Marabá recebe o quinto ciclo de Articulação Territorial do Projeto Territórios de Cuidado

Fiocruz Brasília 21 de setembro de 2025


Por Íris Pacheco (PSAT/ Fiocruz Brasília)


 Na última terça-feira (16), foi realizada a Oficina de Articulação Territorial do Projeto “Territórios Saudáveis e Sustentáveis na Promoção do Cuidado: abordagem interseccional e intersetorial na Promoção da Saúde”. A atividade aconteceu na Fundação Social Agroambiental Cabanagem no Polo de Marabá, que envolve os estados do Pará, Maranhão e Tocantins.

 

O momento encerra o ciclo de Oficinas de Articulação Territorial em 2025 e contou com a participação de 60 representantes de movimentos populares, Conselhos de Direito e a gestão de 13 municípios dos estados do Pará, Maranhão e Tocantins, tais como a Federação dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares do estado do Pará, a  Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Marabá (PA) e a Rede de Médicas e Médicos Populares.

 

A pesquisadora colaboradora do Programa de Promoção da Saúde, Ambiente e Trabalho da Fiocruz Brasília (PSAT), Rosely Arantes, relata que ao longo destas cinco experiências de Oficinas de Articulação Territorial nas regiões Norte e Nordeste se destaca a participação dos povos do campo, das águas e das florestas e a forma como a saúde se realiza nessas regiões. “Essa experiência se tornou um convite e uma afirmação de que não podemos pensar políticas e serviços públicos sem ouvir as pessoas e conhecer as realidades, as especificidades, distâncias, os conflitos, o modo de viver e reproduzir a vida que permeiam esses territórios. E pensar a saúde dessa forma só é possível quando possuímos um sistema público de saúde e dentro de um país democrático”, afirma.

 

Marabá é um município brasileiro pertencente à mesorregião do Sudeste Paraense a cerca de 485 quilômetros da capital do estado, Belém. Mesmo sendo considerado o principal centro socioeconômico da região, devido a sua localização estratégica para a infraestrutura logística dos setores agropecuário, mineral, industrial e de comércio e serviços, com um ponto de encontro entre dois grandes rios, Tocantins e Itacaiunas. Outrora, o desenvolvimento do município que foi marcado por um grande período do extrativismo vegetal, atualmente, ainda depende fortemente da mineração, e enfrenta um cenário de baixa industrialização, agrícola e comercial, além da necessidade de investimentos em urbanização e infraestrutura.

 

Se do ponto de vista econômico esse modelo de desenvolvimento carece diversificar e agregar valor às suas atividades, no âmbito social urge avançar no enfrentamento de violência, entre elas étnico-racial, de gênero, bem como repensar as políticas econômicas que excluem práticas produtivas sustentáveis nos territórios, como indígenas, quilombolas, ribeirinhas, assentamentos e outros.

 

Esse aspecto dialoga diretamente com a proposta do Projeto Territórios de Cuidado, uma vez que, a ideia é permitir que as mulheres, os/as agricultoras/es familiares, bem como, a população negra, indígena, quilombola e extrativista, mediante esse cenário, possam compartilhar a dimensão da Promoção da Saúde e Participação Social.

 

O Projeto Territórios de Cuidado é uma iniciativa do Programa de Promoção à Saúde, Ambiente e Trabalho (PSAT/ Fiocruz Brasília) e Departamento de Prevenção e Promoção da Saúde (DEPPROS/SAPS/MS). A previsão é que em 2026 ele siga desenvolvendo as atividades de Articulação Territorial e de Formação-ação em pelo menos cinco Polos de distintas regiões do país.


Fotos: Nieves Rodrigues