Relato de Lesli dos Santos Araujo (julho/2025)
Vinda de Salvador, na Bahia, há pouco mais de um ano, Lesli dos Santos Araujo é residente da primeira turma do Programa de Residência Multiprofissional em Vigilância em Saúde da Escola de Governo Fiocruz-Brasília (PRMVS). A soteropolitana é prova viva de que conselho bom de amiga se deve seguir, pois foi assim que ela encontrou o edital de seleção do PRMVS. E, desde então, deu início à sua jornada pela vigilância em saúde e garante: “ao longo do percurso, pude me reconhecer na saúde pública e fortalecer meu compromisso com a coletividade. Mesmo que a maioria das pessoas não conheça essa faceta do SUS, a vigilância em saúde atravessa a vida de todas as pessoas”.
A residência para mim é a realização de um sonho que eu nem pensava em sonhar.
Sou farmacêutica formada pela Universidade Federal da Bahia e descobri, no final da minha graduação, que a vigilância em saúde era o que fazia meu coração palpitar, embora soubesse desde o início que desejava atuar na saúde pública. Coincidentemente, uma amiga me mostrou o edital de seleção e encontrei o Programa de Residência Multiprofissional em Vigilância em Saúde da Escola de Governo Fiocruz-Brasília (PRMVS). Faz pouco mais de um ano que me mudei de Salvador (BA) para Brasília (DF) e componho a primeira turma do PRMVS.
No meu primeiro semestre de residência, passei pela vigilância epidemiológica, a minha vigilância do coração. No Núcleo de Vigilância Epidemiológica e Imunizações da Região Leste, acompanhei o acirramento da epidemia de dengue no Distrito Federal, o que me impulsionou a desenvolver análises, informes, georreferenciamento (plotar informações de doenças em mapas), além de poder atualizar os gestores e demais órgãos atuantes no combate à dengue e outras doenças quanto ao cenário epidemiológico da região. Também pude acompanhar e realizar treinamentos de diferentes doenças e agravos à saúde, participar de levantamento de cobertura vacinal e de campanhas de vacinação, dessa vez como profissional. Fui desafiada, me desafiei e, por vezes, até pensei que não daria conta, mas foi um período de crescimento profissional imenso e de entender o papel da vigilância para as pessoas.
Meu segundo campo foi o Núcleo de Inspeção Brasília-Sul da Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF), um núcleo da vigilância sanitária responsável por fiscalizações e pelo licenciamento das empresas cujas atividades possam interessar à saúde. Aprendi que a vigilância sanitária está em muitos lugares que não percebemos no cotidiano e que todos os processos envolvidos na produção e circulação de bens podem impactar a saúde pública. O meu trabalho se debruçou em fiscalizar clínicas de estética que tinham pendências no processo de licenciamento ou que sabidamente tinham irregularidades nas suas práticas. Sem dúvidas um trabalho dinâmico, que ensina com a prática e que te faz querer aprender sempre mais.
Vou finalizar a residência no Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (CIEVS) do Distrito Federal, local responsável pela detecção, monitoramento e resposta oportuna a eventos de importância em saúde pública. Além da investigação epidemiológica e da busca de notíciasnacionais e internacionais que sejam relevantes à saúde, o CIEVS atua em diversas frentes pensando na preparação e resposta às emergências. Trabalho com educação em saúde, planos de contingência, monitoramento de eventos de massa (shows, festivais, etc.), vigilância da malária, comunicação de risco, dentre outras atividades. Costumo dizer que é o lugar que não deixa um surto virar uma epidemia.
Ao longo do percurso, pude me reconhecer na saúde pública e fortalecer meu compromisso com a coletividade. Além disso, ter contado com uma coordenação acolhedora e colegas que compartilham os desafios com leveza e parceria fez toda a diferença nessa caminhada intensa, mas profundamente transformadora. Mesmo que a maioria das pessoas não conheça essa faceta do SUS, a vigilância em saúde atravessa a vida de todas as pessoas, sempre considerando de que forma as condições de vida impactam no processo saúde e doença.
Foi na vigilância que eu encontrei o meu lugar como farmacêutica do SUS.
“Dê Letras à Sua Ação” busca divulgar artigos assinados por colaboradores e estudantes da Fiocruz Brasília sobre iniciativas relacionadas a seus trabalhos ou de seus colegas. Os relatos são de responsabilidade de seus autores.
Imagens: arquivo pessoal.
LEIA TAMBÉM