Miomas uterinos atinge até 80% das mulheres em todo o mundo

Fernando Pinto 29 de julho de 2025


Julho: mês de conscientização sobre os miomas

 

O mês de julho também é dedicado à conscientização sobre miomas uterinos, uma iniciativa que visa informar a população sobre essa condição comum, mas que é pouco discutida. Miomas uterinos são tumores benignos formados por tecido muscular que acometem principalmente mulheres em idade reprodutiva, ou seja, aquelas que ainda menstruam e podem engravidar.

 

A causa exata dos miomas ainda é desconhecida, mas sabe-se que seu crescimento está relacionado a fatores hormonais. Com a chegada da menopausa, esses tumores tendem a diminuir de tamanho. Podem ser únicos ou múltiplos, variando de poucos milímetros até grandes volumes que ocupam grande parte do útero.

 

De acordo com dados do Instituto de Medicina Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, estima-se que entre 20% e 80% das mulheres, de 35 a 54 anos, desenvolvam miomas, com prevalência significativamente maior entre mulheres negras: cerca de 80% das mulheres negras terão miomas até os 50 anos, comparadas a 70% das mulheres brancas.

 

Segundo a pesquisadora da Fiocruz Brasília e coordenadora do Projeto MARCO, Tainá Raiol, os miomas uterinos são tumores benignos bastante comuns entre mulheres em idade reprodutiva. Apesar de muitas vezes não causarem sintomas, podem provocar sangramentos, dores e até interferir na fertilidade. Diante disso, Tainá reforça a importância do acompanhamento médico: “Consultas regulares são fundamentais para detectar alterações precocemente e garantir um cuidado individualizado. Cuidar da saúde ginecológica é um direito e uma forma de autocuidado.” Ela ressalta ainda que, em casos de suspeita clínica, exames de imagem como o ultrassom devem ser realizados para assegurar o diagnóstico precoce e o melhor tratamento possível.

 

Além do impacto na qualidade de vida, os miomas são uma das principais causas de afastamento do trabalho entre as mulheres. Em 2024, segundo dados do Ministério da Previdência Social, 41.952 brasileiras foram afastadas por incapacidade temporária em decorrência do problema — a terceira maior causa de ausência no trabalho, atrás apenas de hérnia de disco e dor nas costas.

 

Sintomas mais comuns:

  • Sangramento menstrual intenso, irregular ou doloroso;
  • Cãibras severas, dor e pressão pélvica;
  • Dor durante a relação sexual;
  • Fadiga, fraqueza e inchaço abdominal;
  • Dor nas costas ou nas pernas;
  • Constipação, diarreia ou desconforto intestinal; e
  • Dificuldade urinária.

 

O tratamento dos miomas deve ser decidido de forma individualizada, em diálogo entre médica(o) e paciente. Algumas mulheres optam pela retirada do útero, especialmente quando não desejam mais engravidar ou enfrentam outros problemas ginecológicos associados. De acordo com informações da BVS do Ministério da Saúde, cerca de 20% a 25% das pacientes com miomas também convivem com condições como endometriose ou adenomiose.

 

No entanto, a maior parte das mulheres opta por preservar o útero, avaliando os prós e contras de cada abordagem terapêutica, que pode variar de tratamentos menos invasivos a procedimentos cirúrgicos.

 

A informação é o primeiro passo para o cuidado. Fique atenta aos sinais e procure orientação médica ao notar alterações no seu ciclo menstrual ou sintomas persistentes.

 

Com informações da BVS do Ministério da Saúde e da Coluna Medicina da Veja Saúde editora Abril

 

Foto do destaque: Ilustrações em bordado: May Tanferri / Fotos: Bruno Marçal/Veja Saúde