Por Fiorenza Cardore (CTIS)
Em um cenário global que demanda novas formas de cooperação e solidariedade, a Fiocruz Brasília, por meio do CoLaboratório de Ciência, Tecnologia, Inovação e Sociedade (CTIS), deu mais um passo na consolidação da cooperação Sul-Sul. Entre os dias 3 e 7 de outubro, a equipe do CTIS esteve em Santa Marta, na Colômbia, fortalecendo parcerias com a Universidad del Magdalena e com a Secretaria de Saúde local.
A iniciativa integra a expansão do modelo de CoLaboratórios Territoriais, espaços voltados à produção colaborativa de conhecimento e à construção de soluções para desafios relacionados à saúde, ao meio ambiente e à governança. A ação alia novos conhecimentos em um processo codesenhado para quatro tecnologias sociais, que serão disponibilizadas na Sala de Cooperação Social. Durante a missão, os pesquisadores visitaram as comunidades de Maria Eugenia, San Pablo e Colinas del Pando, dialogando com moradores, registrando saberes locais e mapeando oportunidades para aplicação de tecnologias sociais voltadas à promoção de territórios saudáveis, sustentáveis e solidários.
“Cada território tem sua própria inteligência. Nosso papel é conectar essas experiências, fortalecendo redes de confiança e aprendizagem mútua”, destacou Edward Maia, um dos pesquisadores da Fiocruz Brasília integrantes da comitiva.
Ao longo da missão, os grupos Radar de Territórios, Saúde Digital e Inteligência Cooperativa atuaram de forma integrada, fortalecendo a articulação entre diferentes áreas do conhecimento.
No campo acadêmico, a equipe apresentou na Universidad del Magdalena os mais recentes estudos e projetos desenvolvidos pelo CTIS, abordando temas como inteligência cooperativa aplicada a territórios, cartografia social participativa e vigilância popular em saúde. As discussões enfatizaram a importância de adaptar metodologias participativas aos contextos locais, ampliando a capacidade de resposta social e institucional.
“Em Santa Marta, tivemos a oportunidade de confirmar que a metodologia de Diálogos Prospectivos Territorial é potente e aderente a língua e cultura diferente para promover a governança popular. Membros das comunidades locais, acadêmicos e técnicos de políticas públicas, refletiram sobre a determinação socioambiental da saúde e os futuros possíveis para a cidade, antecipando ameaças e oportunidades. Foi maravilhoso ver o processo de reflexão estratégica e a troca de saberes comunitários, sendo facilitado pela metodologia de inteligência de futuro e de seus instrumentos. As pessoas, mesmo de idioma e cultura diferente dos brasileiros, ficaram muito felizes com processo e os resultados obtidos”, destaca Wagner Martins, coordenador do CoLaboratório de Ciência, Tecnologia, Inovação e Sociedade (CTIS).
Um dos destaques foi a oficina de investigação territorial e cartografia social, realizada com docentes e estudantes da universidade colombiana. Os resultados subsidiarão o planejamento prospectivo com o Modelo de Diálogos Prospectivos (DPT), ferramenta metodológica desenvolvida pela Fiocruz para apoiar a construção de futuros desejáveis e estratégias sustentáveis.
Ao final, foi constituído um comitê social local, com sugestões de dinâmicas de rede para manter a articulação ativa entre os participantes. A atividade contou com ampla dedicação da comunidade e de representantes técnicos, que participaram durante todos os dias da agenda. “Para nós, do CoLaboratório, foi um momento significativo, que demonstra como a metodologia é robusta, adaptável, reaplicável e escalonável”, ressaltou a equipe.
Encerrando a missão, a reunião com o Núcleo de Inovação da Universidad del Magdalena promoveu a troca de portfólios institucionais e a identificação de oportunidades de replicação de soluções em ambos os países. A iniciativa reforça o papel da inteligência cooperativa como instrumento de diplomacia científica e cooperação internacional, conectando ciência, políticas públicas e comunidades.
Para uma segunda fase da cooperação, foi realizada reunião com o vice-reitor da Universidad del Magdalena, Jorge Enrique Elías Caro, que manifestou interesse em consolidar um programa de formação de pesquisadores populares, com foco na capacitação, concessão de bolsas de estudo e desenvolvimento de pesquisas cidadãs. A proposta busca fortalecer a organização e o protagonismo das comunidades, promovendo sua participação em espaços de governança e contribuindo para o desenvolvimento saudável, sustentável e solidário dos territórios.
“A visão e os saberes locais são imprescindíveis para a implementação da Agenda 2030. A cooperação entre Brasil e Colômbia demonstra que o conhecimento compartilhado é a base da transformação sustentável”, destacou Edward Maia.
Com essa ação, a Fiocruz Brasília reafirma seu compromisso com a ciência cidadã, a inovação social e a transformação digital em saúde, consolidando-se como referência em governança colaborativa e cooperação latino-americana.
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