Juliana Chagas (Psat/Fiocruz Brasília)
O Programa de Saúde, Ambiente e Trabalho (Psat), da Fiocruz Brasília, participou do II Congresso Brasileiro de Trabalho, Subjetividade e Práticas Clínicas (CONTRAB), realizado entre os dias 4 e 6 de junho de 2025, em Corumbá (MS). Promovido pela Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS), o evento reuniu a comunidade acadêmica em uma cidade marcada pela diversidade cultural e pelos desafios sociais e ambientais da região.
A pesquisadora e psicóloga Pamela Vasconcelos, membro do Psat, apresentou a pesquisa no “Eixo II – Trabalho no Capitalismo Contemporâneo”, com o título “Vivências de Prazer e Sofrimento: Um Estudo com Trabalhadores de Saúde do Campo na Pandemia”, que evidenciou as históricas desigualdades em saúde nos territórios rurais, a urgência de reconhecer e acolher o sofrimento psíquico dos trabalhadores da Atenção Primária à Saúde (APS) no campo, e refletiu sobre o trabalho como fonte simultânea de prazer e sofrimento.
O objetivo foi analisar as relações intersubjetivas e intrapsíquicas no contexto laboral, mapear sentimentos de utilidade, indignidade e reconhecimento, e compreender os impactos sociopolíticos e econômicos da pandemia sobre o trabalho.
A pesquisa com abordagem quanti-qualitativa foi feita no período de maio de 2021 a partir da participação de 13 profissionais, sendo eles técnicos, médicos, enfermeiros e ACS, de três Unidades Básicas de Saúde da Região Administrativa de Planaltina-DF. Os instrumentos utilizados foram a Escala IRIS (Inventário de Riscos de Sofrimento Patogênico) e entrevistas semiestruturadas.
A pesquisadora apontou os resultados como os fatores de sofrimento em condições e organização de trabalho, pelas longas distâncias e ausência de transporte, a estrutura inadequada das UBSs, a sobrecarga de trabalho acentuada durante a pandemia, e o medo de contaminação de trabalhadores e de seus familiares.
A participação do Psat no CONTRAB reforça a importância de incorporar a dimensão subjetiva do trabalho nas políticas públicas de saúde, especialmente nos contextos rurais e periféricos. A pesquisa apresentada contribui para o reconhecimento dos desafios enfrentados pelos trabalhadores da APS no campo e para a formulação de estratégias institucionais que promovam o cuidado, o bem-estar e a valorização desses profissionais essenciais para o SUS.