Estrutura modular fortalece sociobioeconomia amazônica e valoriza o trabalho de extrativistas no Pará
Beatriz Muchagata
BELÉM (PA) – Durante a programação da Agrizone Ecomodular da COP30 no último dia 20 de novembro de 2025, foi apresentada a Estação de Processamento de Plantas Medicinais e Castanhas, que será instalada no município de Limoeiro do Ajuru (PA). A iniciativa integra o Programa Intersetorial de Bioeconomia das Plantas Medicinais e Fitoterápicos na Agricultura Familiar, desenvolvido com participação do CoLaboratório de Ciência, Tecnologia, Inovação e Sociedade (CTIS) da Fiocruz Brasília, Embrapa e organizações parceiras. O projeto foi anunciado como um marco para a ampliação das cadeias produtivas da sociobioeconomia amazônica.
A Estação, construída com tecnologia modular e nômade, utiliza placas PIR, que garantem leveza, eficiência térmica e fácil deslocamento — permitindo que a estrutura seja reinstalada em diferentes territórios a cada dois anos. O objetivo central é qualificar o processamento de plantas e castanhas medicinais, especialmente o óleo de andiroba, produto mais citado pela comunidade local e de grande relevância econômica e cultural.
Localizada em Limoeiro do Ajuru, no Baixo Amazonas, a Estação ocupará uma área de 275 m² e foi planejada para beneficiar diretamente agricultores familiares, extrativistas e cooperados, gerando trabalho e renda a partir da biodiversidade amazônica. A escolha do território se deu pela proximidade com áreas de extrativismo e pela forte tradição na coleta de espécies como andiroba, caju, patauá, bacaba, buriti e pracaxi.

O projeto também busca fortalecer práticas sustentáveis, reduzir perdas no processamento artesanal e garantir padrões de qualidade para mercados regional, nacional e internacional. A iniciativa inclui ainda a capacitação de comunidades em manejo, gestão e extração a frio de óleos vegetais, com integração entre saberes tradicionais e tecnologias sociais.
A apresentação na Agrizone destacou como a Estação de Processamento será um equipamento estratégico para a bioeconomia, articulando saúde, conservação da sociobiodiversidade e desenvolvimento de territórios sustentáveis, solidários e saudáveis.
“Conseguimos fazer o lançamento de um produto que tem a qualidade de reunir vários elementos que foram temas das discussões na COP30, como: ciência e conhecimento tradicional; proteção da floresta; fornecimento da agroecologia; economia popular e solidário; a sustentabilidade; o desenvolvimento das comunidades e de suas capacidades de resiliência. Estou muito feliz por saber que estamos envolvidos com muitas parcerias que estão disseminando a solução de biotecnologia agroecológica das plantas medicinais”, destacou Wagner Martins, coordenador do CoLaboratório CTIS.
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