Vacina contra febre amarela será aplicada em doses fracionadas em três estados

Fiocruz Brasília 9 de janeiro de 2018


Os estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia passam a adotar, a partir de fevereiro, a dose fracionada da vacina contra febre amarela. O anúncio foi feito nesta terça-feira (9/1), pelo ministro da Saúde, Ricardo Barros. A medida é preventiva e será aplicada em 75 municípios, em áreas populosas com risco de expansão do vírus que não tinham recomendação de vacinação anteriormente. Cerca de 19 milhões de pessoas dos três estados serão vacinadas.

“A capacidade de imunização da dose fracionada é a mesma da dose padrão”, afirmou Barros. Atualmente, a dose utilizada tem 0,5mL; já na dose fracionada, são aplicados 0,1mL. Com a divisão, uma ampola que antes era aplicada em uma só pessoa, será destinada a cinco. De acordo com o ministro, a Organização Mundial de Saúde (OMS) só liberou a vacinação fracionada para as doses fabricadas e distribuídas pela Fiocruz.

A medida é adotada após resultado de estudo realizado por Biomanguinhos/Fiocruz, que detectou a presença de anticorpos contra a febre amarela em um grupo de militares mesmo após oito anos da vacinação com a dose fracionada. A pesquisa contou com a participação de 315 pessoas, imunizadas em 2009.

A presidente da Fiocruz, Nísia Trindade, participou do anúncio e da entrevista coletiva dada pelo ministro na manhã desta terça (9). Segundo ela, está comprovado que, após esse período, os anticorpos para febre amarela são mantidos, e, portanto, estão protegidos. “Nesse período de tempo, foram feitos todos os estudos e comparações de diferentes dosagens da vacina. A Fiocruz tem o papel de produzir vacina, estudos e atuar em estratégias de vigilância para discutir um tema que a todo momento requer novos estudos”, explicou.

Esta é a primeira vez que o Brasil adota a vacinação fracionada. O método já foi utilizado na República Democrática do Congo (África), em 2016, por recomendação da Organização Mundial de Saúde (OMS).

A campanha terá duração de 15 dias, e mobilizará a população dos três estados. Em São Paulo, a vacinação será realizada em 52 municípios. A meta é vacinar 6,3 milhões de pessoas entre 3 e 24 de fevereiro. No Rio de Janeiro, a vacinação será realizada em 15 municípios, com meta de 10 milhões de pessoas vacinadas. Na Bahia, a vacinação será realizada em oito municípios, com meta de 3,3 milhões de imunizados. O período de vacinação dos dois últimos estados é entre 19 de fevereiro a 9 de março.

Gestantes, crianças de nove meses a menores de dois anos e pessoas com condições clínicas especiais não são indicados para receber a dose fracionada, por falta de estudos específicos, e receberão, assim, a dose padrão. Em caso de viagens internacionais, o viajante também deve tomar a dose padrão, e apresentar o comprovante de viagem no ato da vacinação.

A vacina é contraindicada para pacientes em tratamento de câncer, pessoas com imunossupressão e com reação alérgica grave à proteína do ovo. Os municípios escolhidos são localidades com evidência de circulação do vírus e com risco elevado de transmissão de febre amarela.

Em janeiro, profissionais de saúde serão capacitados para administrar a vacina.  De julho de 2017 até o momento, foram confirmados 11 casos de febre amarela silvestre em São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Distrito Federal, e 92 casos estão sob investigação. O ministro da Saúde, Ricardo Barros, ressaltou que a febre amarela é uma doença sazonal e que, por isso, é necessário manter as ações para evitar novos surtos.

Fabricação de vacinas

O Brasil é o principal produtor mundial de vacina de febre amarela. Anualmente, a Fiocruz produz 6 milhões de doses para o Ministério da Saúde, e cerca de 1 milhão de doses para exportação. Para o primeiro semestre de 2018, está previsto o aumento de 50% da capacidade de produção de vacinas em parceria com a fábrica Libbs, em fase de processo final de certificação, e com a construção do polo de Santa Cruz, no Rio de Janeiro.

A Fiocruz produz cerca de 70 milhões de doses de vacinas por ano: tetravalente, combinada contra difteria, tétano, coqueluche; meningocócica A e Cpneumocócica, febre amarela, poliomielite, sarampo, caxumba e rubéola; varicela, sarampo, caxumba e rubéola e rotavírus humano.

 

Fotos: Erasmo Salomão/MS e Esdras Guedes/Fiocruz Brasília