A Fiocruz Brasília sediou na última semana, entre os dias 20 e 22 de maio, a Semana da Avaliação 2025, evento que consolidou seu papel como espaço estratégico de articulação entre ciência, gestão e políticas públicas baseadas em evidências. Com o tema “Práticas, conhecimentos e evidências em políticas públicas”, o encontro lotou o auditório da instituição e reuniu especialistas, gestores, pesquisadores e representantes da sociedade civil em uma ampla programação.
Na cerimônia de abertura, a diretora da Fiocruz Brasília, Fabiana Damásio, ressaltou o compromisso da instituição com a valorização da cultura avaliativa e sua aplicação nos territórios brasileiros. “A cultura avaliativa precisa considerar as diversas realidades do nosso país, tão plural e com tantas adversidades. Avaliar não é apenas medir: é compreender os impactos reais das políticas públicas na vida das pessoas e tornar isso parte da nossa prática cotidiana”, afirmou. Ela destacou, ainda, a participação de representantes de nove ministérios, reforçando a transversalidade do tema nas ações do governo federal.
Fabiana também evidenciou o protagonismo da Fiocruz nas agendas de evidências para políticas públicas, mencionando a atuação do Programa EVIPNet Brasil e Rede Brasileira de Avaliação de Tecnologias em Saúde, que amplia o alcance e o impacto da produção científica. “Temos uma atuação ativa junto a instituições como Anvisa e Conitec [Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde], e seguimos formando redes que fortalecem o monitoramento e a avaliação de políticas públicas, sempre com base no compromisso com os direitos da população”, destacou.
Segundo Damásio, o evento também simbolizou um importante passo na articulação de esforços institucionais para garantir uma gestão pública mais responsiva, estratégica e transformadora. “Estamos aqui reunidos para assumir, coletivamente, o compromisso de usar as evidências a serviço da justiça social, da equidade e do fortalecimento da democracia”, concluiu.
O vice-presidente de Gestão e Desenvolvimento Institucional da Fundação, Juliano Lima, refletiu sobre o papel da avaliação como instrumento de transformação social. “A gestão é uma prática que se aprende, e encontros como este são fundamentais para reunir experiências, compartilhar aprendizados e colocar em diálogo o que há de mais qualificado em termos de evidência científica e boas práticas. É assim que se aprimora a administração pública”, afirmou.
Juliano destacou, ainda, o momento simbólico que vive a Fiocruz, que, em 25 de maio de 2025, completou 125 anos de existência. “A Fiocruz é um patrimônio da sociedade brasileira, e está cada vez mais comprometida com a articulação intersetorial e o fortalecimento de políticas públicas em parceria com mais de 15 ministérios. Atuamos com base no que está escrito no artigo 196 da Constituição: a saúde como direito de todos e dever do Estado, garantida mediante políticas econômicas e sociais”, reforçou.
O vice-presidente defendeu também uma abordagem avaliativa subordinada a um projeto de país que enfrente desigualdades e promova bem-estar para todas as populações. “Nosso desafio não é avaliar por avaliar. É garantir que a avaliação esteja a serviço de um projeto de governo comprometido com a redução das injustiças. Temos, no Brasil, territórios onde a expectativa de vida é 20 anos menor que a média nacional. Isso é indigno. Avaliar é também se indignar, refletir e agir para transformar essa realidade”, concluiu.
Miniaulas evidenciam aplicação prática de sínteses e mapas de evidências
Entre os pontos altos da programação estiveram as miniaulas conduzidas por pesquisadoras da Fiocruz, com foco na aplicação prática de metodologias de síntese de evidências.
Na aula “Metodologias de síntese de evidências e os impactos para políticas públicas”, a coordenadora do Programa de Evidências para Políticas e Tecnologias em Saúde (Pepts) da Fiocruz Brasília e do Núcleo de ATS da Rebrats, Flávia Elias, apresentou metodologias rigorosas que auxiliam gestores públicos na tomada de decisão baseada em conhecimento técnico qualificado.
Para a pesquisadora, a Semana possibilitou interação e network entre os participantes. “Reunir os órgãos governamentais, que trabalham com monitoramento e avaliação, apresentando experiências exitosas e ferramentas que as pessoas podem usar e obter dessas políticas públicas que esses órgãos trabalham, como Ipea, Enap, Embrapa, o Ministério da Saúde, trazendo esse aspecto da institucionalização da avaliação e o desafio do papel do monitoramento como forma de avaliação de processos e os desafios também para compartilhamento de dados para processos avaliativos”, afirmou.
Já a pesquisadora Sandra Leone, da Fiocruz Mato Grosso do Sul, conduziu a miniaula “Como as sínteses e mapas de evidências para políticas podem contribuir para a tomada de decisão?”, demonstrando como essas ferramentas vêm sendo utilizadas na prática para orientar intervenções públicas mais assertivas e socialmente responsivas.
Diálogo federativo e comunicação de evidências também ganham destaque
Outro momento marcante foi a mesa-redonda “Desafios e soluções em monitoramento e avaliação de políticas sociais na perspectiva federativa”, com o pesquisador Jorge Barreto, do Colaboratório de Ciência, Tecnologia, Inovação e Sociedade (CTIS) da Fiocruz Brasília. A discussão trouxe experiências de diferentes níveis de governo e reforçou a importância de abordagens integradas na avaliação de políticas sociais.
“A Semana da Avaliação 2025 congregou especialistas e interessados de diferentes áreas de Políticas Sociais em discussões sobre tópicos atuais e de alta relevância para a temática da avaliação de políticas públicas no Brasil. Oportunidades de intercâmbio de conhecimento e experiência, de uma forma muito participativa, nas mesas abordadas nas plenárias, além de integrar competências e habilidades, nas atividades de construção de capacidades. A Semana da Avaliação superou as expectativas, em qualidade e abrangência”, destacou Jorge Barreto.
Integrando a programação, a oficina “Comunicação de Evidências”, ministrada por Fernanda Marques, pesquisadora da Escola de Governo Fiocruz-Brasília, trabalhou estratégias para tornar a linguagem técnica acessível a públicos diversos, promovendo maior efetividade na comunicação entre ciência e gestão pública.
Com ampla diversidade institucional e uma programação robusta, a Semana da Avaliação 2025 reforçou o papel da Fiocruz Brasília na produção e disseminação de conhecimento para políticas públicas, fortalecendo a cultura avaliativa, o uso de evidências e a cooperação entre instituições comprometidas com a construção de um país mais justo, democrático e baseado em direitos.
A Semana da Avaliação 2025 foi organizada e promovida pela Fiocruz Brasília e a Escola Nacional de Administração Pública (Enap), juntamente com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e outras instituições: Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa); Secretaria de Avaliação, Gestão da Informação e Cadastro Único do Ministério de Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (Sagicad/MDS); Secretaria de Monitoramento e Avaliação do Ministério do Planejamento e Orçamento (SMA/MPO); Fiocruz Mato Grosso do Sul; e Ministério da Saúde.
Cerca de 21 instituições federais participaram da programação, representando diferentes esferas da administração pública — federal, estadual e municipal. A Semana contou com mais de 900 inscritos e teve o apoio da Coalizão Brasileira pelas Evidências, uma rede com mais de 40 instituições que trabalham com o tema de intervenções sociais informadas por evidências. Profissionais que integram a rede estiveram entre os participantes, palestrantes e organizadores do evento.
O evento foi transmitido ao vivo no Youtube da Fiocruz Brasília. Para assistir, acesse aqui.
Confira as fotos do evento:
Mesa de abertura
Oficina 5: Comunicação de Evidências
Mini aula: Metodologias de síntese de evidências e os impactos para políticas públicas