A Fiocruz Brasília e o Ministério da Saúde deram início ontem (2/6), à formação dos apoiadores educacionais do Projeto Nós na Rede. A iniciativa tem como principal objetivo qualificar 42 mil profissionais da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) do Sistema Único de Saúde (SUS) para o cuidado de pessoas em sofrimento mental e busca fortalecer o cuidado em liberdade e a valorização de práticas territoriais voltadas à desinstitucionalização e à redução de danos.
Durante a abertura do Seminário Nacional, a diretora da Fiocruz Brasília, Fabiana Damásio, destacou a importância estratégica do projeto e a relevância da atuação integrada com parceiros como o Conass, Conasems e as secretarias do Ministério da Saúde. Segundo Damásio, o projeto é uma resposta técnica e política à necessidade de transversalizar a saúde mental no SUS. “O desafio não é só lidar com a reforma psiquiátrica, mas fortalecer os serviços e as equipes para o atendimento à saúde mental, considerando todas as necessidades e urgências da população. É importante que a saúde mental esteja transversalizada em todas as secretarias para que a rede de atenção à saúde esteja fortalecida”, afirmou.
A coordenadora-geral de Ações Estratégicas de Educação na Saúde da Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde do Ministério da Saúde (Segets/MS), Érika Rodrigues, apresentou o histórico e os fundamentos do projeto, levando em consideração as especificidades e demandas de saúde mental dos mais de 5.500 municípios. Ela destacou que o território é central na construção da estratégia. “O Nós na Rede foi pensado para movimentar o território, para dizer: estamos olhando para a saúde mental. O ‘nós’ representa os laços entre pessoas, entre práticas, entre experiências, que queremos fortalecer com um cuidado humanizado, científico e efetivo.”
O coordenador-geral de Saúde da Família e Comunicação da Secretaria de Atenção Primária à Saúde da Secretaria de Atenção Primária à Saúde do Ministério da Saúde (SAPS/MS), José Eudes Barroso Vieira, relembrou o desmonte que a política de saúde mental sofreu nos últimos anos e defendeu a retomada das ações como prioridade. Ele enfatizou a importância de respeitar a diversidade e especificidades locais na formulação das estratégias: “Nosso SUS é vasto e diverso. A formação precisa ser capaz de escutar os territórios, reconhecer suas realidades e ampliar o olhar para além do modelo biomédico, valorizando o cuidado intersetorial, comunitário e integral”, destacou.
Também estiveram presentes no evento a assessora técnica do Departamento de Saúde Mental, Álcool e outras Drogas do Ministério da Saúde (Desmad) Márcia Oliveira, a assessora técnica do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) Luciana Toledo, além de mobilizadores estaduais, representantes estaduais da Saúde Mental, da Atenção Primária à Saúde e das Escolas de Saúde Pública.
O projeto Nós na Rede, é uma iniciativa da Fiocruz Brasília, por meio do Núcleo de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas (Nusmad), em parceria com o Ministério da Saúde, por meio das Secretarias de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde (SGTES), de Atenção Especializada à Saúde (SAES) e de Atenção Primária à Saúde (SAPS). A oferta formativa, que teve início neste ano, tem 120 horas de duração, é destinada a trabalhadores de nível médio, técnico e superior, e será implementado em todos os estados brasileiros. Ao todo, o processo seletivo superou 90 mil inscrições, demonstrando a grande demanda por qualificação na área.