Relato de Isabela Nicole Rocha (junho/2025)
Isabela Nicole Rocha, de 25 anos, é candanga, farmacêutica e aluna da primeira turma do Programa de Residência Multiprofissional em Vigilância em Saúde (PRMVS), da Escola de Governo Fiocruz-Brasília. Isabela, que se considerava desastrada para serviços em bancadas de laboratório, com tubos e pipetas, viu-se auxiliando em vários processos e explorando (muito) os dados laboratoriais. A residente, que está animada para as próximas oportunidades profissionais, garante que encontrou o seu lugar no mundo: e é na saúde pública. Nesta edição do “Dê Letras à Sua Ação”, Isabela compartilha um pouco da sua jornada na Vigilância.
Oi, você aí do outro lado da tela! Quando eu estava na graduação, tive a oportunidade de participar de um minicurso que ocorreu na Fiocruz e me lembro de pensar: “nossa, queria muito trabalhar aqui”. Cerca de quatro anos depois, estou aqui como aluna. Quando preciso falar sobre o meu programa de residência, costumo dizer que a Fiocruz me levou a lugares que eu nunca imaginei estar, tanto física quanto psicológica e profissionalmente, logo para uma recém-formada na graduação! Tem sido uma experiência incrível.
No primeiro momento, tive o privilégio de passar seis meses na Diretoria de Vigilância Ambiental do Distrito Federal (Dival-DF), cujos serviços estão muito inseridos no nosso dia a dia, como o uso do “fumacê”, e no controle de doenças que podem ser transmitidas dos animais para os humanos, as zoonoses. Como farmacêutica, me parecia um trabalho em que eu não me encaixava, mas a vigilância ambiental foi uma grande escola para mim. Pude contribuir nas ações de controle e combate à dengue, propor melhorias nos processos, envolvendo os medicamentos e testes de leishmaniose, participar na campanha de vacinação antirrábica, realizar ações de campo para desratização, recolhimento de morcegos, vacinação em domicílio, entre outras atividades. E o mais importante: dividi essa jornada com mais quatro residentes que me ensinaram muito! Máximo respeito aos médicos-veterinários e sanitaristas. Guardo com muito carinho todos os momentos bons que vivi com os servidores da Dival.
Nos seis meses sequentes, tive a oportunidade de estar no Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen-DF), que, além de realizar o diagnóstico laboratorial de diversas doenças e agravos (chagas, coqueluche, coronavírus, dengue, dentre outros), realizam análises toxicológicas de medicamentos e fiscalização de cosméticos, saneantes, alimentos, produtos para a saúde, apoiando a vigilância sanitária. Cheguei muito insegura e saudosa, mas um trio de servidores da micologia (que cuidam dos fungos) me acolheu com muito carinho e paciência.
E eu, farmacêutica, mas muito desastrada para serviços em bancadas de laboratório, com tubos, pipetas, me vi auxiliando em vários processos e explorando (muito) os dados laboratoriais de dengue, zika vírus, febre do mayaro, níveis séricos [indicam a concentração de diversas substâncias no sangue] de medicamentos, dentre outros. Essa rede se ampliou e pude contar com outras pessoas, em outros laboratórios. Despedir-me do Lacen-DF foi mais difícil do que eu imaginava. Por fim, minha trajetória como residente no segundo ano do programa agora é na Gerência de Vigilância das Doenças Transmissíveis (GVDT-DF). Tem sido uma experiência muito enriquecedora e, ao mesmo tempo, agrega tudo o que já vivenciei. Estou ansiosa pelas novas oportunidades, mas não para o fim dessa residência. Apesar de toda a correria, é tão bom sentir que encontrei meu lugar no mundo, e ele é na saúde pública! Eu achava que fazer uma residência de oncologia seria o melhor para mim, mas, após duas reprovações, o que era certo acabou chegando no tempo certo. Dito isso, espero que você aí do outro lado confie nos processos. AbraSUS!
“Dê Letras à Sua Ação” busca divulgar artigos assinados por colaboradores e estudantes da Fiocruz Brasília sobre iniciativas relacionadas a seus trabalhos ou de seus colegas. Os relatos são de responsabilidade de seus autores.
Fotos: Isabela Nicole Rocha.