Por Beatriz Muchagata (Colaboratório CTIS)
Projeto colaborativo entre a Fiocruz Brasília e a Unicentro aposta na participação popular e na inovação social para fortalecer territórios
O município de Pinhão, no Paraná, foi escolhido para abrir um projeto pioneiro que busca aproximar a ciência das realidades locais e fortalecer a construção coletiva de políticas públicas. A ação é resultado da parceria entre o CoLaboratório de Ciência, Tecnologia, Inovação e Sociedade (CTIS) da Fiocruz Brasília e o Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Comunitário da Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro), com tramitação em andamento no campus de Irati. A articulação é conduzida por Ione Rodrigues Correia, fisioterapeuta intensivista e pesquisadora dedicada às redes colaborativas em saúde.
A iniciativa tem como meta central criar pontes entre o conhecimento científico e os saberes comunitários, estimulando a autonomia territorial e o engajamento social. O ponto de partida será uma oficina de diálogos prospectivos territoriais, prevista para novembro, que pretende reunir diferentes atores locais em torno da reflexão e do planejamento coletivo.
Organizada em quatro momentos — investigação territorial, cartografia social, construção de futuros possíveis e elaboração de um plano popular de ação —, a oficina busca compreender os desafios e potencialidades de Pinhão, promovendo o desenho de estratégias que fortaleçam o cuidado, a cooperação e o desenvolvimento sustentável.
A proposta é voltada a lideranças comunitárias, movimentos sociais, representantes de instituições públicas, associações e demais grupos comprometidos com o desenvolvimento local.
Além de fomentar o protagonismo popular, o projeto prevê a formação de pesquisadores comunitários e a incubação de novas experiências na Fiocruz e na Unicentro, voltadas à criação de tecnologias sociais. As ações desenvolvidas em Pinhão integrarão uma rede sociotécnica nacional, reunindo universidades, serviços de saúde, centros de pesquisa e organizações da sociedade civil.
“Do atendimento nas UTI covid-19 aos atendimentos domiciliares entendi o significado de ciência cidadã, de saúde coletiva e da importância do alimento produzido pelo pequeno agricultor e do conhecimento popular em alimentação, chás e ervas medicinais. Aqui na nossa região se não fosse o conhecimento tradicional dezenas de pessoas teriam morrido durante a pandemia de covid-19. A união da ciência científica junto com o conhecimento das comunidades fará a ciência cidadã do futuro”, destaca Ione Rodrigues.