“Faça seu Fórum”: Fiocruz Brasília lança cartilha com passo a passo de tecnologia para educação cidadã

Fernanda Marques 23 de junho de 2020


Fernanda Marques

 

A pandemia de Covid-19 tem demonstrado a importância de uma educação que prepare os jovens para buscarem informações confiáveis e pensarem com autonomia e de forma crítica. O atual contexto reforça a necessidade de tecnologias voltadas à educação cidadã, como o Fórum Ciência e Sociedade (FCS), desenvolvido e realizado pela Fiocruz e seus parceiros desde 2002. A Fiocruz Brasília, então, disponibiliza a cartilha “Faça seu Fórum Ciência e Sociedade”, para compartilhar esse método e seu passo a passo com todos os interessados. A ideia é multiplicar e expandir o projeto que, ao longo das duas últimas décadas, tem se mostrado capaz de transformar sujeitos,  abrir a escola e ampliar o horizonte dos jovens.

 

“O FCS é uma forma de trabalhar a ciência mais horizontalizada, que aproxima os cientistas e os especialistas dos professores e dos jovens, a partir de uma perspectiva dialógica sobre o papel e o impacto do conhecimento científico para a vida das pessoas e para a sociedade como um todo”, explica a diretora da Escola de Governo Fiocruz – Brasília, Luciana Sepúlveda. O FCS compreende a ciência como um conhecimento importante e útil para orientar as ações humanas, mas que convive com outros tipos de conhecimento. “Em um mundo polarizado, onde a ciência é vista, por uns, com desconfiança e, por outros, como verdade inquestionável, promover a cultura do diálogo e recuperar o debate com base em evidências e pluralidade de ideias é  fundamental”, acrescenta.

 

Voltado para as séries finais do ensino fundamental e para o ensino médio, o FCS é uma tecnologia educacional desenvolvida em parceria entre as comunidades escolar e científica, além de profissionais da popularização da ciência. O Fórum consiste na criação de um espaço coletivo de discussão e construção de conhecimentos, colocando frente a frente atores que normalmente não se encontram: pesquisadores, estudantes, gestores, professores e mediadores da cultura científica.

 

A cartilha apresenta a história, os objetivos e os conceitos norteadores do FCS, bem como detalha suas cinco fases principais: Preparação e Mobilização; Formação e Seleção dos Jovens; Sensibilização; Debate; e Aprofundamento. Escolha do tema gerador, construção do dossiê temático, oficinas, encontros, visitas de campo, grupos de trabalho, mostra cultural, multiplicação da experiência: essas e outras atividades compõem o Fórum, que cumpre, assim, suas funções cognitivas, culturais, sociais e pedagógicas. A tecnologia educacional e a cartilha fazem parte da pesquisa “Inovação em educação e comunicação para a prevenção da zika e doenças correlatas nos territórios”, que contou com recursos da Chamada CNPq/CAPES/MS-Decit nº 14/2016 e do Edital FAPDF nº 04/2017.

 

“A cartilha serve como um instrumento de transferência tecnológica: nela, sintetizamos os princípios e as atividades do Fórum, para que outras pessoas possam aproveitar o que deu certo para nós, adaptar e aplicar à realidade de seus territórios”, conta Luciana. A cartilha se destina a todos os interessados em propor e elaborar projetos de ciência no espaço escolar, como professores das redes pública e privada, educadores e divulgadores da ciência, bem como jovens que podem criar seus projetos e levá-los adiante com o apoio de professores. “Também é muito importante buscar parcerias fora da escola, na comunidade, junto às instituições de pesquisa e ensino superior, ampliando o espaço educacional para além dos muros da escola na abordagem de temas na fronteira do conhecimento e de grande apelo midiático”, destaca.

 

De acordo com Luciana, um dos principais benefícios proporcionados pelo Fórum é a valorização do conhecimento, da curiosidade e da capacidade de aprender dos jovens, que têm a oportunidade de conhecer as regras do campo científico, exercitar a reflexão e expressar suas questões sem medo de errar. “O projeto é muito efetivo em mobilizar jovens a trabalharem em grupo, assumirem responsabilidades, ampliarem seu interesse por temas de ponta da ciência, discutirem com base em argumentação e respeitarem a pluralidade de ideias. Os jovens precisam de experiências onde descubram novos horizontes e perspectivas para seu futuro, onde exercitem sua capacidade de agir com outros jovens e de agir sobre o mundo dos adultos”, defende, lembrando que o Fórum é também uma vivência enriquecedora para os professores. “É um espaço para que o docente experimente um papel de mediador do conhecimento e de incitador de dúvidas, reflexões e questionamentos”, sublinha.

 

Apesar de todas as conquistas alcançadas após quase 30 edições do FCS já realizadas, persistem alguns desafios – planejar e executar saídas a campo e atividades complementares é muito importante, porém mais difícil do que repetir conteúdos em sala de aula. Na opinião de Luciana, é preciso transformar a organização do ensino de ciências na educação básica. Neste momento em que se busca aumentar a abrangência do FCS, com a disponibilização da cartilha, há que se pensar também no uso mais intensivo das ferramentas de informação e comunicação. “É possível organizar material de excelência para educadores e jovens online; propor fóruns descentralizados, espalhados por todo o país; promover encontros e debates virtuais, com menor custo”, exemplifica.

 

Clique aqui para acessar a cartilha “Faça seu Fórum Ciência e Sociedade”