“Não devemos ter um olhar capacitista”

Mariella de Oliveira-Costa 7 de março de 2023


“Não devemos ter um olhar capacitista, que julga as pessoas com deficiência como incapazes de realizar determinadas atividades.” Esta fala, do farmacêutico Fabio Teodoro Barcelos,  deu o tom do Acolhimento Docente, realizado na manhã desta terça-feira, 7 de março, no espaço Café Ciência e Cultura. Fábio se locomove por meio de cadeira de rodas e trabalha na Fiocruz Brasília, no Comitê de Acessibilidade e Inclusão da Pessoa com Deficiência. O tema foi apresentado também pela ativista contra o capacitismo, Anna Carolina Ferreira Rocha, que comentou diferentes experiências positivas no seu cotidiano de trabalho na área de tecnologia da informação, no Ministério Público do Distrito Federal e Territórios. Ela ressaltou a necessidade de se naturalizar a deficiência e, em caso de dúvidas, que cada pessoa não hesite em perguntar sobre as possíveis limitações e capacidades, ao invés de julgar que o outro é incapaz. Segundo ela, as adaptações necessárias, na rotina e nos ambientes, por exemplo, devem ser feitas com naturalidade.

 

O Acolhimento Docente teve como público os professores e demais trabalhadores da Escola de Governo Fiocruz – Brasília, e buscou sensibilizar para a promoção das ações afirmativas e das políticas institucionais para combater qualquer tipo de discriminação. A pesquisadora Maria do Socorro Souza destacou que trazer para o dia a dia institucional as políticas afirmativas é um imperativo ético para se fazer mudanças. “As cotas derrubam barreiras e ampliam o acesso, mudando as relações. Esta não é uma pauta só da esquerda, mas faz parte do processo civilizatório de qualquer nação que busque mais cidadania para o seu povo”, ressaltou.

 

Também trouxeram reflexões a professora da Universidade de Brasília Silvia Badim Marques, que coordena o Núcleo de Estudos de Diversidade Sexual e de Gênero, ligado ao Centro de Estudos Avançados Multidisciplinares, e a assistente social no Ambulatório de Assistência Especializada às Pessoas Travestis e Transexuais da Secretaria de Saúde do Distrito Federal, Lusa Fontoura, que foi aluna da especialização em Saúde Coletiva, da Escola de Governo Fiocruz Brasília, e pesquisou a saúde das pessoas bissexuais e pansexuais. Esta última, ressaltou a necessidade de se entender as diversidades e trajetórias de cada pessoa, enquanto Silvia apresentou a necessidade de se acolher cotidianamente a pauta antissexista nos espaços educacionais.

 

A diretora da Escola de Governo Fiocruz-Brasília (EGF-Brasília), Luciana Sepúlveda, ressaltou que é importante ocuparmos todos os espaços  sem naturalizar as invisibilidades. “A Escola é para todos e buscamos acolher, na medida do possível,  a singularidade de cada pessoa, com a dignidade devida,” disse.  O Acolhimento Docente foi organizado pela Assessoria Pedagógica da EGF-Brasília, e faz parte das atividades que marcam o início do ano letivo na instituição. Amanhã, 8 de março, será realizado o Acolhimento Discente, com programação específica para os alunos e, na próxima semana, será realizada a Aula Inaugural.

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