“A Fiocruz é uma instituição dedicada à ciência e à tecnologia em favor da vida. É isso que nos move desde o início da nossa atuação, em 1900”. Foi com essas palavras que o presidente da Fiocruz, Mario Moreira, abriu sua fala na sessão solene realizada na terça-feira (16/9), no plenário do Senado Federal, em homenagem aos 125 anos da Fundação Oswaldo Cruz. Ele destacou que, ao longo de sua trajetória, a instituição tem atuado em múltiplas frentes: educação, comunicação, pesquisa, vigilância, desenvolvimento tecnológico e produção de insumos, sempre em benefício da saúde pública brasileira.
Moreira relembrou a história da Fundação e os desafios de saúde pública que impactaram a qualidade de vida da população e o desenvolvimento econômico do país, como febre amarela, peste bubônica e varíola, além dos desafios políticos. “Estes 125 anos de história fizeram da Fiocruz uma instituição singular no mundo, que se desenvolveu a partir das necessidades da sociedade brasileira e do Sistema Único de Saúde (SUS). Isso nos traz uma responsabilidade muito grande pela amplitude de ações e diante de um país que mostra grandes desigualdades. Estamos cientes da responsabilidade que a Fundação tem com a saúde da população brasileira e a saúde global”, afirmou.
O presidente também chamou atenção para os novos desafios que surgem diante do envelhecimento populacional, que demanda avanços cada vez mais sofisticados no tratamento de doenças, como câncer e enfermidades cardiológicas e neurodegenerativas. “Estamos em um momento de inflexão muito importante em que a Fiocruz, com os pés fincados em sua tradição de 125 anos, traz no seu projeto de futuro ciente dos desafios que se associam à saúde pública, como as mudanças climáticas e a transição demográfica”.
Reconhecimento
Autor do requerimento que deu origem à solenidade, o senador Marcelo Castro (MDB-PI) ressaltou o papel histórico da Fiocruz no desenvolvimento da ciência brasileira e na consolidação do SUS. Para ele, celebrar os 125 anos da Fundação é celebrar a ciência e reafirmar o compromisso com a vida. “Poucos anos depois de sua criação, Carlos Chagas deu ao mundo a descoberta da doença de Chagas, projetando a ciência brasileira internacionalmente. ‘Fazer ciência em defesa da vida’: nenhuma outra frase traduz melhor a missão da Fiocruz ao longo de sua existência ininterrupta”, discursou.
A ex-presidente da Fiocruz (2017–2022) e ex-ministra da Saúde (2023–2025) Nísia Trindade Lima destacou a resiliência da instituição em tempos de crise. Ela recordou o papel de pesquisadores e dirigentes na defesa da ciência durante a pandemia de Covid-19, quando a Fundação enfrentou perseguições por contestar medicamentos sem eficácia comprovada. “A história da Fiocruz se confunde com a história da saúde pública no Brasil. Ela respondeu a emergências e também consolidou bases conceituais e práticas do SUS, com tecnologias, ciência e educação em todas as suas áreas”, afirmou.
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, considerou a solenidade um dia histórico e reforçou o papel da Fiocruz como instituição pública brasileira e referência mundial na área da saúde. Para ele, não há dúvidas quanto à relevância da Fundação na construção de um Brasil diferente no século 21.
A sessão contou com a presença de parlamentares; diretores e vice-presidentes da Fiocruz; representantes da Secretaria de Saúde do Distrito Federal, da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), do Conselho Nacional de Saúde (CNS), do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems), da Anvisa, da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), da Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG), além de pesquisadores e embaixadores de países latino-americanos.
As autoridades ressaltaram o protagonismo da Fundação em momentos decisivos para o país, como no enfrentamento da pandemia de Covid-19, e lembraram sua contribuição histórica na produção de vacinas e medicamentos, na formação de profissionais de saúde e na defesa da vida. Celebraram ainda o compromisso da instituição com a população e o papel estratégico na construção de um SUS forte, inclusivo e soberano.
Fiocruz em números
Na ocasião, foi distribuído aos parlamentares o novo boletim da Fiocruz, que reúne os principais dados do trabalho da instituição: 79,9 milhões de doses de vacinas e 788,9 milhões de unidades farmacêuticas (medicamentos), consolidando a Fiocruz como a maior empresa farmacêutica independente do Brasil a serviço do SUS em 2024; 30 áreas de pesquisa, com mais de 1,8 mil projetos em ciência, tecnologia e inovação em saúde; cerca de 14 mil trabalhadores; 49 programas de mestrado e doutorado, além de 56 cursos de especialização; 301.145 atendimentos ambulatoriais, 63.983 visitas domiciliares e acompanhamento de 226.925 pacientes; coordenação da maior rede de laboratórios de referência para diagnóstico de doenças do país. Confira o Conexões Fiocruz, novo boletim parlamentar da instituição.
Homenagens
Em reconhecimento à contribuição para a ciência, a saúde pública e a sociedade brasileira, o presidente da Fiocruz, Mario Moreira, os ex-presidentes Nísia Trindade Lima, Paulo Gadelha, Paulo Buss, Eloi Garcia, Carlos Morel, Euclides Ayres de Castilho e Akira Homma (os cinco últimos representados pela diretora da Fiocruz Brasília, Fabiana Damásio), além das pesquisadoras Margareth Dalcomo e Celina Turchi, receberam menção honrosa durante a solenidade.
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