Saúde na escola pauta mesa de debate pré-Abrascão

Adrielly Reis 5 de dezembro de 2025


Discutir os resultados do estudo que avaliou o Programa Saúde na Escola (PSE), de autoria da pesquisadora da Fiocruz Brasília, Luciana Sepúlveda, diretora executiva da Escola de Governo Fiocruz-Brasília (EGF-Brasília), foi o objetivo da mesa-redonda Saúde na Escola: enfrentando o desafio da intersetorialidade. A mesa foi realizada no dia 28 de novembro como atividade prévia do 14º Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva (Abrascão 2025), realizado entre os dias 28/11 e 3/12, em Brasília.

 

A pesquisa avaliou a efetividade do PSE, que prevê políticas de saúde e educação voltadas às crianças, adolescentes, jovens e adultos da educação pública brasileira, nas esferas federal, estadual e municipal em todas as regiões do país. Segundo Luciana Sepúlveda, o objetivo é de que o estudo tenha incidência e colabore com a estruturação dessa política pública, além de dar voz aos gestores de saúde e educação nos estados e municípios.

 

“A escola é o lugar de segurança e proteção no imaginário das pessoas e dos alunos. Mas como está a estrutura dessa escola?”, questiona a pesquisadora Luciana Sepúlveda.

Em suas descobertas, Sepúlveda verificou que o Programa é mais efetivo nas escolas em que há maior participação da comunidade, onde os alunos têm voz e os pais são mais envolvidos na vida escolar dos filhos. Também foi observado que, em escolas com grêmios estudantis, os jovens são mais engajados.

 

Apesar de o PSE atingir a maioridade em 2025 – a política intersetorial dos Ministérios da Saúde e Educação foi instituída em 2007 pelo Decreto Presidencial nº 6286 – o desafio ainda é torna-lo conhecido da população, de acordo com a pesquisadora. “A sociedade ainda não conhece o PSE e a sua funcionalidade, nem pais, alunos e até os próprios professores de muitas escolas que aderiram ao Programa”, ressalta Luciana Sepúlveda.

 

Para o diretor de articulação intersetorial do Ministério da Educação (Sase/MEC), Antônio Claret, que participou da mesa-redonda, é preciso pactuar com quem está na ponta. “Entender a realidade e o dia a dia dos professores”, defendeu.

 

A pesquisa evidenciou também os desafios encontrados nas escolas pelo Brasil afora: gravidez na adolescência, violência no seu sentido mais amplo e questões de saúde mental. “O jovem tem uma percepção promocional da saúde. Em relação à saúde mental, muitos solicitam a presença de psicólogos nas escolas, inclusive”, assinala a diretora executiva da EGF-Brasília, que defende que haja um letramento sobre o que é o Sistema Único de Saúde (SUS) para os adolescentes nas escolas.

 

“A pesquisa veio mostrar a importância da intersetorialidade para a educação e a promoção de saúde nas escolas, da qualificação em diferentes instâncias”, definiu a chefe de Saúde e Nutrição do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) no Brasil, Luciana Phebo, que defendeu, ainda, que o PSE precisa contemplar também os adolescentes.