Covid-19: cartilhas abordam situação de idosos, psicólogos hospitalares e população privada de liberdade

Fernanda Marques 30 de abril de 2020


Fernanda Marques

 

Estão disponíveis mais três cartilhas da série “Saúde Mental e Atenção Psicossocial na Pandemia Covid-19”, produzida por pesquisadores colaboradores do Centro de Estudos e Pesquisas em Emergências e Desastres em Saúde (Cepedes/Fiocruz), sob coordenação de Débora Noal e Fabiana Damásio, diretora da Fiocruz Brasília. Um dos novos documentos traz recomendações aos trabalhadores e cuidadores de idosos. As outras cartilhas abordam a atuação dos psicólogos hospitalares e a situação da população privada de liberdade. Acesse abaixo os novos materiais da série:

 

Saúde Mental e Atenção Psicossocial na Pandemia Covid-19: recomendações aos trabalhadores e cuidadores de idosos

 

Saúde Mental e Atenção Psicossocial na Pandemia Covid-19: orientações às/aos psicólogas/os hospitalares

 

Saúde Mental e Atenção Psicossocial na Pandemia Covid-19: Covid-19 e população privada de liberdade

 

 

 

O novo coronavírus e os idosos

“Pessoas a partir dos 60 anos estão mais propensas ao agravamento da sua condição de saúde em função da Covid-19, principalmente quando apresentam comorbidades, tais como diabetes, hipertensão e cardiopatia”, lembram os autores na cartilha. Entretanto, no planejamento e na execução dos cuidados aos idosos durante a pandemia, é importante considerar não só os aspectos biológicos, mas também as questões emocionais, sociais e relacionais ligadas ao envelhecimento. “A Covid-19 tende a impactar a saúde e o bem-estar dos idosos, ainda que eles não sejam infectados pelo novo coronavírus. Nesse sentido, um primeiro desafio envolve as repercussões psicológicas da pandemia ou das medidas adotadas para contê-la, com destaque para o medo (por exemplo, de ser infectado, transmitir a doença, vir a falecer ou mesmo perder pessoas queridas), bem como a frustração e a solidão que podem ser provocadas em decorrência da mudança da rotina e do distanciamento social”, destacam os pesquisadores.

 

Para fazer frente aos desafios, a cartilha reúne algumas orientações ao idoso e aos membros de sua rede de apoio, como, por exemplo, manter conexões sociais mesmo no isolamento físico. “Isso inclui informações sobre recursos tais como mensagens de texto, áudio e vídeo (por exemplo, quando o idoso tiver acesso à internet, smartphones ou computadores e conseguir utilizá-los), ou mesmo telefonemas, cartas e desenhos feitos por netos ou outras crianças afetivamente próximas”. A cartilha também destaca a necessidade de proteção ao consumidor idoso, “o que envolve ampla divulgação de informações sobre como obter itens de primeira necessidade com segurança”.

 

 

Internações hospitalares e o papel do psicólogo

Em um contexto de crescentes internações hospitalares devido à Covid-19, “recomenda-se que a(o) psicóloga(o) hospitalar esteja envolvida(o) na proposição das estratégias de cuidado a pacientes, familiares e profissionais de saúde durante a pandemia”. Nesse sentido, a cartilha traz uma série de informações sobre o funcionamento dos serviços de psicologia em hospitais e a necessidade de reestruturá-los; a assistência a profissionais de saúde durante a pandemia, especialmente no que se refere à saúde mental desses trabalhadores; a assistência a pacientes hospitalizados durante a pandemia; e a importância da avaliação e do manejo do risco de suicídio. A cartilha também destaca a assistência aos familiares de pacientes, abordando aspectos do acolhimento, da comunicação e até da possibilidade de visita virtual. 

 

 

A população privada de liberdade

A terceira cartilha é voltada, especialmente, a gestores e profissionais de saúde dos sistemas prisional e socioeducativo. O documento reúne informações disponíveis sobre a pandemia da Covid-19 nas instituições de privação de liberdade do Brasil e discute seus impactos na saúde física e mental, tanto das pessoas encarceradas, quanto dos trabalhadores. O objetivo é que essas informações possam contribuir para a prevenção, o cuidado e a atenção psicossocial nesses espaços. “Estudos nacionais e internacionais apontam que os espaços de confinamento podem se tornar epicentros de doenças infecciosas por apresentarem fatores que aumentam o risco de infecção, como superlotação, pouca ventilação, insalubridade e acesso restrito a serviços de saúde”, afirmam os autores. 

 

O que fazer diante da suspeita de que um adulto, adolescente ou jovem em privação de liberdade foi infectado pelo novo coronavírus? Como organizar o isolamento para pessoas com sintomas sugestivos da Covid-19? Com a cartilha, os pesquisadores buscam responder a essas e outras questões. “A pandemia chega ao Brasil num momento em que o sistema de saúde prisional está frágil e sobrecarregado. É necessário criar estratégias para a contenção da transmissão da doença que envolvam os diversos atores institucionais, visando proteger a saúde das pessoas privadas de liberdade, dos servidores penitenciários, dos profissionais de saúde, de outras pessoas que ingressam nas prisões e da sociedade de modo geral”.