Por Amanda Mendonça (VPAAPS/ Fiocruz)
No dia 16 de agosto, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), por meio da Vice-Presidência de Ambiente, Atenção e Promoção da Saúde (VPAAPS), em parceria com o Instituto Brasileiro de Ecopsicologia (IBE), dá início à pesquisa inédita no Brasil para avaliar como Banho de Floresta (Shinrin-yoku nome em japonês) pode beneficiar a saúde física e mental. Para isso, foram selecionados voluntários entre 18 e 75 anos, sem doenças cardíacas graves ou uso de medicamentos psicotrópicos para participarem da pesquisa no Parque Nacional de Brasília (PNB). Serão oito encontros que acontecerão nos sábados e domingos até 10 de outubro.
A iniciativa também conta com a parceria do Instituto Chico Mendes de Conservação e Biodiversidade (ICMBio), PNB, Programa de Promoção da Saúde, Ambiente e Trabalho (PSAT), da Fiocruz/Brasília, e da WWF Brasil. O projeto tem por objetivo sistematizar e gerar evidências sobre os benefícios do Banho de Floresta para a saúde humana, sobre como a interação consciente com ambientes florestais pode reduzir estresse, regular a pressão arterial e promover o bem-estar físico e emocional, fortalecendo a possibilidade de incluir a prática como recurso nas Práticas Integrativas e Complementares do Sistema Único de Saúde (SUS).
Os participantes voluntários participarão de dois grupos distintos. O Grupo Intervenção participará de oito encontros semanais consecutivos de banho de floresta no PNB, na trilha da Capivara. Nos encontros serão realizadas a coleta do cortisol salivar, a aferição da pressão arterial e a aplicação dos instrumentos sobre saúde mental. Já o Grupo Controle participará apenas das entrevistas e coletas de dados na primeira e oitava semanas, mas sem a prática do banho de floresta. Além dos guias de banho de floresta, os participantes serão acompanhados por psicólogo e enfermeiro.
Desde março, aos sábados, têm sido oferecidos banhos de floresta gratuitos no PNB. São vários os relatos que destacam a reconexão com a natureza, a redução do estresse e o fortalecimento do sistema imunológico, além de melhorias na saúde mental e na qualidade do sono.
A prática japonesa Shinrin-yoku é reconhecida internacionalmente e em alguns países como o Japão, Canadá e Estados Unidos, é comum médicos prescreverem visitas de imersão na natureza. Pensando nos benefícios do banho de floresta, desde 2021, a Fiocruz vem estudando a prática, por meio da cooperação técnica, com o IBE.
Objetivos do projeto
Avaliar a eficácia da prática de banho de floresta no ambiente e na população brasileira como estratégia de promoção da saúde por meio da análise de indicadores psicofisiológicos (cortisol salivar, pressão arterial, frequência cardíaca, níveis de estresse, ansiedade, depressão e conexão com a natureza) e da percepção subjetiva dos participantes, com base em dados coletados em campo. A partir das evidências produzidas pela pesquisa, poderá ser proposta a implementação do banho de floresta no SUS.
Benefícios da Participação
Os marcadores psicofisiológicos poderão oferecer aos participantes da pesquisa uma oportunidade de autoconhecimento sobre sua própria saúde, contribuindo de forma individual para a conscientização e possível adoção de práticas de saúde e cuidado mais integrados com o ambiente natural.
No âmbito coletivo, este estudo contribuirá com o acréscimo na literatura científica sobre os efeitos do Banho de Floresta no contexto brasileiro, possibilitando uma discussão relevante no campo da saúde pública acerca de práticas integrativas e seus impactos na saúde cardiovascular e mental.
A pesquisa poderá subsidiar reflexões sobre o cuidado integral e a promoção da saúde em diálogo com o meio ambiente, além de oferecer subsídios para o fortalecimento de políticas públicas voltadas à saúde e bem-estar da população, respeitando especificidades socioterritoriais e ambientais, com ênfase para que a prática seja incorporada às práticas integrativas e complementares (PICS) do SUS.
Cronograma da pesquisa:
– De agosto a outubro de 2025: implementação da pesquisa no Parque Nacional de Brasília.
– Outubro a novembro de 2025: elaboração do relatório da pesquisa.
– Novembro a dezembro de 2025: confecção e submissão dos artigos científicos resultantes.