Gestores e profissionais de saúde debatem sobre avaliação de tecnologias

Fiocruz Brasília 25 de outubro de 2016


Novas tecnologias são lançadas no mercado todos os dias e na área da saúde não é diferente. Os conhecimentos e habilidades são organizados na forma de dispositivos, medicamentos, vacinas, materiais médicos, procedimentos e sistemas desenvolvidos para promover a saúde, prevenir e tratar as doenças e reabilitar as pessoas. Essas são as chamadas tecnologias em saúde, tema de seminário realizado na Fiocruz Brasília na última quarta-feira (27), que reuniu profissionais e gestores da área.

A qualidade e economicidade na incorporação e implementação de tecnologias nos serviços de saúde foram debatidos pelos participantes. O evento teve como objetivo construir redes colaborativas no Distrito Federal para a avaliação dos efeitos e impactos da tecnologia em saúde.

A coordenadora do Programa de Evidências em Políticas e Tecnologias de Saúde (Pepts) da Fiocruz Brasília, Flávia Elias, falou sobre os desafios de se avaliar criticamente as evidências disponíveis, levando em consideração os diversos conflitos que circundam os processos de avaliação para incorporação de tecnologias de saúde. Um desses conflitos é que a evidência não é neutra e há barreiras como recursos insuficientes e lacunas de conhecimento para desenvolver tecnologias. De acordo com a pesquisadora, os critérios para avaliação de utilização das evidências são: segurança, se os benefícios superam o risco de produzir algum dano e se é eficaz e efetiva.

Recentemente o Pepts da Fiocruz Brasília foi inserido na Rede Brasileira de Avaliação de Tecnologias em Saúde (Rebrats). A Rede produz e dissemina estudos e pesquisas prioritárias no campo de avaliação de tecnologias em saúde (ATS), padroniza metodologias, valida e atesta a qualidade dos estudos, institui formação profissional e educação continuada e estabelece mecanismos para monitoramento do horizonte tecnológico. Cerca de 1100 pesquisadores e 104 instituições de todo o Brasil integram os grupos de trabalho da Rede. Os dados foram divulgados pelo coordenador Geral de Avaliação de Tecnologias em Saúde do Departamento de Ciência e Tecnologia (DECIT/MS), Tazio Vanni. Ele falou sobre o papel de mobilização de capacidades institucionais da Rebrats para consolidação de redes regionais. “Precisamos nos planejar para o futuro e isso se faz em rede. Cada um contribui um pouco para que funcione. São vários desafios, mas devemos usar tecnologias sociais e fortalecer as parcerias nacionais”, afirmou Vanni.

Para o coordenador de pesquisa e comunicação científica da Escola Superior de Ciências da Saúde do Distrito Federal, Karlo Jozefo, o seminário é importante para incorporar a rede distrital de avaliação em tecnologias de saúde à prática de gestão e de serviço de forma estruturada e orientada.

O problema da sustentabilidade do Sistema Único de Saúde foi destaque diante de perspectivas de forte restrição orçamentária, de pressões por novos medicamentos e equipamentos e a intensa judicialização por inclusão de tecnologias no SUS. 

A especialista em informação da UNIFESP e do Centro Cochrane do Brasil Maria Eduarda Puga e o coordenador da Comissão Permanente de Protocolos de Atenção à Saúde do Governo do Distrito Federal, Marcondes Siqueira, também participaram do debate.

O evento foi coordenado pelo Pepts da Fiocruz Brasília e foi o primeiro de uma série de ações que foram pactuados entre os participantes para mobilização de uma rede territorializada de avaliação e gestão de tecnologias no Distrito Federal.