PNAISM 20 anos: encontro reúne trabalhadoras das Regiões Sul e Sudeste do país

Fiocruz Brasília 12 de dezembro de 2025


Bárbara Anaissi e Bia Fioretti (Nusame/Fiocruz Brasília)

 

“O SUS é um legado maravilhoso de cidadania. Nós somos uma clara menção do que um país pode fazer em termos de cidadania, da busca da redução da desigualdade na área da Saúde. A gente está só se reaquecendo para lutar para que cada mulher que entre em contato com o SUS hoje, em qualquer momento do seu ciclo de vida, possa dizer: que bom que o SUS está aqui”, afirma Cynthia Magluta, coordenadora de Ações Nacionais e de Cooperação do Instituto Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz).

 

Nos dias 4 e 5 de dezembro, na Fiocruz Brasília, o 3º Encontro Regional para fortalecer as ações em Saúde Integral da Mulher no SUS reuniu trabalhadoras das Regiões Sul e Sudeste. Representantes da gestão, da academia, instituições, controle social e movimentos sociais debateram o SUS como experiência de cidadania e o fortalecimento para os próximos 20 anos da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher (PNAISM).

 

Na abertura do encontro, além de Cynthia Magluta também participaram: Luciana Sepúlveda, diretora executiva da Escola de Governo Fiocruz-Brasília; Olívia Lucena, diretora do Departamento de Gestão do Cuidado Integral da Secretaria de Atenção Primária à Saúde do Ministério da Saúde (SAPS/MS); Thatiane Torres, coordenadora do núcleo da Rede Alyne (DAHU/SAES/MS); Tainá Raiol e Luiza Acioli, ambas do Núcleo de Saúde da Mulher (Nusame/Fiocruz Brasília), refletiram sobre os avanços e desafios da Política vivida no cotidiano e a importância do diálogo entre diferentes políticas para a integralidade do cuidado. Cynthia destacou a equidade e a cidadania no SUS e o debate possibilitado pelo evento como fundamental para a construção dos próximos 20 anos da PNAISM, inspirando os dois dias de discussão.

 

Machismo estrutural e perda de direitos das mulheres, o desafio de fortalecer a Atenção Primária à Saúde para olhar a mulher em seus diferentes ciclos de vida, a importância da educação popular em saúde reprodutiva, reflexões sobre saúde e um projeto de país foram alguns dos temas debatidos no Café com Ideias. A roda de conversas foi mediada por Andreza Rodrigues, do Nusame/Fiocruz Brasília, com a presença de Rosa Anacleto, coordenadora da Comissão Intersetorial de Saúde da Mulher do Conselho Nacional de Saúde (CISMU/CNS); Luiza Menezes, da Secretaria da Saúde do Rio Grande do Sul; Simone Diniz, da Universidade de São Paulo (USP); e Ligia de Gaia, da SAPS/MS.

 

A qualidade de vida e a saúde da mulher em tempos de violência

Em tempos de escalada de feminicídio no território nacional, fica como importante lembrete o comentário de Carolina Poliquesi, da Divisão de Atenção à Saúde da Mulher da Secretaria da Saúde do Paraná: “Nós sempre estamos em torno de indicadores importantíssimos, como mortalidade materna, mortalidade infantil, sífilis, gravidez na adolescência. E o que eu sinto falta há muitos anos é que a gente tenha indicadores que tratem da qualidade de vida das mulheres”. O debate foi continuado por Andreza Rodrigues: “Sobre o bem-viver, de como se vive e que qualidade de vida é essa que as mulheres têm tido, a gente ainda precisa pensar como é que a gente reconhece esses indicadores”. Olhar a segurança como principal caminho para a mulher desponta como importante reflexão.

 

O evento é parte de ação promovida pela Coordenação-Geral de Atenção à Saúde das Mulheres do Departamento de Gestão do Cuidado Integral (CGESMU/DGCI/SAPS/MS), Fiocruz Brasília e IFF/Fiocruz de resgate, memória, reflexão e construção a partir do marco dos 20 anos da PNAISM, completados em 2024. Como parte dessa ação, nos três Encontros foi realizada uma Mostra de Experiências Locais, para fortalecer a política a partir de vivências reais e transformadoras nos territórios. Essa mostra valoriza práticas que ampliam o acesso, a resolutividade e a integralidade do cuidado, reconhecendo o papel essencial de todas as regiões na construção de estratégias sensíveis às diversidades e às especificidades locais.

 

Encontros regionais

O primeiro encontro aconteceu nos dias 29 e 30 de outubro, reunindo participantes do Centro-Oeste e do Norte. Em novembro, nos dias 12 e 13, foi a vez de participantes do Nordeste ocuparem a Fiocruz Brasília em nova rodada de reflexão e construção. Em março de 2026, acontecerá um Encontro Nacional, reunindo as contribuições regionais para fortalecer as ações em Saúde Integral da Mulher no SUS.