Cooperação na pesquisa é destacada como um dos maiores desafios de gerenciamento de projetos

Fiocruz Brasília 18 de julho de 2016


“Para ter qualidade e dar conta da complexidade da saúde, é preciso ter integração. Ou muito dinheiro será gasto com iniciativas semelhantes e não teremos resultados”, afirmou o diretor da Fiocruz Rondônia, Ricardo Godoi, durante curso de atualização Qualificação para Ação Cooperativa: Conceitos, Métodos e Aplicações. A aula foi ministrada hoje (18), na Fiocruz Brasília, por especialistas de diferentes áreas do conhecimento.

De acordo com o pesquisador, é preciso integração entre as instituições, pois a gestão da pesquisa hoje é “muito do pesquisador e pouco da instituição”. Promover a cooperação durante o processo de pesquisa hoje, para ele, pode ser o maior desafio da governança em projetos cooperados da saúde. Godoi falou sobre as ferramentas de apoio a governança em projetos cooperados da saúde. Para ele, as ferramentas hoje são pouco estruturadas para lidar com a cooperação entre instituições e pesquisadores, o que resulta em informações espalhadas e desconectadas. Como exemplos de ferramentas de produtividade úteis em todas as etapas de desenvolvimento de projetos de pesquisa, desde a concepção de um projeto até o gerenciamento de projetos, citou o Google (Drive, Forms e Apps for Work), ferramentas institucionais como a plataforma Carlos Chagas, além de portais e websites.

A pesquisadora do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict/Fiocruz) Luiza Silva, apresentou possibilidades para a ciência aberta, que não se resume ao acesso aberto às publicações científicas, mas envolve financiamento coletivo de pesquisas e até revisão por pares em formato aberto, por exemplo. Segundo ela, investir na ciência aberta garante mais eficiência pois, compartilhar uma base de dados possibilita oferecer múltiplas abordagens sobre o mesmo tema, com redução de custos, além de facilitar a detecção de fraudes. “A ciência aberta pode responder mais rápido a uma emergência de saúde pública, identificando agendas e desafios para uma ação coordenada entre pesquisadores e instituições diferentes”, afirmou.

Os participantes do curso conheceram também as possibilidades de mapeamento da ciência por meio da análise de redes. A pesquisadora do Centro de Desenvolvimento Tecnológico em Saúde (CDTS/Fiocruz) Bruna Fonseca ressaltou que a colaboração entre pesquisadores aumenta a visibilidade da pesquisa. Ela apresentou análises que vão além de aspectos comuns, como o número de artigos publicados, mas focadas na colaboração e coautoria entre pesquisadores.

A rede de pesquisadores que investigam a dengue, por exemplo, apresenta maior interação entre as regiões sul e sudeste, e de 1995 a 2014 teve cooperação científica aumentada, sendo a Fiocruz e a Universidade de São Paulo as instituições mais influentes desta rede, considerando-se não só a produtividade dos pesquisadores, mas a força as conexões entre as instituições e seus pesquisadores. “O desafio é entender por que, mesmo com esta maior cooperação e mais recursos disponíveis para este tema, ainda não se reduziu a incidência de dengue no país”, afirmou Fonseca.

O curso Qualificação para Ação Cooperativa: Conceitos, Métodos e Aplicações, promovido pelo Colaboratório de Ciência e Tecnologia e Sociedade, tem como objetivo capacitar recursos humanos da própria Fiocruz e instituições parceiras. As aulas continuam nesta terça-feira (19), com formação sobre o impacto social da ciência, inteligência competitiva, governança e inteligência cooperativa. Apresentam os pesquisadores Maurício Barreto, da Fiocruz Bahia; Rogério Araújo, da Faculdade de Ciência da Informação da UnB; e Wagner Martins, vice-diretor da Fiocruz Brasília.