Seminário da Fiocruz debate proteções contra a desinformação

Fiocruz Brasília 5 de agosto de 2025


Dalila Brito (Fiocruz Bahia)

 

A Fiocruz, a Universidade Federal da Bahia (UFBA), a Universidade do Estado da Bahia (Uneb) e a Universidade Federal Fluminense (UFF) promoveram, entre os dias 29 e 31 de julho, o Seminário Educação, Informação, Comunicação e Saúde: Proteções Contra a Desinformação. O evento reuniu cerca de 500 participantes, entre pesquisadores, professores, estudantes, usuários do Sistema Único de Saúde (SUS), profissionais da saúde, da comunicação e de diferentes áreas do conhecimento, além de autoridades, membros de instituições públicas, acadêmicas e científicas. 

 

Foram 115 trabalhos inscritos, 65 avaliadores, 50 monitores e mais de quarenta palestrantes, que se distribuíram por conferências, mesas-redondas, rodas de conversa e apresentações de pesquisas e relatos de experiências de grupos de trabalho. Sediado no Instituto Gonçalo Moniz (Fiocruz Bahia), em Salvador, o evento ainda contou com uma programação que incluiu oficinas voltadas para mais de cem estudantes do ensino médio de escolas públicas da capital baiana, realizadas na Faculdade de Comunicação da UFBA. 

 

A mesa de abertura contou com a presença do diretor da Fiocruz Bahia, Valdeyer dos Reis; da vice-presidente de Educação, Informação e Comunicação (Vpeic/Fiocruz), Marly Cruz – que representou o presidente da Fundação, Mário Moreira; da reitora da Uneb, Adriana Marmori; da diretora de Popularização da Ciência, Tecnologia e Educação Científica do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, Juana Nunes; e do presidente da comissão organizadora do evento, Antonio Brotas.

 

A cerimônia de abertura foi iniciada com a fala de Brotas, que deu as boas vindas a todas as pessoas presentes e falou sobre o esforço coletivo para a realização do evento. “Esse é um seminário multidisciplinar e interinstitucional, concebido da necessidade de pensar o enfrentamento à desinformação em saúde, ciência ou em qualquer campo. A desinformação é um fenômeno multifacetado e as ações precisam ser coordenadas e organizadas”, afirmou.

 

Em seguida, o diretor da Fiocruz Bahia, Valdeyer dos Reis, falou sobre a importância de promover ações e debates em defesa da ciência. “Esse evento reafirma o papel das instituições e das pessoas presentes com a defesa do conhecimento científico como um bem público e a saúde como um direito de todos. Que ele seja um espaço vivo de aprendizado, articulação e esperança por tempos melhores”, disse.

 

Adriana Marmori, reitora da Uneb, também defendeu a importância de promover diálogos sobre a ciência e o fazer científico. “É uma alegria ver um tema tão importante sendo o foco das discussões. Vocês conseguiram trazer um tema que agrega pesquisa, produção, formulação da ciência e a reflexão em uma conjuntura que nós estamos vivenciando que é extremamente evidente e necessária. Eu quero parabenizar cada pessoa que está aqui durante esses dias, trazendo suas inquietações, suas pesquisas, suas formulações, fazendo que outras pessoas se agreguem para que possamos estar, de fato, construindo e reconstruindo a pátria que nós queremos”, ponderou.

 

A vice-presidente Marly Cruz reafirmou o compromisso da Fiocruz com a ciência, a saúde e a defesa do SUS, destacando o papel da divulgação científica e da popularização da ciência neste contexto. “Esse é também um agradecimento por estarmos caminhando de mãos dadas pra poder enfrentar essas e outras ameaças à nossa saúde pública, ao nosso país, a nossa democracia. Que a gente possa continuar caminhando juntos, de mãos dadas para que possamos construir um Brasil melhor e para que possamos construir também uma saúde pública mais viva e mais potente naquilo que a gente hoje precisa para um bem viver”, defendeu.

 

Por fim, Juana Nunes defendeu o tema do seminário como essencial para toda a sociedade.  “O debate sobre a desinformação e a aliança que ele tem com o tema da popularização da ciência, da divulgação científica e de uma educação de qualidade é essencial… Nós não temos um desafio pequeno.  Nós temos que enfrentar esses desafios e disputar com uma força desigual que tanto molda as mentes e a forma como a gente vê o mundo”, ressaltou.

 

O evento também contou com a Conferência de Abertura Desafios Contemporâneos no Enfrentamento à Desinformação, ministrada pelo professor da UFF e pesquisador do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT), Marco Schneider. O convidado abordou os desafios relacionados ao debate regulatório sobre plataformas e a própria Inteligência Artificial, que tocam em questões sensíveis como a liberdade de expressão, que por sua vez confronta as noções de liberdade individual e coletiva, especialmente diante das crescentes ondas de desinformação e fraudes generalizadas. O conferencista também é coordenador da Rede Nacional de Combate à Desinformação (RNCD) e editor da Liinc em Revista e da International Review of Information Ethics (IRIE).

 

O Seminário Educação, Informação, Comunicação e Saúde: Proteções Contra a Desinformação teve o apoio da Fundação de apoio à Fiocruz (Fiotec); do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq); da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (Fapesb); da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação (SECTI) do Ministério da Saúde; da Fiocruz Brasília e do Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para a saúde (Cidacs/Fiocruz Bahia).

 

Prêmio Igor Sacramento

Após a mesa de abertura, foi realizada uma homenagem ao jornalista e pesquisador da Fiocruz, Igor Sacramento, que faleceu no dia 21 de abril de 2025, em decorrência de uma meningite bacteriana. Durante a cerimônia do prêmio que carrega o nome de Igor, o diretor do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict/Fiocruz), Adriano Silva, lembrou a trajetória de jornalista e pesquisador, e suas contribuições para a instituição e para a produção científica brasileira. 

 

“É muito especial ter um evento onde estamos juntos pensando como fazer o enfrentamento da desinformação e poder ter também o presente que é o Prêmio Igor Sacramento…Igor era alegria, era muita seriedade, rigor acadêmico e rigor científico, mas também, muita alegria, muita potência e muita, muita inspiração”, reforçou Adriano.

 

O prêmio contemplou três trabalhos apresentados durante o seminário, com o objetivo de reconhecer e estimular o desenvolvimento de pesquisas acadêmicas, iniciativas institucionais e projetos extensionistas que oferecem alternativas para o enfrentamento à desinformação.

 

Os participantes João Victor Paixão de Jesus e Deboraci Brito Prates, da UFBA, foram os vencedores na categoria Melhor Trabalho, com o projeto intitulado A cor da desinformação: uma análise qualitativa de mídias sobre fotoproteção e saúde da população negra no Brasil.

 

Os participantes Viviane Giusti Balestrin, Ana Valéria Machado Mendonça, Aline Melo, Luís Maciel Costa e Isabel Christina Raulino Miranda, da Universidade de Brasília (UnB), foram contemplados com menção honrosa com o artigo Capacitismo e Superdotação: Entre a Invisibilidade e a Desinformação na Sociedade.

 

A segunda menção honrosa foi para o artigo Educação em Informação no Combate à Desinformação: Relato de Experiência de Projeto de Extensão Universitária com a Iniciação Científica no Ensino Médio, que tem como primeira autora Marianna Zattar, da Fiocruz. O trabalho tem co-autoria de Nysia Oliveira de Sá, Rute da Silva Cavalcanti, Raphaella Teodoro e Bruna Castro, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), e Laura de Azeredo Santos, também da Fiocruz.

 

Fotos: João Franco e Dalila Brito 

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