capazes, então nos redesenhamos. Nossa criatividade partiu de uma afronta, para quebrar essa narrativa que criaram de que não tínhamos capacidade de discutir nosso direito à cidade, à saúde, à segurança e às políticas públicas”, ressaltou.

 

Para Max, é preciso incentivar a juventude periférica a reconhecer suas potências e redesenhar seus caminhos, como agentes transformadores e multiplicadores no território, onde ciência e conhecimento popular andam juntos. “Olhar no olho e dizer: você vai, você consegue, a gente está junto! Você pode criar, reivindicar e rediscutir o seu território, na nossa linguagem, fazendo com que a nossa arte, a nossa cultura e as nossas narrativas também ocupem os espaços. Isso que a gente faz é saúde na sua integralidade”, disse. Segundo Max, não se trata de tirar o jovem da rua, mas de tornar a rua um espaço saudável para o jovem, valorizando a cultura do território. “É preciso fortalecer o que já existe. Não estamos no mundo das ideias utópicas, existem muitas experiências potentes”, concluiu.


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