Fiocruz participa da formação da primeira turma de Agentes Populares de Saúde do Campo com ênfase em Agroecologia no Bioma Pampa

Fiocruz Brasília 2 de junho de 2025


Juliana Chagas (Psat/Fiocruz Brasília)

A primeira turma de Agentes Populares de Saúde do Campo com foco em Agroecologia no Bioma Pampa concluiu sua formação no último dia 23 de maio, em Candiota, no Rio Grande do Sul. A iniciativa, realizada em parceria com movimentos sociais, como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), mobilizou comunidades camponesas da região e contou com a coordenação do Programa de Promoção da Saúde, Ambiente e Trabalho da Fiocruz Brasília, responsável pelo processo formativo.
 

A turma recebeu o nome de Ana Primavesi, em homenagem à agrônoma e escritora austríaco-brasileira reconhecida como referência internacional na agroecologia e na defesa do solo como organismo vivo. 

O evento de certificação reuniu famílias camponesas de territórios da reforma agrária dos municípios de São Gabriel, Livramento, Hulha Negra e Candiota. Também estiveram presentes representantes do poder legislativo local e federal, incluindo cinco vereadores da região e a deputada federal Maria do Rosário (RS), que entregou os certificados aos concluintes. A dirigente estadual do MST e coordenadora da iniciativa pelo movimento, Salete Carollo, destacou a importância da articulação entre saúde, território e agroecologia. O coordenador da formação, o  pesquisador em Saúde Pública André Fenner afirmou que a formação dos Agentes Populares de Saúde do Campo (APSC) revela-se uma estratégia fundamental para fortalecer práticas de cuidado e promoção da saúde enraizadas nas realidades dos territórios rurais do bioma pampa, sendo possível evidenciar múltiplas dimensões dessa formação, especialmente quando articulada com a agroecologia como paradigma alternativo de desenvolvimento e cuidado das populações do campo. 

A participação da Fiocruz na formação reafirma seu compromisso com a promoção da saúde em territórios do campo, da floresta e das águas, e com a valorização dos saberes populares e das práticas agroecológicas como estratégias de cuidado integral, justiça socioambiental e soberania popular. Do ponto de vista da saúde pública, a formação dos Agentes Populares de Saúde do Campo articulada à agroecologia é uma prática transformadora. Ela fortalece o protagonismo popular, valoriza os saberes dos territórios e propõe modelos de cuidado e bem viver alinhados com a sustentabilidade, a equidade e a justiça social. Trata-se de uma prática que desafia os modelos biomédicos e verticalizados de saúde, resgatando o território como espaço de vida, resistência, solidariedade e produção de saúde.