Educação em pauta na Fiocruz Brasília

Fiocruz Brasília 5 de setembro de 2018


A educação esteve em debate na Fiocruz Brasília nesta semana. Na tarde de ontem, 4 de setembro, teve início na instituição a III Jornada Ibero-Americana de Pesquisas em Políticas Educacionais e Experiências Interdisciplinares na Educação. O evento promovido pelo Instituto Federal de Brasília, Grupo Paideia e a Escola Fiocruz de Governo, contou com a participação de estudantes, profissionais da educação e pesquisadores. 

Durante a abertura, a diretora da Fiocruz Brasília, Fabiana Damásio, ressaltou que este é um momento para refletir quais são as esferas de luta e unir forças para seguir sustentando a educação de qualidade, os espaços de pesquisa, de educação não formal e espaços onde os alunos têm acesso à história do nossos país. Damásio lembrou que, no mês de setembro se comemora o aniversário de Paulo Freire, educador que ela considera exemplo de luta pela educação, pela criação da consciência social, luta pela sustentação da visão crítica e da ciência cidadã. 

Segundo a diretora, a ciência cidadã está presente nas atividades da Fiocruz Brasília, em busca de ampliar o acesso à educação, da necessidade de sustentar espaços de reflexão crítica e de atuação no território, comprometida com a realidade social.  Para ela, é preciso refletir sobre ações colaborativas em torno de processos educacionais para juntar forças e construir espaços de aprendizado além da sala de aula. 

O estudante de gestão pública Ancelmo Nascimento destacou o papel das políticas públicas no desenvolvimento nacional e afirmou que a educação é a porta de saída para o futuro e para o alcance de sonhos e projetos dos jovens. Ele acredita que pouco se fala sobre o papel da educação e da pesquisa no Brasil e ainda há pouco suporte aos pesquisadores, principalmente aos que estão iniciando a carreira. 

A juventude também foi citada na fala do reitor do Instituto Federal de Brasília, Wilson Conciani. Para ele, é preciso pensar em um modelo pedagógico para a nova geração, já que o atual modelo não atende às demandas desse público. De acordo com Conciani, mais de 50% dos estudantes deixam as escolas e quanto maior a idade, maior a evasão. 

“Estamos em um momento de muitas incertezas do ponto de vista ideológico, político e pedagógico. Precisamos reconhecer as dificuldades e encontrar novos caminhos para fazer a gestão da educação e a transformação da sociedade”, afirmou. 

A professora da Universidade de Brasília Ilma Passos de Alencastro Veiga concorda que é preciso buscar caminhos inovadores para a educação. Durante a palestra de abertura, ela analisou as políticas públicas na área da educação implementadas nos últimos dois anos, em duas perspectivas: democrática e tecnocrática. 

Os exemplos analisados foram a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) dos Ensinos Fundamental e Médio, a Base Nacional da Formação de Professores e a Política de Regulação e Avaliação da Educação Superior. 

Ilma apresentou também o conceito de política educacional, que são decisões que o poder público toma em relação à educação. Para ela, há duas questões que devem ser levadas em conta, a resistência de manutenção da educação pública e a descontinuidade da política educacional, que faz com que ela sofra alterações sucessivas. 

Como efeitos de algumas dessas políticas, a pedagoga citou a subordinação da educação aos interesses econômicos, a falta de autonomia e de participação dos docentes em alguns processos, a exacerbação do processo de desumanização do trabalho dos professores, o prolongamento da jornada de trabalho, a instabilidade e ameaça de desemprego. 

Que educação queremos para o futuro? Esta foi a pergunta que a pedagoga deixou para a reflexão da plateia. Ilma destacou que busca a democratização do acesso, da garantia da permanência e da qualidade da educação, o respeito à diversidade e pluralidade das características sociais, econômicas e culturais dos alunos e uma educação integrada, interdisciplinar e com diálogo. 

Jorneduc
Esta é a terceira edição do evento. Para o diretor-presidente do Grupo Paideia, Luciano Dartora, o Jorneduc permite a troca de conhecimentos e experiências de pessoas de diferentes instituições, promove a reflexão sobre a pesquisa em políticas públicas educacionais e as experiências interdisciplinares na educação, além de promover discussões sobre efetividade das ações governamentais que buscam melhorar as condições de formação. A primeira edição foi realizada em Brasília e a segunda em Natal, Rio Grande do Norte. Luciano anunciou que a próxima edição do evento será realizada em Salvador, Bahia e há previsão para que, em 2020, seja na Universidad Carlos III em Madri, Espanha. 

Durante o evento, foram apresentados trabalhos científicos nos eixos temáticos de Políticas públicas educacionais, Educação e trabalho, Educação e diversidade e Educação, uso de tecnologias e sociedade do conhecimento. O evento contou também com apresentação do coral da Fiocruz Brasília, composto por colaboradores de diversas áreas da instituição.