Pesquisa e formação em epidemiologia de campo são realizadas no DF

Fernanda Marques 22 de novembro de 2021


Um nível elevado de conhecimentos, atitudes e práticas relacionadas às medidas de prevenção da Covid-19, fato que pode estar associado à gravidade da doença e à consequente ampla divulgação de informações por diversos meios. Observa-se também que as variáveis de conhecimento apresentam correlação positiva com as práticas, o que indica a importância de ações educativas e de comunicação para reforçar cada vez mais a prevenção. Essas são algumas conclusões de uma pesquisa conduzida por alunos do Curso de Especialização em Epidemiologia Aplicada aos Serviços do SUS (EPISUS – Intermediário) no Distrito Federal. Realizada na última semana de outubro deste ano, a coleta de dados foi feita na Região Administrativa de Itapoã, com base em questionários aplicados pelos alunos a uma amostra representativa de cerca de 150 moradores. Além de gerar conhecimentos, esse trabalho faz parte da formação de profissionais de saúde em epidemiologia de campo, habilitados para investigar, em campo, eventos de interesse em saúde pública e intervir sobre eles.

 

As duas turmas do DF, que realizaram trabalhos em Itapoã e Planaltina, se somam a outras em todo o país. O EPISUS – Intermediário reúne um total de mais de 700 alunos e envolve 11 unidades da Fiocruz, sendo coordenado pela Fiocruz Brasília junto com o Ministério da Saúde. Ele vem sendo realizado desde maio deste ano na modalidade a distância, com atividades síncronas e assíncronas. Articulado com essas atividades, o trabalho de campo, presencial, permitiu colocar em prática as ferramentas, temas, conteúdos e conhecimentos abordados ao longo do Curso. “Esta etapa está conectada com o processo de formação em nível de especialização e guarda uma metodologia direcionada à epidemiologia de campo, que consiste em habilidades, ferramentas e competências para o exercício da investigação de eventos de interesse de saúde pública em campo”, afirma Marcus Vinicius Quito, um dos coordenadores do trabalho de campo no DF. De acordo com Marcus, a metodologia de treinamento utilizada foi construída internacionalmente, com expressiva contribuição do Centers for Disease Control and Prevention (CDC), dos Estados Unidos. “Uma tecnologia de formação pragmática e com manejo muito eficiente do ponto de vista da investigação, que oferece aos profissionais de saúde os elementos necessários para enfrentar eventos de saúde pública com conteúdo, sistematização e, sobretudo, resultado”, avalia.

 

Maria Beatriz Ruy, uma das tutoras que acompanharam a turma em Itapoã, os trabalhos pré-campo se iniciaram na segunda quinzena de setembro, com a organização do projeto de pesquisa. “A turma foi dividida em três subgrupos, cada um responsável por uma tarefa: revisão da literatura, metodologia de pesquisa e formulário de coleta de dados”, lembra. Na semana do trabalho de campo, o instrumento de coleta de dados foi finalizado, validado e aplicado. “Poucos moradores se recusaram a participar da pesquisa e a grande maioria foi muito receptiva com os alunos e tutores do campo”, comenta. Como tutora, Beatriz vem acompanhando alunos de diferentes localidades desde o início do Curso, de forma remota, por meio do Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) da Fiocruz Brasília e de encontros on-line. “O trabalho de tutoria consiste em consolidar junto aos alunos os conhecimentos apreendidos nas aulas virtuais, buscando esclarecer ao máximo as dúvidas apresentadas, bem como promover a interação entre os estudantes. Nos momentos síncronos, os alunos trocam experiências e conhecimentos adquiridos na rotina do trabalho, bem como expõem como o Curso tem colaborado para esse trabalho diário. Como tutora, auxilio os estudantes em como aplicar os conhecimentos epidemiológicos na rotina de trabalho”, conta.

 

O trabalho de campo no DF e nas demais localidades já foi concluído, mas o EPISUS – Intermediário segue com suas atividades até dezembro. Para Marcus, o Curso, que também existe nos níveis Fundamental e Avançado, contribui para o fortalecimento do Sistema Único de Saúde (SUS). “Os profissionais que têm a oportunidade de participar do Curso incorporam ferramentas e habilidades para desenvolver investigações de surtos ou outros eventos de interesse em saúde pública nas comunidades e, com isso, eleva-se a capacidade técnica e operacional para intervenções de saúde em campo mais efetivas”, destaca. “A formação possibilita a esses profissionais agir mais afirmativamente em eventos ou emergências de saúde pública, esclarecendo, intervindo e mitigando contextos que demandam maior intervenção por parte do SUS”, acrescenta. Dessa forma, o EPISUS tem fortalecido o corpo técnico de Secretarias Municipais e Estaduais de Saúde, dos Centros de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (CIEVS) e do próprio Ministério da Saúde. “Profissionais de saúde mais bem preparados para uma abordagem de epidemiologia de campo tornam o SUS mais capaz de enfrentar contextos diversos e adversos”, conclui.

 

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