Fiocruz Brasília presente no Seminário de 20 anos do Lappis

Mariella de Oliveira-Costa 6 de novembro de 2020


Mariella de Oliveira-Costa

 

A diretora da Fiocruz Brasília, Fabiana Damásio, participou da mesa de abertura do Seminário Comemorativo de 20 Anos do Projeto Integralidade: Saberes e Práticas no Cotidiano das Instituições de Saúde, no dia 4 de novembro. Ela  lembrou as diferentes parcerias educacionais entre a Fiocruz e o Laboratório de Pesquisas sobre Práticas de Integralidade em Saúde (Lappis), que garantem a formação de pesquisadores com compromisso ético, respeito à democracia e participação ativa no aprimoramento do Sistema Único de Saúde (SUS). Diferentes setores da Fiocruz Brasília apoiam a realização do evento, que termina nesta sexta-feira (6/11). “O Lappis tem um caminho de fortalecimento de redes, intercâmbio de saberes e experiências, superação de dificuldades, construção e representação de pluralidade de ideias, o que possibilita o debate pelo SUS e para o SUS”, afirmou. Ela desejou que a iniciativa permaneça por muitos anos na academia brasileira, como uma “tessitura colaborativa”, citando a proposta do @escritos.de.nos, que divulga no Instagram relatos sobre a pandemia.

 

Também da Fiocruz, o director do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict), Rodrigo Murtinho, destacou durante a mesa de abertura o papel do SUS na capacidade de resistência do Brasil à pandemia, não só como um serviço de entregas e ofertas de saúde, mas como um Sistema que tem na integralidade um de seus princípios. “O Lappis é um ator central na tradução do que é a integralidade, na formação de pesquisadores e profissionais. A pandemia reforça as desigualdades informacionais e comunicacionais”, disse ele, que exemplificou como um dos produtos de sucesso na parceria com o Lappis a criação da Biblioteca Virtual em Saúde específica para o tema da Integralidade.

 

A coordenadora do Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital Sofia Feldman e professora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Leila Maria Madeira, ressaltou como a parceria de mais de uma década com o Lappis possibilita que, além das produções e divulgação de material científico, o Hospital aposte em projetos pensando na centralidade do usuário em primeiro lugar, não só como espaço de ensino e pesquisa. O professor da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) Fabio Hebert da Silva compartilhou uma carta-memória, e refletiu como estar no Lappis é muito além do que pertencer a um grupo de pesquisa, mas ser abrigado em um espaço de renascer constante entre pesquisas, estudos e produção de conhecimento.

 

Também participaram da abertura e lembraram a relação de suas trajetórias e instituições com o Lappis o vice-diretor do Instituto de Medicina Social da Uerj, Rossano Cabral Lima; o diretor do Instituto de Saúde Coletiva da UFF, Aluísio Gomes da Silva Júnior; a vice-presidente da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), Tatiana Engle Gerhardt; e o professor da Universidade Federal do Acre Osvaldo de Souza Leal Júnior.

 

A conferência de abertura do evento foi realizada pela professora Bethania Assy, do Departamento de Direito da PUC-Rio e da Uerj. Com o tema “Natalidade e o SUS”, ela explorou conceitos das obras de Hanna Arendt e Judit Butler ao afirmar que há no país uma biopolítica da pandemia. Segundo ela, as tentativas de  sucateamento do SUS expressam uma economia da morte. Em contrapartida, as pessoas mais expostas à morte, mais vulneráveis, que, em situações ‘normais’, já estão expostas à precarização da vida e à restrição de direitos, são as que desenvolveram estratégias não só para salvar suas próprias vidas, mas as vidas dos outros. “Experiências de extrema vulnerabilidade podem e geram resistências e empoderamento político pelos excluídos, com um compromisso ético de resistência comunitária. Os mais expostos à morte denunciam a ausência dos direitos, com uma nova semântica”, afirmou. 

 

Ela também problematizou que a Covid-19 traz outra experiência em relação ao outro: preciso proteger a vida dele para proteger a minha. Ressaltou a importância da resposta resiliente e cooperativa das comunidades brasileiras, lidando com a urgência melhor do que as instituições. “Comunidades organizadas sabem quem ali precisa de deslocamento, de kit de limpeza. Existe uma mobilização resiliente, pois se vive em um tempo e espaço de afirmação da morte, com proteção das vidas que estão mais expostas, significando que um vai salvar o outro porque a vida do outro vale a pena”, disse. Ela reforçou o compromisso do Lappis com a vida, e criticou a invisibilidade com que a sociedade trata a morte dos vulneráveis, encarada com indiferença e sem qualquer luto público. “Por que nossas vidas precárias não são passíveis de luto?”, finalizou.  

 

O Seminário Comemorativo de 20 Anos do Projeto Integralidade: Saberes e Práticas no Cotidiano das Instituições de Saúde foi organizado pelo Lappis, da Uerj, com apoio do Hosptial Sofia Feldman e da Fiocruz.

 

A Escola de Governo Fiocruz – Brasília, por meio dos Núcleos de Eventos, Técnico Administrativo e de Educação à Distância, apoiaram toda a programação online, e a instituição também organizou a Roda de Conversa sobre Serviços de Saúde e Populações em Situação de Rua, e a Ágora sobre Fake News e Saúde. A diretora da unidade participou, ainda, de reunião da BVS Integralidade e Saúde. Boa parte da programação foi transmitida e está acessível no canal da Fiocruz Brasília no Youtube.

 

Clique aqui para assistir à mesa de abertura do evento.

A conferência de abertura está disponível neste link.