Quando a imagem vale muito

Fiocruz Brasília 3 de julho de 2017


Nem só de ciência e tecnologia são produzidas as soluções para a saúde. Em meio aos crescentes casos de microcefalia a partir da contaminação pelo vírus zika, a fotografia vem sendo utilizada para retratar o afeto e cuidado para com as crianças e suas famílias. 
No Piauí, a exposição Macro Amor – o amor não tem medida, foi uma iniciativa de membros da Ordem dos Advogados do Piauí, em parceria com o Centro Integrado de Reabilitação e a fotógrafa Catianne Oliveira. Com o apoio da pediatra Isabel Marlúcia, responsável pela criação do Centro de Referência em Microcefalia da Maternidade Dona Evangelina Rosa, na capital, as famílias atendidas foram organizadas em quatro dias de fotografias, com cenários lúdicos montados no próprio Centro de Reabilitação. Ao todo, foram fotografadas 34 crianças com microcefalia e suas mães, com direito a produção realizada por dez maquiadores profissionais e dois cabeleireiros voluntários.  O intuito desses registros, porém, não é mostrar a doença. “O propósito é expressar o que ultrapassa e supera qualquer obstáculo e preconceito: o amor!”, afirmou Rutheene Carvalho, uma das responsáveis pela iniciativa.  

Além da exposição, o grupo organizou também cursos de cuidados e produziu a cartilha de direitos da criança com microcefalia. A exposição de fotos já foi apresentada em dois shoppings centers da capital piauiense, na Eletrobrás e também na cidade de Parnaíba, no interior do estado. 
Em Salvador, outra exposição Abraço através do Olhar também propõe uma reflexão sobre a infância das crianças com microcefalia. Essa sensibilidade está captada pelas lentes da fotógrafa Natália Borges, e exposta em 25 fotos registradas no ambiente de convivência na sede da Organização Não Governamental Abraço à Microcefalia.

A fotógrafa é voluntária na ONG e vive o dia a dia dessas famílias, que frequentam a Associação e já reconhecem seu trabalho. Os registros foram feitos de forma espontânea e sem agendamento, durante os eventos com as crianças. Segundo ela, o prazer de registrar esses momentos é algo inestimável. “O brilho no olhar das mães quando recebem uma foto de seus filhos é uma das sensações mais recompensadoras nesse trabalho”, afirma a fotógrafa.  Esta exposição já foi apresentada também em shopping da capital soteropolitana e também no Tribunal de Justiça de lá. “Buscamos promover a inclusão social através da fotografia com um profissional que vive o dia a dia dessas famílias”, afirma Joana Passos, administradora da ONG. 
 
Mara Rubia Oliveira dos Santos conta que a exposição de fotos tem sido um suporte importante para que as pessoas conheçam mais sobre a vida das mães e das crianças com alguma síndrome. Ela teve zika durante a gestação e seu filho, Ben, de um ano e seis meses, nasceu com uma paralisia. “O olhar das pessoas pra gente ainda é de pena, como se meu filho fosse um coitado, e ele não é. Sinto muito isso no meu dia a dia. Se ele fica doente, por exemplo parece como se ele não fosse uma pessoa normal que fica doente… Então a exposição permite que as pessoas conheçam que mães e crianças com alguma síndrome podem ter uma vida comum”, afirmou ela. 

Essas e outras exposições fazem parte da programação da Feira de Soluções para a Saúde – Zika, que será realizada de 8 a 10 de agosto no Cimatec em Salvador, BA. Clique aqui para conhecer o site da Feira, que traz as experiências já cadastradas e fazer sua inscrição. Reunindo parceiros nacionais e internacionais, a Feira é coordenada pela Fiocruz Brasília e pelo Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde da Fiocruz Bahia (Cidacs).