Evento discute atuação conjunta das instituições de pesquisa e comunidades para solução de problemas locais

Nathállia Gameiro 21 de maio de 2020


Nathállia Gameiro

 

O coordenador de Integração Estratégica da Fiocruz Brasília, Wagner Martins, participou, nesta segunda-feira (18/5), do evento online “Governança Territorial para o Desenvolvimento Saudável e Sustentável”. Ele destacou a necessidade de sensibilizar outras pessoas a atuarem no campo da governança territorial, onde a sociedade pode e deve ser inserida no território para organizar a vida produtiva nesses locais. 

 

“A governança reúne processos, política, lei, regulamentos e estrutura de poder que administra o Estado e que requer a cooperação buscando o desenvolvimento do futuro. Que futuro queremos? Hoje queremos um futuro promissor, saudável e sustentável”, afirmou. O economista explicou os conceitos de governança e gestão como uma forma de entender o processo de tomada de decisão e da implementação de políticas no território. Ele criticou o processo de domínio da economia, que levou do extrativismo à exploração e o acúmulo de finanças e poder nas mãos de um pequeno grupo. “Neste momento de pandemia, em que a sociedade está passando por mudanças e aprendendo a viver de uma nova forma, uma nova economia precisar surgir. O desafio central é gerar uma nova governança que permita os recursos da sociedade voltarem a ser produtivos”, completou.

 

O pesquisador defendeu ainda um modelo de governança territorial onde o planejamento e a gestão acontecem com a participação social como, de acordo com ele, acontece na Europa. Para o pesquisador, no Brasil este valor tendia a ser mais forte, mas hoje o país passa por um retrocesso, com o olhar voltado para o crescimento da riqueza e não para o bem-estar social e busca de vida com qualidade para a população. Ele ressalta que os atores sociais podem atuar de forma inovadora na construção de soluções para os problemas e necessidades locais, articulando a inteligência técnica com a inteligência comunitária, já que os moradores locais entendem as vulnerabilidades sociais e econômicas dos territórios. 

 

O pesquisador falou sobre o curso de Especialização em Governança Territorial para o Desenvolvimento Saudável e Sustentável, realizado em parceria com o Instituto Federal de Brasília (IFB), e voltado para moradores e profissionais que atuam na cidade Estrutural que tenham vivenciado as situações de risco social no território e que possam interferir na governança das políticas da região. A Estrutural é uma região de vulnerabilidade, localizada a 11 km do centro de Brasília e que, por muitos anos, abrigou o segundo maior lixão do mundo e o maior da América Latina. 

 

“O curso surge na perspectiva de desenvolver a capacidade social de entender a realidade, como uma forma de contribuir para que a população se torne mais visível, criando a imagem do pesquisador popular que integra saberes e apresenta soluções para os problemas da sociedade. A comunidade recebe as informações, aprende a interpretar e articular com a realidade local. Tem se organizado e ganhado voz diante do poder público”, ressaltou. Durante o curso, foram criados comitês locais e projetos que têm a vida como elemento central e atuam no campo da economia, social e ambiental.

 

Participaram do evento a arquiteta urbanista e professora da Universidade de Brasília Liza Maria Souza, a socióloga e professora do IFB/Estrutural Caroline Santos e a professora da Universidade Federal da Bahia Ariadne Moraes.

Assista ao evento aqui