Fiocruz Brasília no V ENEPCP

Mariella de Oliveira-Costa 15 de setembro de 2023


Formação e Ação no campo de públicas: identidade, diversidade e tecnopolítica da democracia republicana. Este foi o tema do V Encontro Nacional de Ensino e Pesquisa do Campo de Públicas (ENEPCP), promovido pela Associação Nacional de Ensino, Pesquisa e Extensão do Campo de Públicas (ANEPECP), na Fundação João Pinheiro, em Belo Horizonte (MG), de 4 a 6 de setembro, com participações da Fiocruz Brasília.  

 

No dia 5, terça-feira, o coordenador de Integração Estratégica e do Colaboratório de Ciência, Tecnologia, Inovação e Sociedade, Wagner Martins, foi um dos palestrantes da mesa – redonda “Ação pública, extensão e interdisciplinaridade: sentidos para a inovação pública e a construção democrática”. Ele apresentou a estratégia da Fiocruz para a Agenda 2030, com ênfase para o Radar de Territórios Saudáveis e Sustentáveis da RIDE-DF, que ativa redes sociotécnicas para a atuação na governança de políticas públicas para a promoção de territórios saudáveis e sustentáveis, usando a inteligência cooperativa para vigilância popular, com indicadores de acompanhamento da situação de vida da população local.  

 

Ele explicou como é possível organizar os fatores determinantes da vida nas categorias de ameaça, resiliência e vulnerabilidade para análise do risco, construindo uma cartografia dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e seus fatores na Cidade Estrutural, região de alta vulnerabilidade social do DF. Ressaltou ainda a importância de dois tipos de pesquisadores nesta articulação da Fiocruz Brasília que envolve ensino, pesquisa e aplicação: o pesquisador acadêmico, vinculado a instituições de ensino, educação e pesquisa; e o pesquisador popular, que é o morador destas comunidades que atua diretamente em seus territórios. “Ambos os pesquisadores são tratados de forma igualitária, com objetivos em comum, para promoção de diálogo, de debate de saberes, de melhorias na construção metodológica, na busca de identificar como o SUS responde as necessidades destas populações,” ressaltou.  

 

A apresentação de Martins trouxe também a Plataforma de Inteligência Cooperativa; a Rede de Radares de Territórios; e o Curso de Formação de Pesquisadores Populares para o Desenvolvimento Saudável e Sustentável – Sol Nascente e Pôr do Sol, realizado com abordagem interdisciplinar e transversal, integrando eixos que consideram as questões éticas e culturais em suas dimensões: sociais, políticas, econômicas e ambientais, em diálogo com a ciência, tecnologia, inovação e sociedade.  

 

No dia seguinte, a mesa sobre ação pública e meio ambiente teve a participação do analista de gestão do Colaboratório, Edward Torres Maia. Segundo ele, a participação nesse tipo de evento contribui com a percepção acadêmica sobre as políticas públicas aliando a prática desenvolvida pela Fiocruz Brasília nos territórios, com ciência cidadã e estímulo à participação social. “Nesse contexto, as pessoas se sentem incluídas e presentes de uma ação cooperativa, essa percepção da prática é essencial para os fóruns acadêmicos. Levar a experiência da Fiocruz junto à sociedade, como órgão federal contribui pois ali havia diversos professores e estudantes que discutem o campo de públicas, e nossos resultados de pesquisa que aliam prática e teoria é caminho para contribuir geração de mudança e proporcionar uma sociedade mais justa, democrática e igualitária em termos de conhecimento”, ressaltou. Um dos alunos da formação de pesquisadores populares, o bacharel em direito Francisco Arielton da Silva Costa,  teve sua primeira experiência de apresentação em evento acadêmico neste Encontro, e  compartilhou  sua experiência e atuação na comunidade, a partir da formação recebida na Fiocruz. Ele é presidente do Coletivo Ela Fav Mob, que foi apresentado no evento como referência da importância de coletivos culturais para construção de laços comunitários e processos democráticos. Segundo ele, o  curso da Fiocruz Brasília beneficia a região pois permite conexão de agentes e organizações da comunidade das mais diversas áreas.  “A atividade do coletivo é centrada na comunidade, e o curso de formação de pesquisadores populares, somado à nossa paixão pela comunidade dá forma e ferramentas para mudanças efetivas realizadas por agentes da própria comunidade”, ressaltou.

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